Serviços têm queda recorde de 11,7% e perdas em todas as cinco atividades em abril, conforme levantamento apresentado pelo IBGE
O setor de serviços recuou 11,7% em abril, na comparação com
março, ainda sob forte influência das medidas de distanciamento social para
conter o contágio da Covid-19. Esse é o terceiro recuo consecutivo e o mais
intenso da série histórica, iniciada em janeiro de 2011. Os resultados da
Pesquisa Mensal de Serviços, divulgados hoje (17) pelo IBGE, mostram que,
nestes três meses de retração, o setor acumula uma perda de 18,7%.
De acordo com o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, em
fevereiro o setor já apresentava queda, mas de caráter conjuntural. Em março e
abril, se percebem os efeitos da pandemia: “nesses dois últimos meses, há uma
perda acumulada de 17,9%, o que traz o volume de serviços para um patamar 27%
abaixo do ponto mais alto da série, em novembro de 2014”, comenta.
Todas as cinco atividades investigadas tiveram quedas
recordes, com destaque para transportes, serviços auxiliares aos transportes e
correio (-17,8%) e serviços prestados às famílias (-44,1%). Considerando os
meses de março e abril, esses dois setores acumulam quedas de 24,9% e 61,6%,
respectivamente.
Nas outras atividades, as retrações foram de 8,6% em serviços
profissionais, administrativos e complementares, 3,6% em informação e
comunicação e 7,4% em outros serviços.
Segundo Rodrigo, a perda de receita em hotéis e restaurantes
se aprofundou no mês de abril, mas, apesar de a queda nos serviços prestados às
famílias ter apresentado maior magnitude, foi o setor de transportes que mais
impactou negativamente em abril, devido ao seu peso na pesquisa.
“O setor de transporte já havia caído em março e teve sua
queda intensificada em abril. Além da perda das receitas no transporte aéreo de
passageiros e no transporte rodoviário coletivo de passageiros, se observaram
quedas no transporte rodoviário de carga, operação de aeroportos,
concessionárias de rodovias e metroferroviário de passageiros”, explica.
Rodrigo ressalta, ainda, que enquanto março teve apenas os
últimos dez dias com paralisação nos estabelecimentos considerados
não-essenciais, em abril, foram 30 dias de paralisação, o que também explica a
magnitude de queda mais intensa neste mês.
Regionalmente, 26 das 27 unidades da federação tiveram recuos
entre marco e abril, com destaque para as perdas de São Paulo (-11,6%) e Rio de
Janeiro (-12,7%), que sofreram pressão negativa, principalmente, dos segmentos
de alojamento e alimentação.
O único impacto positivo veio do Mato Grosso (9,0%). “Esse
crescimento de 9,0% não recupera a perda de 12,6% observada em março. Em termos
de atividade, houve um aumento do transporte ferroviário de cargas, relativo ao
escoamento da produção de grãos da região, e o peso do setor de transportes no
estado é superior a 60%”, contextualiza Rodrigo.
Na comparação com abril de 2019, o recuo foi de 17,1%, também
o mais intenso da série histórica. Nesse indicador, a retração foi observada em
quatro das cinco atividades pesquisadas: transportes, serviços auxiliares aos
transportes e correio (-21,2%), serviços prestados às famílias (-65,2%),
serviços profissionais, administrativos e complementares (-17,3%) e serviços de
informação e comunicação (-4,8%). Já o setor de outros serviços (1,0%) mostrou
a única contribuição positiva nesse mês.
Índice de atividades turísticas cai 54,5%
Em abril, a queda nas atividades turísticas também se
intensificou, chegando a 54,5% frente a março. Setores de transporte aéreo de
passageiros, restaurantes e hotéis foram os mais afetados, agravando suas
quedas devido ao maior número de dias paralisados em abril (30)
comparativamente ao mês de março.
Regionalmente, todas as 12 unidades da federação acompanharam
este movimento de retração, com destaque para São Paulo (-52,0%), Rio de
Janeiro (-52,7%), Minas Gerais (-49,4%) e Bahia (-63,1%).