Negão foi atacado enquanto
passeava com dono e amigos dele pela zona rural. Cobra só soltou o cachorro
após 20 minutos de luta com três homens. Ela foi devolvida à natureza.
Sucuri pressiona corpo do cachorro Negão, enquanto o médico veterinário tenta salvá-lo em Jaborandi, SP — Foto: Miguel Tosi/Arquivo pessoal
Por G1 Ribeirão Preto e Franca
Ao ver o cachorro ser
abocanhado por uma sucuri em Jaborandi (SP), o médico veterinário Paulo Sérgio
Marqueti não teve outra reação senão a de tentar salvar o animal de estimação.
Negão, como é chamado, quase virou refeição da cobra no sábado (16). Ele só
escapou por causa da coragem do dono. “Não pensei duas vezes”, diz Marqueti ao
se lembrar do momento em que pulou na água para resgatar o cão.
Durante o resgate, o médico
veterinário contou com a ajuda do adestrador Adilson Tosi e do filho dele,
Miguel Tosi, companheiros das trilhas de bicicleta pela zona rural.
O ataque aconteceu na região
da lagoa do Pirola, a três quilômetros de Jaborandi. O trio seguia por uma
estrada rural acompanhado de dez cães, quando percebeu que havia alguma coisa
errada com Negão. O cachorro foi surpreendido pelo bote da sucuri ao descer um
barranco para beber água.
“Nós deixamos as bicicletas
e eu pulei na água. Eu consegui encontrar os dois embaixo d’água e puxar eles
para fora. Aí a gente foi conseguindo fazer com que ela desenrolasse dele e ela
soltasse da boca. Ela pegou na pele do pescoço dele”, diz o médico.
Luta pela sobrevivência
Miguel travou uma batalha
com a sucuri para fazer com que ela desistisse do cachorro. O vídeo feito pelo
estudante Miguel Tosi mostra o esforço dos três para liberar Negão das presas
do réptil, enquanto os outros cachorros estão desorientados.
Só após 20 minutos de luta e
da força de três homens é que a cobra finalmente largou o cachorro.
“Eu não consegui abrir a boca
dela com a mão. Eu catei pedaços de pau, cana seca inclusive, fui fazendo o
calço dos dois lados e depois coloquei no meio da boca dela. Foi onde ela
soltou o animal”, diz Adilson.
Segundo o adestrador, se o
grupo estivesse um pouco mais longe, não haveria tempo de salvar o cachorro.
“Não teve tempo de pensar muito. Teve que pular na água, senão o animal se
afogaria”, afirma.
Amor e respeito
Negão é um dos xodós do
médico veterinário. Ele está acostumado aos passeios pela zona rural do
município, mas nunca passou por um apuro deste.
“A gente não pensa, porque
tem muito amor no bichinho. Ele é o companheiro da gente, está sempre com a
gente. O que vem na cabeça da gente nesse momento é salvar o animal”, diz
Marqueti.
O cachorro sofreu ferimentos
leves no pescoço, mas passa bem. Nesta segunda-feira (15), ao voltar ao local
do ataque, ele não pareceu muito à vontade ao se aproximar da beira da lagoa,
nem mesmo com o dono ao lado.
Apesar do susto e da
dificuldade, Marqueti diz que em momento algum pensou em ferir a cobra para
resgatar o cão.
“Ela está no ambiente dela,
nós que o invadimos. Com o desmatamento, os animais têm poucas áreas de
refúgio. Ela precisa se alimentar e é nesses momentos que ela tenta. A gente
achou que não era certo matá-la. Conseguimos soltar o Negão e liberar para que
ela siga a vida dela tranquilamente”.
Perigo
O ataque ao cachorro serviu
ainda de alerta para a população de Jaborandi. Aos finais de semana durante o
verão, é comum ver crianças nadando na lagoa, segundo o trio.
“A gente voltou dez minutos
depois e ela estava posicionada, esperando outro animal chegar ali ou uma
pessoa para atacar de novo. Uma pessoa sozinha não sai dela”, diz Adilson.
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