“A madrugada foi de terror”. Com esta frase, em um grupo de WhatsApp, o secretário municipal de Saúde de São Carlos, Marcos Palermo tentou justificar a falta de leitos de UTI para Covid-19 na Santa Casa de São Carlos.
Um áudio de 3 minutos e 44 segundos vazou e no seu conteúdo, Palermo não deixou claro qual madrugada teria sido “de terror”. Porém a conversa ocorreu nos últimos dias, deixando claro que o sinal de alerta vermelho está ligado e que não descarta o sistema de saúde na cidade colapsar e o município regredir para a fase vermelha do Plano São Paulo, instituído pelo Governo do Estado nesta época de pandemia da Covid-19.
“A madrugada foi de terror. A Santa Casa está sem leito. Temos apenas 8 para UTI Covid e outros 10 UTI no Hospital Universitário. Mas dois pacientes em estado gravíssimo deram entrada na Santa Casa e tivemos que autorizar mais dois leitos”, disse Palermo, salientando que no início de agosto, novos leitos de UTI deverão ser entregues.
“PODEMOS TER 200 LEITOS, NÃO ADIANTA”
No desabafo, Palermo não escondeu a sua indignação e jogou a responsabilidade para o avanço da Sars-Cov-2 em São Carlos, em parte da população, que definiu como “sem noção”.
“Não adianta. Pode montar 200 leitos. Fui na UPA Aracy e depois passei na região no Shopping Center. Vi um monte de gente ali, em bike, fazendo reuniões, aglomerações. Todos sem máscaras. Assim não adianta nada, você não consegue conter [o avanço do novo coronavírus] se não houver conscientização. As pessoas vão morrer. Temos hoje 16 leitos na UTI ocupados e não são todos idosos. Tem um homem de 42 anos em estado muito grave. Tudo isso por causa desses sem noção da vida. Não adianta montar leitos desta forma. E está vindo pessoas da região, pois a Santa Casa é referência”, justificou sua ira.
“ACHAM QUE É BRINCADEIRA”
Ainda na conversa vazada, Palermo disse que as quarentenas impostas durante a época de pandemia não são levadas a sério por boa parte da população e uma infecção que estava controlada em São Carlos, dá mostras que evolui rapidamente em todas as classes sociais.
“Estava controlado e agora não há o que fazer. As pessoas acham que é brincadeira. Nesta madrugada, se chegasse mais duas pessoas, mesmo com os dois abertos, não teríamos leitos. Há necessidade de fazer uma campanha em massa nas redes sociais e conscientizar as pessoas. Não quero fazer terror, mas a situação é gravíssima. Nos relatórios diários, a gente nota que o aumento dos casos graves é de um dia para o outro, pois o vírus é letal e ataca rapidamente as pessoas”, disse. “Para piorar, estamos em época de clima frio, ar seco e queimadas. Ninguém respeita nada”, disse, finalizando que a Polícia Militar e Guarda Municipal fazem a segurança necessária. “Mas ninguém respeita nada”, finalizou.
*Com informações de São Carlos Agora.