Segundo o órgão, há registro
de manchas em apenas uma região do litoral nordestino.
Foto: STRINGER / REUTERS
Conteúdo: ‘O GLOBO’
O volume de resíduos de
petróleo recolhido nas praias do Nordeste em mais de um mês já chega a 525
toneladas , informou ontem a Marinha. O material vem sendo retirado desde o dia
2 de setembro, quando surgiram as primeiras manchas de óleo na Paraíba . Sob
críticas de governos estaduais e municipais sobre a falta de apoio federal ao
combate das consequências do desastre que ameaça o meio ambiente e o turismo na
costa nordestina, a União promete ressarcir as autoridades locais por ações de
monitoramento e limpeza.
Sábado, o comandante de
Operações Navais da Marinha, almirante de esquadra Leonardo Puntel, afirmou que
o governo federal vai repassar recursos não só aos estados, mas também a órgãos
federais e municipais que tenham atuado no caso.
— O governo federal vai
repassar os recursos necessários para cobrir os gastos de todos os órgãos que
estão trabalhando nessa situação. Sejam órgãos federais, estaduais e
municipais. Esses recursos serão efetivamente repassados. O governo federal vai
cumprir isso — disse o almirante, durante entrevista ontem na Capitania dos
Portos de Recife.
A declaração do oficial
acabou servindo de resposta ao secretário do Meio Ambiente de Pernambuco, José
Bertotti, que estava na entrevista e fez cobranças ao governo federal. O
secretário afirmou que o estado está providenciando os equipamentos de proteção
individual (EPIs) para pessoas envolvidas na limpeza das praias, muitas delas
voluntárias, mas lembrou que o pagamento é uma responsabilidade que deve ser
assumida pelo governo federal:
— Todos os equipamentos
estão sendo providenciados, comprados a partir dos esforços do governo de
Pernambuco.
Ao lado do militar, o
secretário lembrou que o Plano Nacional de Contingência prevê que, quando
acontece um desastre ambiental desse tipo, quem tem que pagar pelo desastre,
pela contenção e pela limpeza é o responsável pelo dano. Como o culpado não foi
identificado até agora, o plano nacional determina que o governo federal deve
arcar com todos os pagamentos.
Até agora não recebemos
esses materiais, exceto as boias — queixou-se.
Debate sobre barreiras
Em outro momento da entrevista, José Bertotti e o diretor
de proteção ambiental do Ibama, Olivaldi Alves Borges, discordaram sobre a
efetividade de barreiras de contenção no combate ao vazamento. O secretário de
Pernambuco afirmou que os equipamentos pedidos pelo governo estadual não estão
chegando a tempo para as operações. Para ele, as barreiras de contenção são
eficientes para a defesa de estuários, como pontos de chegada de rios ao mar.
Já para o diretor do Ibama, as barreiras não são
efetivas. Segundo ele, o óleo é diferente do produzido no Brasil e, por isso,
as ferramentas disponíveis no país não funcionam:
— Em dado momento, colocamos barreiras onde tecnicamente
são apropriadas, mas, na maioria das vezes, na maioria dos locais, não têm
efeito técnico positivo nenhum.
O comandante Puntel afirmou que a natureza desse
derramamento de óleo é inédita. Por ter maior densidade, o óleo se movimenta
muitas vezes por baixo da água, dificultando a detecção. O almirante reafirmou
que os resíduos não têm origem brasileira, e que as investigações continuam. O
governo, já afirmou, com base em pesquisas da Petrobras, que o material é
venezuelano.
Colaboração internacional
O almirante disse ontem que foi identificada a presença
de óleo em outros dois pontos do Nordeste: na praia do Atalaia, uma das
principais de Aracaju (SE), e na região do porto de Suape (PE). No sábado, o
Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA) havia apontado três novas praias
atingidas: Jauá, em Camaçari (BA); Peroba, em Maragogi (AL); e Carneiros, em
Tamandaré (PE). Ainda em Pernambuco, as manchas já chegaram em Porto de
Galinhas, Pontal do Maracaípe, Praia do Guaiamum, Sirinhaém e na foz do Rio
Una.
Segundo o GAA, as regiões foram limpas ao longo do dia.
Voluntários limparam praias em Salvador. A Petrobras colabora com dois navios
especializados no recolhimento de óleo no mar entre Pernambuco e Alagoas.
O GAA é formado pela Marinha, Agência Nacional do
Petróleo (ANP) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama). Compete ao grupo avaliar os incidentes, acompanhar
as ações adotadas e manter o Ministério do Meio Ambiente informado sobre a
situação.
Segundo o secretário do Meio Ambiente de Pernambuco, os
resíduos que foram retirados das praias do estado já têm destino certo: as
cimenteiras. De acordo com ele, o estado está levando o material para centros
de tratamentos de resíduos que podem ser, futuramente, vendidos para a
indústria do cimento.
— A gente já sabe que as cimenteiras têm interesse em
comprar e transformar esse resíduo em energia — disse.
Órgãos nacionais e internacionais estão trabalhando para
descobrir a origem do óleo. Segundo a Marinha, a colaboração envolve universidades,
centros de pesquisa e Polícia Federal. Instituições estrangeiras como a
Organização Marítima Internacional, a Administração Nacional Oceânica e
Atmosférica do Departamento de Comércio e a Guarda Costeira dos Estados Unidos
também colaboram com a investigação.
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