O Congresso boliviano tem a
missão de modificar o sistema eleitoral para permitir nova convocatória no
prazo de 90 dias, contados a partir da renúncia de Evo Morales.
Conteúdo: ‘Jovem Pan’
Um projeto de lei excepcional e transitório para a
realização de novas eleições na Bolívia foi enviado nesta quarta-feira (20) ao
Senado pelo governo interino do país. Caso não haja consenso para o avanço do
projeto, o governo cogita convocar novo pleito por decreto.
As eleições do último dia 20 de outubro foram marcadas
por fraudes e manipulações, verificadas por uma auditoria realizada pela
Organização dos Estados Americanos (OEA). Após a divulgação da auditoria, no
dia 10 deste mês, e pressionado pelas Forças Armadas, o então presidente Evo
Morales, renunciou ao cargo e asilou-se no México.
A autoproclamada presidente interina da Bolívia, Jeanine
Áñez, assumiu o posto após a renúncia de Morales. Jeanine informou nesta quarta
que pretende convocar as eleições o quanto antes, respeitando a Constituição.
“Faremos isso [convocar novas eleições] em conjunto com organizações
internacionais e com todos aqueles que desejam enriquecer o projeto-base, que
será útil para todos os bolivianos “, afirmou a presidente.
O projeto de lei, que já foi encaminhado para a Comissão
de Constituição, será debatido a fim de viabilizar as novas eleições. O
Congresso tem a missão de modificar o sistema eleitoral para permitir nova
convocatória no prazo de 90 dias, contados a partir da renúncia de Morales,
ocorrida no último dia 10.
“Primeiro, estaremos mais apegados à Constituição.
Redigimos um projeto de lei básico, que provavelmente será corrigido, acordado
e enriquecido por todos os setores envolvidos na lógica de pacificar o país e
eleger nossos governantes”, afirmou Jeanine Áñez.
Caso não haja consenso no Congresso, uma vez que a
bancada do partido de Evo Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), tem maioria
nas duas Casas, o governo cogita convocar eleições por meio de decreto.
“Obviamente, esgotando todas as instâncias, se o Congresso não nos permitir
fazê-lo de maneira legal, bem, já procuraremos outros mecanismos, mas que o
país terá eleições, isso sim, nós garantimos”, afirmou a presidente interina.
Eleições por decreto já foram convocadas antes na
Bolívia, no mandato do presidente provisório Eduardo Rodríguez Veltzé
(2005-2006), e servem como jurisprudência para o atual governo. No entanto, a
presidente do Senado, Eva Copa, afirmou que tal ação seria inconstitucional.
“Não podemos permitir que uma eleição seja feita por
decreto, quando a Assembleia Legislativa estiver funcionando com legalidade e
legitimidade”, disse a senadora.
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