Número de
repatriações, no entanto, pode aumentar; tripulação e médicos também vão passar
por quarentena quando retornarem ao Brasil
Até o momento, 34 brasileiros que vivem na região da cidade
de Wuhan, na China, já manifestaram interesse em voltar ao Brasil em dois
aviões da Força Aérea Brasileiras (FAB). O número, porém, ainda pode aumentar.
As aeronaves decolaram no início desta quarta-feira da base
aérea de Brasília, com 11 tripulantes e sete médicos cada. O retorno, já na
base aérea de Anápolis (GO), onde será a quarentena, deve ocorrer no sábado.
Assim como os passageiros, os tripulantes e os médicos também
passarão por quarentena quando chegarem, mas o prazo em que ficarão isolados
ainda está sendo definido. No caso dos passageiros vindos da China, a
quarentena vai durar 18 dias.
As aeronaves também vão passar por um processo de desinfecção
na volta. Os cuidados são para evitar a chegada do nova cepa do vírus, que
causa febre e problemas respiratórios e já matou mais de 400 pessoas, quase
todas na China.
Sobre a duração da quarentena para tripulantes e médicos, o
tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno explicou que isso ainda está
sendo definido pelo Instituto de Medicina Aeroespacial (IMAE), que faz parte da
FAB. Questionado se eles não ficarão 18 dias, Damasceno respondeu:
— Pode ser que não. O número de 18 dias, estamos preparados
em Anápolis, na nossa base área, tendo toda a orientação da Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária). Estivemos lá durante a semana preparando os
nossos hotéis para recebimento, esvaziamento, com o Ministério da Saúde nos
indicando as melhores práticas. Estamos voltando lá diariamente planejando a
chegada das famílias, das crianças, berços para os recém-nascidos.
Além disso, os aviões levarão equipamentos, como uma
"bolha" que é usada para isolar uma pessoa das demais caso venha a
apresentar algum sintoma. Antes do embarque na China, serão feitos exames e
quem apresentar sintomas não poderá vir para o Brasil.
Dos sete médicos em cada avião, seis são militares do IMAE
que integram as equipes de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear
(DQBRN), e um é do Ministério da Saúde. Há inclusive uma infectologista ligada
à pasta que fala mandarim.
Cada avião tem capacidade para 30 passageiros, totalizando
60, sem contar a tripulação e médicos, podendo transportar mais gente se
necessário. Na terça-feira, quando havia 29 pessoas interessadas em voltar, o
ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, explicou que, nesse tipo de
transporte, era importante não ocupar todas as cadeiras.
— Quanto mais espaçado a gente deixar os passageiros
brasileiros, melhor, porque diminui a possibilidade de contágio. Então, se
tivermos 30 (retornando), 15 numa aeronave e 15 em outra é o ideal — disse
Azevedo na terça-feira.
Cada voo até a China durará cerca de 47 horas, incluindo ida
e volta e o tempo parado em solo. Os aviões partirão de Brasília e farão
paradas para abastecimento em Fortaleza, Las Palmas (nas Ilhas Canárias, que
pertencem à Espanha), Varsóvia, Urumqi (na China) e, por último, em Wuhan. O
trajeto de volta é parecido, mas, os aviões irão de Fortaleza direto para
Anápolis (GO), cidade localizada entre Brasília e Goiânia e onde fica a base
área em que será realizada a quarentena.
Além dos dois aviões que vão para a China, outras duas
aeronaves de apoio já saíram do Brasil em direção de Varsóvia, capital da
Polônia e uma das escalas da viagem. Lá, haverá uma troca de tripulação, em
razão do limite de jornada de voo dos militares. Os que foram primeiro para
Varsóvia assumirão os aviões que irão para a China. No retorno, os tripulantes
que ficaram em Varsóvia pegarão novamente as aeronaves que estão voltando da
China. Mas todos eles terão de passar também pela quarentena.
Fonte: O Globo.com