A tecnologia de comunicação foi fundamental na pandemia do novo coronavírus. Além de preservar empregos e manter em atividade setores da economia, foi com os aplicativos de mensagens que pudemos conservar laços afetivos com amigos e familiares. Em contrapartida, esses apps, como o WhatsApp, também se tornaram fonte de ansiedade. Em grupos, então, a coisa fica bem pior.
Diferentemente dos e-mails corporativos, que separam a vida profissional da pessoal, os grupos de trabalho misturam-se aos particulares e, quando menos se espera, acaba-se lendo e respondendo fora do expediente. Afinal, estamos on-line praticamente o dia todo.
Para a psicóloga Fabíola Luciano, que trata de transtornos de ansiedade, esses aplicativos podem gerar aumento de pensamentos negativos, necessidade de checar constantemente o smartphone e dificuldade de cultivar vínculos sociais na vida off-line.
“Precisamos encontrar formas de manter a conexão em tempos de isolamento e o WhatsApp cumpre muito bem essa função, porém, é preciso equilíbrio para sustentar a saúde mental, pois, como tudo na vida, o excesso pode ser muito prejudicial”, conta.
Os grupos, característicos desse app, potencializam a ansiedade, com mais gente trocando mensagem, mais exposição dos participantes e aumento da agressividade em conflitos de ideias. O ritmo frenético da conversa se potencializa com as notificações, principalmente as daqueles chats que não podemos silenciar.
Um estudo realizado por pesquisadores do departamento de psicologia da Universidade Miguel Hernández, na Espanha, mostrou consequências negativas, especialmente em adolescentes, do uso do WhatsApp. Na pesquisa, foram registradas mudanças de humor e de comportamento, além de ansiedade, nos usuários desse app.
O tempo da mensagem instantânea é o presente. Daí a sensação de não poder deixar para depois ou de estar perdendo constantemente algo importante –fenômeno conhecido como síndrome de Fomo (sigla de “fear of missing out”, algo como “medo de perder” ou “medo de ficar de fora”, em português).
Em uma publicação anterior à pandemia, o médico e psicólogo Roberto Debski avaliou que, quando utilizado com moderação e bom senso, o WhatsApp pode ser altamente benéfico para pacientes internados.
“Não se deve exagerar no uso de aplicativos de comunicação, porque isso pode acarretar aumento de ansiedade e atrapalhar o repouso necessário”, ressaltava Debski à época.
O WhatsApp é o aplicativo de mensagens mais popular no Brasil, por isso ele acaba levando boa parte da “culpa” de produzir ansiosos em massa, mas a mesma lição serviria a qualquer outro aplicativo do gênero, como Telegram ou Line.
O que fazer com o meu “zap”?
O aplicativo de mensagem é uma maneira de aproximar as pessoas, seja de relacionamentos pessoais ou profissionais, mas, como vimos, aumenta a ansiedade. Entretanto, é possível resolver essa equação sem jogar o celular pela janela.
“Notícias falsas que circulam, o excesso de horas conectado, a pessoa que está on-line e não responde…”, enumera Fabíola Luciano. “Tudo isso pode acontecer ao mesmo tempo em que usamos os aplicativos, gerando para algumas pessoas o aumento da ansiedade e pensamentos negativos, necessidade de checar constantemente e dificuldade de manter a socialização com a vida real.”
Veja alguns conselhos da psicóloga para quem precisa controlar essa situação:
· Verifique quanto tempo você tem passado no app;
· Estabeleça um limite diário para uso;
· Distribua seu tempo com outras atividades que causem bem-estar;
· Compreenda que as outras pessoas podem estar envolvidas em outras atividades, e nem sempre poderão estar disponíveis no mesmo momento que você. Isso não significa falta de interesse;
· Tenha tolerância com o tempo de resposta. Não fique checando o celular a cada momento;
· Cheque a fonte das informações. Não acredite e compartilhe tudo o que vê.
*Com informações de MSN.
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