Fogo acabou com alagados,
matou animais, danificou pontes e queimou cabos de fibra óptica. Fumaça em
locais isolados é vista de longe.
Jacaré, um dos animais símbolos do Pantanal, foi
encontrado morto no dia 1° de novembro de 2019 em área onde ocorreu queimada —
Foto: Edmar Melo/ TV Morena
A queimada que há 10 dias
atinge o Pantanal sul-mato-grossense já destruiu uma área equivalente à cidade
do Rio de Janeiro. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), já foram queimados 122 mil hectares na região de Corumbá e Miranda.
Este é o segundo incêndio de
grandes proporções no Pantanal em dois meses. No primeiro, só em uma fazenda,
foram destruídos 35 mil hectares.
Os números do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que houve aumento nas queimadas
no Pantanal. Nos primeiros três dias de novembro foram 393 focos, sendo que a
média para todo o mês é de 405.
No mês passado, o total de
focos no Pantanal foi 20 vezes maior. O bioma vai na tendência contrária ao que
foi verificado pelo Inpe na Amazônia, que teve o menor número de queimadas para
um mês de outubro desde 1998. Entre outros fatores, a diminuição dos focos na
Amazônia foi verificada após ações do governo federal como a implementação da
Operação da Garantia da Lei e da Ordem Ambiental (GLO).
Incêndio maior
Vegetação queimada no Pantanal de MS — Foto: Cláudia Gaigher/TV Morena
Incêndio maior
Incêndio maior
A dimensão do incêndio desta
vez é bem maior. O governo do estado resumiu como de "proporções nunca
registradas" e "cenário de devastação". A faixa de fogo vai da
BR-262, que leva até a cidade de Corumbá, até pontos de difícil acesso no meio
da mata.
Quem passava pela rodovia se
via cercado. De um lado fogo, no outro vegetação queimada e à frente e atrás,
cortina de fumaça. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) não interditou a rodovia,
porém, pediu que se evitasse passar por lá à noite. Na BR, o cenário é flora
cinza.
Mata à dentro, animais
mortos queimados. Entre eles, jacarés. Outros tentam fugir dos focos de calor e
das chamas. Somente em uma estrada, em um trecho de 12 quilômetros, quatro
pontes foram queimadas e os bombeiros precisaram abrir um desvio para tráfego
de moradores da região.
Além de moradores, a região
concentra pousadas e ainda uma base de pesquisa da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul. O fogo chegou bem perto da base de estudos. Funcionários
passaram o domingo jogando água na vegetação para encharcar o solo.
Alagados secaram com o calor
do incêndio. Em um deles, onde havia também plantas aquáticas, só ficaram
cinzas e peixes ainda se debatendo na lama que sobrou.
O fogo também destruiu cabos
de fibra óptica e 'isolou' Corumbá por alguns dias. A internet na cidade tem
oscilado diariamente e quando os incêndios começaram houve falta de energia. As
chamas também chegaram bem perto de onde estão sendo instaladas torres de
comunicação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), do
Ministério da Defesa.
Combate
O combate à queimada é feito
por brigadistas e bombeiros, com apoio de três aviões que já lançaram mais de
200 mil litros de água. Um deles, o do Mato Grosso, já completou 30 horas de
voo e foi para Cuiabá fazer manutenção preventiva.
Há trechos em que as
aeronaves passam por cortina de fuma para despejar água em pontos de difícil
acesso. Máquinas abrem estradas para levar caminhões com água até os
combatentes.
Para ajudar no combate, a
Defesa Civil pediu a volta dos bombeiros do Distrito Federal, uns 30 devem
chegar essa semana. Um grupo já havia estado no Pantanal durante o incêndio do
mês de setembro.
As condições climáticas:
umidade relativa do ar baixa, ventos fortes e temperaturas altas dificultam o
trabalho. O vento espalha o fogo rapidamente e as labaredas se intensificam por
causa do tempo seco.
Os bombeiros de Mato Grosso
do Sul devem receber novos kits de combate a incêndios doados pela WWF.
Em setembro, diversos
municípios decretaram emergência por conta das queimadas. No fim do mês, choveu
na região e os focos de incêndio acabaram. Os bombeiros desmobilizaram as
equipes e os de outros estados encerraram o trabalho no Pantanal.
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