Seguranças usaram fios
elétricos para torturar o jovem de 17 anos; os acusados são Waldir Bispo dos
Santos e Davi de Oliveira Fernandes. MP é favorável ao pedido.
Imagem: reprodução
Conteúdo: ‘G1’
O delegado Pedro Luis de
Souza encaminhou ao Tribunal de Justiça um pedido de prisão temporária de 30
dias para os dois seguranças do supermercado Ricoy, na Vila Joaniza, Zona Sul
de São Paulo. O juiz encaminhou ao Ministério Público de São Paulo, que
manifestou concordar com o pedido.
A Polícia Civil identificou,
na tarde desta terça-feira (3), os dois seguranças que foram filmados
torturando um adolescente de 17 anos que supostamente teria furtado um
chocolate de um supermercado Ricoy, na Vila Joaniza, Zona Sul de São Paulo.
Os seguranças são Waldir
Bispo dos Santos e Davi de Oliveira Fernandes, que são funcionários da KRP
Valente Zeladoria Patrimonial, localizada em São Bernardo do Campo. A pena para
um crime de tortura pode variar de 2 a 8 anos de prisão.
O jovem se apresentou para prestar
depoimento na delegacia acompanhado do irmão também nesta terça-feira (3). O
irmão do rapaz torturado afirmou que não tinha contato com o jovem havia cinco
anos, mas que resolveu ajudá-lo depois da divulgação do vídeo.
"Eu vou levar ele pra
morar comigo", afirmou o irmão. "Ele não vai voltar mais para aquele
lugar, porque eu tenho certeza que se ele voltar para lá, vai sumir."
De acordo com o delegado
responsável pelo caso, também existe a possibilidade de os seguranças terem
usado o jovem como exemplo para outros moradores da região que costumam
praticar pequenos furtos.
"Eu acredito que o
intuito desses dois criminosos seria impingir um medo naquela comunidade que
fica ali nas proximidades", disse o delegado Pedro Luis de Souza.
"Não se justifica a barbaridade que foi cometida", completou.
A empresa KRP Zeladoria
Valente Patrimonial não retornou os contatos feitos para se pronunciar sobre o
caso. A Ricoy afirmou, por meio de nota, que "está chocado com a tortura
sem sentido", afirmou ainda que os seguranças "não prestam mais
serviços para o supermercado" e que já disponibilizou um assistente social
para conversar com o jovem e com a família e que vai dar o suporte necessário.
O caso
O adolescente disse que
tentou furtar uma barra de chocolate quando foi abordado. Segundo o jovem, os
dois seguranças o levaram para um quarto nos fundos da loja, onde ele foi
despido, amordaçado e amarrado. Ele contou à polícia que foi chicoteado por
cerca de quarenta minutos com fios elétricos trançados e ameaçado de morte.
"Eu fui pegar um
chocolate. Aí, eles me pegou [sic] me levou no quartinho me deu uma pá de
chicotada. Aí ele falou que se eu falasse pra alguém ele ia me matar ainda, me
ameaçou de morte. Muita maldade isso daí", disse o jovem.
Os advogados do supermercado
estiveram na delegacia e se colocaram à disposição da justiça. O gerente
informou que os dois seguranças foram afastados.
Ariel de Castro Alves,
conselheiro do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe), disse que está
acompanhando a investigação e que cobra a punição dos responsáveis pelos “atos
bárbaros e cruéis de tortura”.
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