O casal e outras 3 pessoas,
inclusive o subsecretário de Direitos Humanos do RJ, são suspeitos de
participação em esquema de superfaturamento em contratos entre a Prefeitura de
Campos e a Odebrecht.
Foto: reprodução
Conteúdo: ‘G1’
Uma operação do Grupo de
Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado do Ministério Público
(Gaeco/MPRJ) prendeu na manhã desta terça-feira (3) os ex-governadores Anthony
Garotinho (sem partido) e Rosinha Matheus (Patriota).
Na ação, também foi preso o
subsecretário estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Sérgio dos
Santos Barcelos.
O casal, o subsecretário e
outras duas pessoas são suspeitos de participação em um esquema de
superfaturamento em contratos celebrados entre a Prefeitura de Campos e a
construtora Odebrecht.
O prejuízo aos cofres
públicos pode chegar a R$ 60 milhões, segundo delações prestadas à força-tarefa
da Lava Jato.
Garotinho e Rosinha foram
presos em casa, no Flamengo, Zona Sul do Rio, e levados para a Cidade da
Polícia, na Zona Norte, aonde chegaram por volta das 7h30. A previsão é que o
casal passe por exame de corpo de delito no IML e pela triagem do sistema
carcerário, em Benfica.
É a quarta vez que o
ex-governador é preso - e a segunda da mulher dele. Com as prisões desta terça,
quatro ex-governadores do RJ estão encarcerados: Garotinho, Rosinha, Sérgio
Cabral e Luiz Fernando Pezão.
1. Presos da Operação Secretum Domus
2. Ângelo Alvarenga Cardoso Gomes
3. Anthony Matheus Garotinho;
4. Gabriela Trindade Quintanilha;
5. Rosinha Matheus Garotinho;
6. Sérgio dos Santos Barcelos.
Os mandados de prisão foram
expedidos pela 2ª Vara Criminal da Comarca de Campos dos Goytacazes, no Norte
Fluminense.
O que dizem os citados
A defesa de Rosinha e de
Garotinho alega que a prisão é "absolutamente ilegal, infundada e se
refere a supostos fatos pretéritos" (Veja a nota na íntegra no final da
reportagem).
Já a Odebrecht, em nota,
informou que "tem colaborado de forma permanente e eficaz com as
autoridades, em busca do pleno esclarecimento de fatos do passado" e que,
atualmente, a empresa está "inteiramente transformada". A nota diz
ainda que a Odebrecht "segue comprometida com uma atuação ética, íntegra e
transparente”.
O advogado Rafael Faria, que
representa Angelo Gomes, afirma que seu cliente sempre pautou sua atividade
pública em consonância com os ditames legais e que desconhece os fatos
apontados no decreto prisional. "Sua inocência ficará evidenciada",
disse.
O que diz a denúncia
O MP fluminense afirma que a
Prefeitura de Campos e a Odebrecht superfaturaram contratos para a construção
de cerca de 10 mil casas populares. Os programas Morar Feliz I e II foram
tocados durante os dois mandatos de Rosinha como prefeita, entre os anos de
2009 e 2016, e não foram concluídos.
"Ambos os editais de
licitação continham cláusulas extremamente restritivas, o que evidenciava que o
instrumento convocatório havia sido preparado para que a Odebrecht fosse a
vencedora dos certames", detalha nota do MP.
Em acordo de colaboração
dentro da Operação Lava Jato, os denunciados Leandro Andrade Azevedo e
Benedicto Barbosa da Silva Junior deram detalhes do esquema.
Com base nas delações, o MP
diz ter constatado superfaturamento de R$ 29.197.561,07 no Morar Feliz I e de
R$ 33.368.648,18 no Morar Feliz II. Somadas, as licitações ultrapassaram o
valor de R$ 1 bilhão.
CPI investigou contratos
Uma Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) da Câmara de Vereadores de Campos investigou os contratos da
prefeitura com a Odebrecht.
O relatório final,
apresentado em março de 2018, apresentou indícios das seguintes
irregularidades:
·
associação criminosa;
·
fraude ao caráter
competitivo de licitação;
·
fraude de concorrência;
·
corrupção passiva;
·
caixa dois eleitoral;
·
improbidade
administrativa.
Segundo a CPI, foram ouvidos
cinco ex-secretários do município durante as investigações.
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