Governo estuda aumentar o
prazo de estágio probatório para 6 ou 10 anos. Presidente defende reforma
administrativa como próximo passo do governo.
Conteúdo: ‘O GLOBO’
Após chegar a Abu Dhabi , nos Emirados Árabes, como parte
de sua visita a países do Oriente Médio, o presidente Jair Bolsonaro indicou
que o próximo passo do governo será a reforma administrativa. Ele defendeu o
fim da estabilidade para os novos servidores públicos , mantendo inalterados os
direitos já adquiridos por aqueles que estão na ativa.
Conversamos com o Rodrigo Maia (presidente da Câmara),
com o Davi Alcolumbre (presidente do Senado). Acredito que a reforma
administrativa seja a melhor para o momento. Tem proposta já adiantada na
Câmara. Não vamos buscar quebrar a estabilidade do servidor. Depois da
promulgação dessa PEC (proposta de emenda constitucional), caso ela seja
promulgada um dia, queremos mudar essa forma de relação de prefeituras e
estados, que exageram no número de servidores — disse o presidente. — O fim da
estabilidade seria para os novos servidores. Não queremos criar um trauma para
os atuais servidores. Grande parte exerce um trabalho muito bom.
Uma das hipóteses que chegaram a ser discutidas entre os
técnicos que acompanham o assunto no governo é ampliar o tempo mínimo para que
novos servidores alcancem a estabilidade para seis ou dez anos, como antecipou
“O Estado de S. Paulo”. Segundo fontes a par das negociações, porém, ainda não
há um consenso em torno da proposta.
‘Quimioterapia necessária’
Atualmente, quem passa em um concurso público pode ser
demitido nos três primeiros anos, o chamado estágio probatório. A avaliação do
governo, porém, é que este período de avaliação não cumpre sua função de
filtrar funcionários e precisa ser reestruturado. Nos últimos quatro anos, o
percentual de servidores exonerados entre os que foram admitidos é inferior a
0,3%.
O governo prepara uma reestruturação do plano de
carreiras do funcionalismo. Levantamento do Ministério da Economia identificou
que a administração pública conta com 117 carreiras, 42 planos e mais de 2 mil
cargos. A ideia não é só reduzir o número de carreiras, mas chegar a um modelo
mais simples para o funcionalismo.
A proposta de reforma administrativa deve reduzir os
salários iniciais dos servidores e prorrogar o prazo necessário para se chegar
ao topo da carreira.
A reforma administrativa é parte de um pacote que o
ministro da Economia, Paulo Guedes, tem chamado de agenda de transformação do
Estado, que inclui ainda a revisão do pacto federativo e ações para controle de
gastos públicos. A expectativa é que a agenda pós-Previdência do governo seja
apresentada nesta semana.
Bolsonaro justificou ontem a ausência de Guedes na
comitiva explicando que ele não poderia se ausentar por tanto tempo do país.
Ele frisou, contudo, que se mantém a par da agenda econômica brasileira
recebendo informações do assessor do ministro.
No momento em que o Congresso começa a analisar a chamada
PEC Paralela, que busca incluir estados e municípios nas regras da reforma da
Previdência aprovadas para a União, Bolsonaro ressaltou que o governo vem tendo
apoio do Parlamento e está conseguindo realizar reformas que vinham sendo
tentadas ao longo de 20 a 30 anos no país. Ele comparou a reforma da
Previdência a uma “quimioterapia”:
Sabemos que a reforma da Previdência por vezes parece uma
quimioterapia. Ela se faz necessária e não podemos sucumbir. Peguei o Brasil
arrebentado economicamente.
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