'Se encontrar algum, mate e congele': o alerta nos EUA pelo aparecimento de peixe cabeça-de-cobra, que respira fora d’água
Espécie foi detectada em 15
Estados, e as autoridades são incapazes de contê-la; com apetite voraz, ela
pode viver alguns dias fora da água, segundo autoridades da Geórgia.
Conteúdo: ‘G1’
"Se você acredita que
capturou um peixe cabeça-de-cobra, não o libere. Mate-o imediatamente e
congele-o".
As instruções são do
Departamento de Recursos Naturais da Geórgia, que se somou na semana passada à
lista de 15 Estados americanos em alerta por causa da existência, no meio
selvagem, de um predador voraz.
As autoridades querem estudar os exemplares encontrados
no país e mapear sua disseminação para tentar controlar sua reprodução.
Mas são outras características que fizeram desse peixe um
animal temido, desde o momento em que foi detectado pela primeira vez nos
Estados Unidos, no início dos anos 2000.
O peixe é originário da China, Rússia e da península da
Coreia, e pode chegar a medir mais de 80 centímetros.
Ele tem um grande apetite – se alimenta de outros peixes,
rãs e pequenos lagartos.
E, principalmente, o cabeça-de-cobra possui a notável
capacidade de sobreviver fora da água durante alguns dias – se arrastando e com
pequenos saltos, pode percorrer pequenas distâncias. É capaz, por exemplo, de
chegar até algum outro curso de água, para buscar mais alimentos.
Uma vez que o peixe aparece em um habitat, é difícil
combatê-lo, por causa de sua alta taxa reprodutiva.
'Pode sobreviver fora da água'
As autoridades da Geórgia lançaram em 8 de outubro um
alerta ao público assim que um pescador capturou o primeiro exemplar desse
peixe no Estado.
Em suas instruções, o Departamento de Recursos Naturais
adiciona: "Lembre-se que este peixe pode sobreviver fora da água. Se for
possível, faça fotos do exemplar e tome nota do local em que foi capturado (curso
d'água, marcos terrestres, GPS)".
O comunicado oficial da Geórgia também recomenda que
sejam tiradas fotos dos peixes, "inclusive imagens de detalhe da boca,
barbatana e cauda", para que possam verificar se é mesmo o peixe, e, de
modo algum devem soltá-lo de volta à água ou – nesse caso bem específico – nem
mesmo na terra.
As autoridades locais explicam que os hábitos alimentares
desses predadores – por comerem desde plâncton a outros peixes – pode afetar
severamente a oferta de alimento para outras espécies.
Os cabeças-de-cobra podem, além disso, sobreviver em água
com baixas taxas de oxigênio, o que lhes dá uma vantagem competitiva em relação
a outras espécies, como trutas e robalos, que precisam de mais oxigênio.
Todas as espécies de cabeça-de-cobra podem respirar
oxigênio atmosférico, segundo as autoridades americanas. Alguns respiram tanto
o ar atmosférico como o oxigênio que há na água, e outras devem necessariamente
respirar o ar atmosférico para evitar se sufocarem.
Ao contrário da maioria dos peixes, o cabeça-de cobra
pode sobreviver fora da água por possuir pequenas bolsas acima das brânquias
que funcionam quase como pulmões. Ele pode afundar e aspirar ar para dentro
dessas bolsas e, em seguida, extrair oxigênio do ar armazenado.
Liberados intencionalmente
Acredita-se que os cabeças-de-cobra foram introduzidos
intencionalmente na Geórgia por pessoas que os compraram como peixes
ornamentais, ou em tanques da indústria pesqueira alimentícia, segundo as
autoridades locais.
Peixes dessa espécie foram encontrados, além de na
Geórgia, em outros Estados, como Flórida, Nova York, Virgínia, Califórnia,
Massachusetts e Maryland.
O primeiro cabeça-de-cobra encontrado, em Maryland em
2002, foi particularmente preocupante, segundo as autoridades estaduais, porque
foram encontrados exemplares jovens, o que indica que ela está se reproduzindo
com êxito no meio ambiente.
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