A família de Maria da Conceição Oliveira, de 68 anos, abriu o
caixão da avó durante o velório e descobriu que o corpo que estava lá era de
outra pessoa. Apesar da emissão da certidão de óbito, Maria está viva e foi
encontrada, após insistência da família, em um leito do Hospital Abelardo
Santos, em Belém, no Pará. Ela trata dos sintomas do novo coronavírus. As
informações são do G1.
De acordo com os familiares, a idosa apresentou melhoras na
segunda-feira e tomografias mostraram avanço na recuperação dos pulmões. Ela
foi internada no último dia 30 de abril. Depois que deu entrada na unidade, a
família não teve mais notícias e no dia seguinte (1º) recebeu a certidão de
óbito da idosa.
Tallya Fernandes, parente de Maria, conta que uma funerária
contratada levou o corpo para a casa da família. Um dos filhos perguntou ao
funcionário do local como estava a idosa e ele teria respondido “bata vermelha,
cabelos brancos”.
A descrição da vítima acionou o alerta da família já que
Maria não tinha cabelos brancos e nenhuma bata vermelha havia sido enviada para
ela. “Foi que o neto dela teve coragem pra abrir o caixão e foi um susto
terrível, era uma senhora morena, com tubo na boca”, relatou Tallya ao G1.
Após perceberam que o corpo havia sido trocado, os familiares
foram até o hospital. “Fizemos um escândalo na frente e entrou o neto dela. Ele
teve que ver mais de 30 cadáveres, um por um, correu risco, e não encontrou a
avó. Todo mundo dizendo que ela estava morta”, disse
Tallya.
Os familiares só descobriram que Maria estava viva após
receberem a ajuda de uma enfermeira. A funcionária do hospital fez uma chamada
de vídeo com a idosa para comprovar que ela estava viva. Segundo a família, foi
feito um boletim de ocorrência contra o hospital pelo erro.
Em nota enviada ao G1, a Secretaria de Saúde do Pará (Sespa)
reconheceu o erro e informou que a confusão é consequência da falta de
estrutura diante do aumento de doentes e de mortos.
Segundo a Sespa, o serviço de Verificação de Óbito (SVO)
atendeu na última sexta-feira (1º) 35 casos, destes cerca de 50% foram por
síndrome respiratória aguda grave (SRAG), o que é cerca de 20 vezes mais do que
o normal.
O governo do Pará informou ainda que “com a abertura do
Hospital para pronto-socorro, os procedimentos e rotinas foram totalmente
alterados. Os problemas estão sendo identificados, dentro do possível,
corrigidos. Estamos lutando para dar dignidade às famílias neste momento de
dor”.
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