Mudança será feita com
redução gradual na composição dos alimentos. Produtos importados precisarão
seguir as mesmas regras.
Conteúdo: Rafaella Vianna, TV Globo
A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta terça-feira (17), por unanimidade,
uma resolução que determina a eliminação da gordura trans nos alimentos
industrializados no Brasil até 2023.
A gordura trans também é
conhecida como gordura vegetal hidrogenada. É usada para melhorar o aspecto e
também aumentar o prazo de validade de alimentos industrializados. Ela é
formada através de um processo químico: óleos vegetais líquidos, como o óleo de
soja, são transformados em gordura sólida com o uso de hidrogênio. Quanto mais
hidrogenada, mais consistente a gordura fica.
Ela também aparece durante o
aquecimento de óleos para a fritura doméstica ou industrial em processos que
envolvem altas temperaturas por longos períodos.
Para a Organização Mundial
da Saúde (OMS), a eliminação global desse ingrediente pode evitar 500 mil
mortes por ano. A gordura trans eleva o colesterol ruim, reduz o colesterol bom
e aumenta o risco de infarto e AVC.
A gordura trans está em alimentos como:
·
Biscoitos salgados,
doces e outros alimentos assados
·
Pipoca de micro-ondas
·
Pizzas e salgados
congelados
·
Manteiga vegetal e
margarina em barra
·
Creme para café
·
Glacê pronto para uso
e muitos outros!
Eliminação em etapas
A decisão da diretoria
colegiada do órgão estabelece que esse processo será em duas etapas. A primeira
delas consiste na adequação da indústria alimentícia ao limite de até 2% de
gorduras trans sobre a quantidade total de gorduras do alimento produzido, o
que deve ocorrer até 1/7/2021.
Depois disso, as empresas
terão até 1/1/2023 para eliminar totalmente os ácidos graxos trans da
composição de produtos. Atualmente não havia quantidade máxima definida pela
agência. Os produtos importados também precisarão seguir essas regras.
![](https://1.bp.blogspot.com/-yPEoGx6ucU0/XfkFP4JimhI/AAAAAAAAXI8/hRPlQiYhNUoNFNXlJNvWH9nN52WnVxfDgCLcBGAsYHQ/s1600/12993622_473263412864510_4272287709504120390_n.png)
Com isso, até 1/7/2021,
todos os óleos vegetais disponíveis nas prateleiras de supermercados deverão
ter, no máximo, 2% de gordura trans na composição. O descumprimento dessas
regras poderá acarretar advertências e até multas, a serem definidas pela
agência.
O objetivo da Anvisa com as
mudanças é reduzir a ingestão de gordura trans a menos de 1% do Valor
Energético Total (VET) ingerido pela população diariamente, como recomenda a
Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a agência, essa ingestão hoje
chega a quase 2% entre os adolescentes, por exemplo.
"Dependendo do recorte
populacional que você faz, essa quantidade é bem mais alta. A gente tem grupos
mais vulneráveis na população. Como a gordura trans tem um preço mais barato
que os substitutos, as populações mais vulneráveis, que tem menor pode
aquisitivo, acabam sendo mais expostas a esses alimentos com maior teor",
explica a Gerente Geral de Alimentos da Anvisa, Thalita Lima.
Por que é difícil zerar o consumo de gordura trans?
A gordura trans que está
sendo combatida pela agência é aquela que tem origem no processo industrial. É
quando se adiciona hidrogênio aos óleos vegetais líquidos para que eles fiquem
com consistência sólida.
É isso que, muitas vezes,
deixa crocantes, dá textura e um prazo maior de validade para biscoitos, pipoca
de microondas, pratos congelados, massas instantâneas e chocolates. Os ácidos
graxos trans também surgem no processo de refinamento dos óleos vegetais e no
aquecimento para fritura doméstica ou industrial de alguns produtos.
Mas também existe a gordura
trans natural, que surge no processo de digestão dos animais ruminantes (por
exemplo: boi, carneiro, cabra) e está presente em carnes, leite e queijos.
"São quantidades
pequenas, que não oferecem tanto risco aos consumidores, mas que estão
naturalmente presentes na alimentação", explica Thalita.
Risco de desenvolvimento de doenças
De acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS), o consumo de gordura trans acima de 1% do Valor
Energético Total que uma pessoa ingere diariamente já aumenta de forma
significativa o risco de desenvolvimento e morte por doenças cardiovasculares,
principalmente as que atingem os vasos sanguíneos do coração. Isso porque, ao
ser ingerido, esse tipo de gordura favorece o aumento do colesterol ruim (LDL)
e diminui o colesterol bom (HL).
![](https://1.bp.blogspot.com/-w07HIkDZWjg/XfkFYnuKv9I/AAAAAAAAXJE/p6YjeeBgjNIsGVWF8FCrY7ZYAIlZawABACLcBGAsYHQ/s320/13102783_979702988804201_38584416827548071_n.jpg)
No Brasil, as doenças
cardiovasculares são a principal causa de morte e de internação hospitalar. Em
2015, foram 424.058 óbitos causado por enfarte agudo do miocárdio, hipertensão,
arritmias e outras complicações cardiovasculares, 31% do total.
O que o consumidor deve fazer
Atenção aos rótulos e lista
de ingredientes! Na tabela nutricional, ela aparece como gordura trans, de
acordo com a porção especificada pelo fabricante. Mas se nessa porção não
houver quantidade superior a 0.2g de ácidos graxos trans, o fabricante não é
obrigado a informar que há gordura trans naquele produto.
Por isso, o consumidor deve
ficar atento à lista de ingredientes. E olha que lá a gordura trans pode ganhar
outros três nomes: gordura vegetal, gordura hidrogenada, ou gordura
parcialmente hidrogenada. "Não aparecer na tabela nutricional não significa
que não há gordura trans naquele alimento", alerta a Gerente Geral de
Alimentos da Anvisa, Thalita Lima.
Mudanças nas regras de
rotulagem nutricional já estão sendo discutidas pela Anvisa e devem ser votadas
ainda no primeiro semestre de 2020.
Produção brasileira
![](https://1.bp.blogspot.com/-9Vww5-8JEd8/XfkFgwpAcNI/AAAAAAAAXJM/DyTh2dyDGNMfy-mvLJE2Klf1FikYqJ6jgCLcBGAsYHQ/s320/13164301_979702652137568_8191770550688008758_n.jpg)
A Associação Nacional de
Restaurantes tem números de 2016 que mostram que 61% dos serviços de
alimentação usam gordura trans no preparo de bolos, massas de pizza, molhos,
risotos e proteínas empanadas.
Outros países
No mundo, 49 países já
adotaram medidas regulatórias de restrição ao uso da gordura trans. Na Europa,
o valor máximo é de 2% para todos os alimentos. Já os Estados Unidos decidiram
banir esse tipo de gordura em 2015.
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