Análise da ação está marcada
para quarta-feira no TRF-4.
O ministro Edson Fachin,
relator dos processos da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal ( STF
), negou um pedido apresentado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que queria suspender o julgamento do processo do sítio de Atibaia no
Tribunal Regional Federal da 4ª Região ( TRF-4 ). Na semana passada, após o
Superior Tribunal de Justiça ( STJ ) negar pedido da defesa, os advogados de
Lula apresentaram um habeas corpus no STF.
O julgamento está previsto
para ocorrer na quarta-feira no TRF-4. No STJ, a decisão foi tomada pelo
ministro Leopoldo de Arruda Raposo, mas não foi analisada por nenhum colegiado
do tribunal. No STF, há uma súmula que proíbe a concessão de habeas corpus em
casos assim, mas a defesa pedia a flexibilização desse entendimento, uma vez
que a decisão no STJ teria sido "manifestamente ilegal ou abusiva".
Fachin não concordou e negou o pedido sem sequer analisá-lo detalhadamente.
Os advogados destacaram que,
como o julgamento está marcado para esta quarta-feira, não haveria tempo de
reverter a decisão no STJ, por isso o pedido diretamente ao STF. A defesa
também reclamou da celeridade com que o recurso foi liberado para julgamento no
TRF-4.
"As questões que se
depreendem disso são as seguintes: sendo o recurso de apelação criminal em tela
de extrema complexidade qualitativa, dadas as matérias de que trata, bem como
de extrema complexidade quantitativa, dado o imenso número de páginas de peças
e documentos que constituem aqueles autos, por qual razão este processo
específico mereceu atenção especial, e teve seu trâmite deliberadamente
acelerado, ultrapassando mais de um milhar de outros recursos pendentes de
julgamento pela ordem cronológica? É humanamente possível que um processo dessa
natureza seja revisado em apenas 01h02min05s? O que tem a Apelação Criminal nº
5021365-32.2017.4.04.7000/PR de especial para receber tal tratamento?", argumentou
a defesa.
Em fevereiro deste ano, a
juíza federal Gabriela Hardt, que na época estava tocando os processos da
Lava-Jato na primeira instância, condenou Lula a 12 anos e 11 meses de prisão
por corrupção e lavagem de dinheiro no processo do sítio de Atibaia. Lula é
acusado de aceitar reformas na propriedade feitas pela Odebrecht e OAS, com
dinheiro de propina decorrente de contratos da Petrobras , no valor de R$ 1
milhão.
Lula ficou preso entre abril
de 2018 e novembro de 2019, quando a orientação do STF era diferente, em razão
de outro processo da Lava-Jato: o do tríplex no Guarujá. Nesse caso, ele foi
condenado a nove anos e meio pelo ex-juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça
no governo do presidente Jair Bolsonaro. Depois, o TRF-4 aumentou a pena para
12 anos e um mês, permitindo que fosse preso. Posteriormente, o STJ a reduziu
para oito anos, dez meses e 20 dias, mas ele continuou preso. Ele foi solto
somente depois que o STF mudou seu entendimento e decidiu que a prisão só pode
ocorrer quando houver o trânsito em julgado, ou seja, quando não for possível
mais recorrer da condenação.
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