Vereador de Porto Alegre é preso em investigação de esquema de repasse de dinheiro de assessores – Gean Mendes F5 (19) 991530445
André Carús (MDB) é suspeito
de exigir que os servidores façam empréstimos consignados e repassem o dinheiro
para ele. Polícia fez buscas na Câmara de Vereadores de Porto Alegre e na casa
do parlamentar e de assessores. Quatro pessoas foram presas, uma delas em
flagrante por porte ilegal de arma.
A Polícia Civil prendeu
temporariamente, na manhã desta terça-feira (1), o vereador de Porto Alegre
André Carús (MDB), por suspeitas de obrigar assessores a tirar empréstimos
consignados e entregar o dinheiro para ele. Outras três pessoas foram presas,
uma delas em flagrante por porte ilegal de arma.
Na operação, foram cumpridas
três ordens de prisão e 10 de busca e apreensão, inclusive no gabinete do
parlamentar, na Câmara de Vereadores da Capital, e na casa dele e de
assessores.
Em entrevista à RBS TV, na segunda-feira (30), Carús
negou as acusações.
"Nunca fiz isso,
jamais. Jamais, nem tenho notícia de que isso pode ter acontecido no meu
gabinete. Para mim é novidade".
A defesa do vereador disse,
nesta terça, que ele tem "total interesse no esclarecimentos dos fatos à
policia" e que as acusações serão contestadas uma a uma.
A presidente da Câmara de
Vereadores de Porto Alegre, Mônica Leal (PP), disse que aguarda o resultado da
investigação.
"Estamos discutindo
quais serão as medidas. Qualquer pessoa pode entrar com um pedido de cassação.
Um cidadão comum, um vereador, assim como a presidente. Vai depender da
confirmação de todos esses fatos. É muito grave", disse a vereadora.
As buscas também atingem uma
financeira e os departamentos de Água e Esgotos (Demae) e de Habitação (Demhab)
da prefeitura da Capital, onde trabalham cargos comissionados indicados por
Carús.
"Estamos investigando,
em princípio, o crime de concussão, que é exigir vantagem indevida a partir do
seu cargo público, valendo-se do cargo público, e também associação
criminosa", disse o delegado responsável pela investigação, Max Ritter.
O esquema foi revelado por
uma ex-assessora, que além de procurar a polícia, contou os detalhes da fraude
à reportagem da RBS TV, que realizou
investigação independente.
Uma mulher, que trabalhava
com o vereador desde 2017, fez três empréstimos que somam R$ 100 mil. À
reportagem, ela disse que entregou todo o dinheiro a Carús, e que a maior parte
do salário de R$ 14 mil era usado para pagar as parcelas do empréstimo. Ela
decidiu fazer a denúncia depois de ter sido demitida.
"No início ele dizia
que eram dívidas que ficaram da campanha que ele tinha que pagar e ele não
tinha como. Que isso, na verdade, ficaria no primeiro ano de mandato e depois
isso findaria, mas só que nunca teve fim. Cada vez foi só aumentando a
dívida".
Numa gravação com câmera
escondida, um funcionário da financeira que fez os empréstimo mostra que a
empresa sabia do esquema. Ele cita o nome do vereador e diz que a ex-assessora
não ficará com o "nome sujo".
"Acho que tu falou com
o vereador André Carus também, né? Falei com o vereador também, por telefone, e
mais, a diretoria está sabendo de tudo. Então, ficou garantido que vamos
liquidar, na medida do possível, todo o teu CPF, sem nunca te trazer nenhum
problema para o teu CPF", disse sem saber que estava sendo gravado.
"Não podemos descartar
essa hipótese que outras pessoas também tenham se locupetado [enriquecido] de
alguma forma a partir do valor desses empréstimos que foram contraídos juntos a
esta instituição financeira, se, com alguma parte ou com o valor integral de
cada um desses empréstimos. É isso que, a partir das provas que apreendemos na
data de hoje, vamos verificar", disse o delegado.
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