Rapaz teve frase 'sou ladrão
e vacilão' tatuada na testa em 2017. Ele está preso desde fevereiro por furto
de celular e agasalho em UPA; condenado disse ter cometido crime sob efeito de
drogas.
Conteúdo: ‘G1’
A juíza Sandra Regina Nostre
Marques, da 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo, condenou o jovem Ruan
Rocha da Silva, de 19 anos, a 4 anos e 8 meses de prisão em regime semiaberto.
Ele ficou conhecido após ter a frase “eu sou ladrão e vacilão” tatuada na testa
por dois homens em julho de 2017.
A decisão da juíza foi
tomada em audiência de instrução realizada no fórum da cidade do ABC Paulista
nesta terça-feira (10).
O jovem foi preso em
flagrante por furto de um celular e um agasalho de funcionárias de uma unidade
de saúde em Ferrazópolis, em São Bernardo do Campo, em 14 de fevereiro deste
ano. Por este crime, ele já cumpriu sete meses de reclusão. "Com 1/6
cumprido, dos 4 anos e 8 meses, ele pode progredir para o regime aberto e
retomar a liberdade", disse Ariel de Castro Alves, advogado e conselheiro
do Condepe.
Na decisão, a juíza afirma
que o réu é perigoso para conviver em sociedade. E, por isso, ele não poderá
recorrer em liberdade.
"Considerando que o réu
demonstrou ser pessoa perigosa ao convívio social, haja vista o emprego de
violência exercida contra uma das vítimas, considerando, ainda, que o acusado
já se viu envolvido com a Justiça, ainda quando menor, às voltas com a prática de
atos infracionais, a situação evidenciada no caso concreto justifica a
manutenção de sua prisão preventiva", disse a juíza na sentença.
Sandra Regina afirmou,
ainda, que a "prática de atos infracionais anteriores serve para
justificar a decretação ou manutenção da prisão preventiva como garantia da
ordem pública, considerando que indicam que a personalidade do agente é voltada
à criminalidade, havendo fundado receio de reiteração, pois, como recentemente
decidido."
A audiência de instrução foi
realizada sem a presença de qualquer parente do réu. Apenas uma representante
da Clínica Grand House, local onde ele passou parte do tempo internado para
tratamento contra o vício de drogas, esteve no fórum de São Bernardo do Campo,
mas foi impedida de participar da audiência.
A tentativa era de que Ruan
pudesse voltar a fazer tratamento na instituição.
Segundo Castro Alves,
"agora ele deve sair do Centro de Detenção Provisória de São Bernardo do
Campo para ir a um Centro de Progressão Penitenciária (semiaberto)".
Lá, ele terá direito de
trabalhar para ter redução de pena e com saída temporária em feriados.
"A juíza de ofício
poderia ter instaurado um incidente toxicológico já que o vício dele é público
e notório, ou a pedido do Ministério Público ou da Defensoria Pública. Agora,
ele continuará no sistema prisional, sem tratamento nenhum. É lamentável esse
ciclo que ele vive, de dependência de drogas, envolvimento com pequenos crimes
e a falta respaldo familiar. No sistema prisional ele usará mais drogas e
ficará endividado", disse Castro Alves.
O próprio réu falou à juíza
que cometera os crimes sob efeito de drogas. No texto da sentença, Sandra
Regina cita o depoimento de Ruan.
"Interrogado em Juízo,
o réu disse que estava perto do Wall Mart e estava chovendo. Então, resolveu
entrar no UPA. Estava sob efeito de drogas e praticou a subtração dos bens.
Negou ter agredido ou ameaçado qualquer pessoa. Disse que queria se esconder da
chuva. Alegou que estava sob o efeito de drogas e, por isso, praticou o
delito."
Histórico de vício
Em março de 2018, o jovem
foi preso em flagrante por furtar desodorantes de um supermercado em Mairiporã,
na Grande São Paulo. Na ocasião, a fiança de R$ 1 mil foi paga, e ele respondia
ao crime em liberdade.
O rapaz sofre com problemas
de dependência química e chegou a ser internado por 16 meses.
Histórico do caso
Em julho de 2017, o menino,
então com 17 anos, teve a testa tatuada com a frase “eu sou ladrão e vacilão”.
Os responsáveis pelo crime,
o tatuador Maycon Wesley Carvalho dos Reis, 27 anos, e Ronildo Moreira de
Araújo, 29 anos, foram condenados pela Justiça.
Maycon Reis cumpre pena em
regime aberto, e Ronildo Araújo, no semi-aberto.
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