Primeira cúpula global sobre
vacinação chamou atenção para a crescente descrença da população, muitas vezes
baseada em notícias falsas.
Foto: Reprodução
A queda mundial nas taxas de
vacinação e a crescente desconfiança da população sobre a efetividade da
imunização, muitas vezes baseada em notícias falsas, exigem um maior esforço
das redes sociais para combater a desinformação na internet.
Essa foi a conclusão de
especialistas que participaram nesta quinta-feira da primeira cúpula global
sobre a vacinação, um evento organizado pela Comissão Europeia e pela
Organização Mundial de Saúde (OMS). No encontro, eles debateram formas de
restabelecer a confiança das pessoas nas vacinas e melhorar o acesso a elas em
regiões de difícil acesso.
Uma pesquisa realizada pela
Eurocâmara em abril indicou que quase a metade da população da União Europeia
(UE) acredita que as vacinas podem produzir efeitos secundários graves. Outros
38% pensam que elas podem provocar as doenças contra as quais protegem. E 31%
se disseram convencidos de que a imunização debilita o sistema imunológico.
Índices de imunização em queda
O comissário de Saúde da UE,
Vytenis Adriukaitis, destacou que, apesar de as vacinas salvarem milhões de
vidas todos os anos, os índices de imunização estão caindo em toda a Europa. A
situação, segundo ele, piorou desde 2018.
"Na primeira metade de
2019, cerca de 90 mil casos de sarampo foram detectados na Europa, mais que em
todo ano de 2018. E quatro países-membros da UE perderam status de livres da
doença", afirmou o comissário.
Já o diretor-geral da OMS,
Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a reaparição do sarampo é um alerta que
ajudará a mobilizar todos os atores em nível internacional.
Surto de sarampo
O Brasil é um dos países
afetados pelo surto da doença. Até o início de agosto, o Ministério da Saúde
registrou 1.388 casos confirmados de sarampo, 95% deles em São Paulo, no Rio de
Janeiro, na Bahia e no Paraná.
Ghebreyesus explicou que o
Facebook começou a colaborar na luta contra as notícias falsas sobre as
vacinas. No entanto, para o diretor-geral da OMS, as redes sociais têm uma
grande responsabilidade e a obrigação de fazer mais.
Jason Hirsch, representante
do Facebook no evento, disse que a empresa vem atuando nesse sentido. De um
lado, reduzindo a exposição de notícias falsas e, de outro, levando os usuários
a acessar "conteúdos críveis".
Já Maud Sacquet, do
navegador Mozilla, destacou a responsabilidade das plataformas de internet para
que as pessoas não sejam manipuladas. Ele revelou que a empresa assinou um
código de boas práticas da Comissão Europeia para combater a desinformação e
criticou a obsessão de algumas plataformas em obter o máximo de visualizações.
"Isso faz com que eles
deem prioridade a conteúdos sensacionalistas em vez de informações
precisas", explicou.
'Minha mãe acredita que vacinas causam autismo'
Já o ativista Ethan
Lindeberger, de 18 anos, contou no evento sua experiência pessoal e porque decidiu
lutar para ampliar o acesso à imunização.
A mãe dele se nega a
imunizá-lo por acreditar em notícias falsas, como, por exemplo, que as vacinas
causam autismo.
"Minha mãe não está
nada orgulhosa do que eu estou fazendo porque ela segue acreditando que as
vacinas são perigosas, nocivas, que têm efeitos secundários e matam
pessoas", disse Lindeberger.
A cúpula elaborou uma lista
de dez ações em defesa das vacinas. A relação inclui medidas como ajudar que
todos os países tenham estratégias nacionais de imunização da população contra
as doenças e formas de abordar as raízes das dúvidas sobre a vacinação entre os
críticos.
A Comissão Europeia e a OMS
já possuem embaixadores, entre eles alguns influenciadores, que ajudam no
esforço de divulgar informações corretas sobre as vacinas nas redes sociais.
Conteúdo: ‘portal R7’
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