Embarcações deixam o Rio de Janeiro na tarde desta
segunda-feira (4) e devem chegar no Nordeste no dia 10.
Conteúdo: ‘G1’
Os dois maiores navios da
Marinha do Brasil saem do Rio de Janeiro nesta segunda-feira (4) em direção ao
Nordeste do país para ajudar no combate ao vazamento de óleo que atingiu as
praias da região.
A medida foi tomada mais de
60 dias após o óleo começar a chegar à costa brasileira. No sábado (2), a
Marinha endossou investigação da Polícia Federal que apontou, na sexta (1), um
navio grego como suspeito do despejo.
O primeiro navio, o
Atlântico, deixou o Arsenal de Marinha, na Zona Portuária do Rio, ao meio-dia.
O segundo, o navio-doca multipropósito Bahia, deixará a Base Naval do Mocanguê,
na Baía de Guanabara, às 15h.
Além dessas duas grandes
embarcações, uma fragata, seis aeronaves e um terceiro navio também sairão do
local.
No total, duas mil pessoas
participarão da missão - sendo 670 fuzileiros navais. Os fuzileiros vão
desembarcar para participar da limpeza das praias, manguezais e arrecifes.
O Atlântico e a fragata vão
trafegar pelo litoral nordestino em patrulha e monitoramento das águas, com
exceção do Bahia - este, por ser um navio-doca, e também por questões de
logística, ficará atracado no Porto do Suape, no Recife.
A previsão é que os navios
cheguem no Nordeste no dia 10 deste mês.
Navio grego na mira
Na sexta-feira (1), a
Polícia Federal deflagrou a Operação Mácula, na qual cumpriu mandados de busca
e apreensão na Lachmann Agência Marítima, que seria representante do navio
Bouboulina - suspeito de derramar ou vazar o óleo que atingiu o litoral
nordestino. A sede da empresa fica no Rio de Janeiro.
O Bouboulina foi carregado
com 1 milhão de barris do petróleo tipo Merey 16 cru no Porto de José, na
Venezuela, no dia 15 de julho. Zarpou no dia 18 com destino à Malásia.
De acordo com os investigadores,
2,5 mil toneladas de óleo foram derramadas no oceano. A proprietária do navio é
a Delta Tankers, fundada em 2006, mesmo ano de fabricação do navio.
Em nota, a Lachmann afirma
que não é alvo da investigação da PF, e que foi solicitada para colaborar com
as investigações. Isso porque, segundo alega, em 2016 atuou como prestadora de
serviço para a empresa dona do navio suspeito.
"A agência marítima é
uma prestadora de serviços para as empresas de navegação, não tendo nenhum
vínculo ou ingerência sobre a operacionalidade, navegabilidade e propriedade
das embarcações", diz a Lachmann no comunicado à imprensa.
A grega Delta Tankers disse
que "não há provas" de que a embarcação seja responsável pelo
incidente.
Mais de 300 praias atingidas
O óleo já atingiu 314 localidades da orla brasileira. No
total, o Ibama afirma que 110 municípios foram afetados em todos os nove
estados do Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
A Federação Internacional de Poluição por Petroleiros
(ITOPF, na sigla em inglês) tem um guia público de boas práticas para a limpeza
de locais contaminados. O órgão já atuou em mais de 800 vazamentos causados por
navios em 100 países diferentes nos últimos 50 anos. Segundo o ITOPF, a limpeza
manual é a mais indicada para o caso das manchas de óleo no Nordeste.
"A melhor técnica aqui é a limpeza manual, para ser
seletivo e reduzir o dano ambiental, considerando a natureza do óleo e dos
substratos contaminados. Máquinas como tratores podem ser usadas onde for
possível, mas é preciso levar em consideração os possíveis efeitos no meio
ambiente, inclusive em ninhos de tartarugas", diz Richard Johnson, diretor
técnico do ITOPF.
Reincidência
Um terço das mais de 280 localidades atingidas pelo óleo
no Nordeste chegaram a ser limpas, mas viram a poluição retornar ao menos uma
vez. Ao todo, 83 praias e outras localidades tiveram a reincidência da
contaminação, o que representa 29,5% dos locais afetados pelo petróleo cru que
começou a surgir no fim de agosto.
A praia que mais sofreu com
grandes resíduos de óleo, segundo os balanços do Ibama, foi Jandaíra, na Bahia.
A localidade foi a que mais vezes apareceu nos relatórios com o status que
equivale a manchas maiores que 10% da praia. Ao todo, em 18 relatórios do Ibama
algum ponto dessa praia, que fica próxima à divisa com Sergipe, apareceu com
manchas grandes: a primeira, em 4 de outubro, e na segunda-feira (28) da semana
passada.
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