Dia de Combate à Violência contra a Mulher: ato na Esplanada espalha cruzes em lembrança a vítimas de feminicídio
Data lembrada nesta
segunda-feira (25) foi instituída pela ONU. Em Brasília, helicóptero espalhou
pétalas de rosa sobre Congresso Nacional.
Ato na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, espalha cruzes em lembrança a vítimas de feminicídio — Foto: Brenda Ortiz/G1
Por G1 DF
Um ato em lembrança às
vítimas de feminicídio no país espalhou 1.140 cruzes no gramado do Congresso
Nacional, na manhã desta segunda-feira (25), em Brasília. A manifestação marca
o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher – instituído pela
Organização das Nações Unidas (ONU), em 1999.
A quantidade de cruzes,
segundo uma das organizadoras do ato Gabriele Olivi, representa os números de
assassinatos de mulheres – por questões de gênero – registrados no Brasil em
2019.
"As cruzes representam
mortes no Brasil inteiro. Não é um ato só por Brasília, mas de todo país.
Chamamos para a manifestação, mulheres que já foram vítimas e estão envolvidas
com a causa.”
Por volta das 10h30, a
organização fez a chamada dos nomes das 31 mulheres assassinadas entre janeiro
e novembro deste ano no DF. No microfone, a deputada federal Flávia Arruda
(PL-DF) – presidente da comissão externa de combate à violência contra a mulher
– informou a data das mortes de cada vítima (veja relação abaixo).
Em seguida, um helicóptero
do Departamento de Trânsito (Detran-DF) lançou pétalas de rosas sobre o
Congresso Nacional. Do local, o grupo seguiu para o Plenário da Câmara dos
Deputados, onde, às 11h, estava marcada uma sessão solene sobre o tema.
'Basta'
Nas cruzes espalhadas pelo
gramado, estavam escritas frases como "SOS" e "basta ao
feminicídio", que, segundo as organizadoras, representam "um pedido
de socorro de todas as mulheres".
Também foram presos às
cruzes laços rosas e pretos. Ao lado, o grupo deixou pares de sapatos femininos
como simbologia das mortes ocorridas no DF.
Feminicídio no DF
Um levantamento feito pelo
G1 indica que houve, pelo menos, 31 casos de feminicídios registrados este ano
no DF.
Já um relatório da
Secretaria de Segurança Pública mostra que 82% dos assassinatos de mulheres em
Brasília, entre os anos de 2015 e de 2018, ocorreram por causa de ciúmes.
Apesar da classificação da
polícia se referir a esse sentimento como motivação dos crimes, a advogada
Soraia Mendes, especialista em direitos da mulher, defendeu, em entrevista
anterior ao G1, que o termo seja repensado.
Segundo ela, falar em ciúmes
como causa dá a ideia de passionalidade no crime. "Isso nada mais é do que
reflexo do sentimento de posse, que transforma a mulher em uma coisa",
afirma.
"A violência ocorre por
essa relação de posse que os homens têm sobre mulheres."
Violência no mundo
No último sábado (23), milhares
de pessoas desfilaram em Paris, na França, para pedir um "basta" à
violência contra as mulheres e ao feminicídio. O ato atendeu a um chamado do
coletivo #NousToutes - ou Todas Nós, em português.
Todos os anos na França, 250
mil mulheres são vítimas de violência e a cada dois dias uma mulher é morta
pelo companheiro ou ex-companheiro.
Nesta segunda (25), dois
dias após o ato, o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, anunciou novas
medidas para combater a violência de gênero. Entre as medidas, o governo prevê
uma nova "circunstância agravante" para os autores de violência em
casos que levarem ao suicídio das vítimas.
Além disso, a noção de
"controle psicológico" deverá ser incluída na lei do país. As regras
que regem a confidencialidade médica também serão alteradas para facilitar que
os profissionais de saúde apontem para as autoridades quando a vida de uma
pessoa está em risco.
As medidas serão incluídas
em um projeto de lei que deve ser apresentado ao parlamento francês em janeiro.
Cerca de € 360 milhões estão previstos, por ano, para o combate à violência
contra as mulheres.
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