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'Perdi parte da infância do meu filho', diz jovem negro preso por quase 3 anos por crimes que não cometeu, no DF




Após quase três anos, Lucas Moreira de Souza, de 26 anos, deixou o Complexo Penitenciário da Papuda nesta quinta-feira (22). O jovem, que chegou a ser condenado a 77 anos de prisão, estava preso desde 20 de dezembro de 2017 por suposto envolvimento em uma série de assaltos, crimes que não cometeu.

"Perdi parte da infância do meu filho", disse Lucas após deixar o presídio.



O alvará de soltura foi expedido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) na noite de quarta-feira (21). A testemunha chave foi um policial civil, que acreditava na inocência do rapaz e procurou a Defensoria Pública (veja detalhes abaixo).

"Pelo fato de ser negro e morar na periferia, você já se torna um suspeito."



Lucas deixou a penitenciária por volta de meia-noite. Um ônibus o deixou no Jardim Botânico e Lucas andou até a Rodoviária do Plano Piloto, por cerca de 15 quilômetros.

O jovem chegou em casa, em Ceilândia, por volta de 8h desta quinta. Enquanto isso, sem saber, a família o aguardava na saída Papuda. Lucas, então, ligou para os familiares, que retornaram para o reencontro.



De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seape), a soltura de Lucas foi comunicada à Defensoria Pública, que ficou de informar à família. Entretanto, os defensores ressaltaram ao órgão que os parentes do jovem não tinham condições de buscá-lo pela madrugada e que iriam pela manhã.

Porém, ele foi liberado mesmo assim. A Seape afirmou que o procedimento é padrão e que o homem foi escoltado até uma parada de ônibus do Jardim Botânico.



Ao G1, Lucas frisou que não tinha mais ônibus no horário em que ele saiu da penitenciária e que decidiu andar até a Rodoviária do Plano Piloto. Ele caminhou por cerca de 3 horas.

Cela com 50 detentos

O jovem contou ainda que viveu um período difícil na penitenciária e que, agora, quer passar um tempo com a mãe e com o filho.



"Cheguei a dividir cela com cerca de 50 pessoas. Um espaço com apenas oito camas. Imagina como é?"
Lucas, que estudou até o segundo ano do ensino médio, também pretende retomar os estudos e trabalhar. O filho dele, Kauan, de 5 anos, disse que a primeira coisa que quer fazer é "tomar sorvete com o pai". À época em que o jovem foi detido, o menino tinha apenas 2 anos.

Emoção

Pela manhã, a emoção marcou o reencontro da família. A mãe dele, a vendedora Maridalha Moreira Conceição, de 47 anos, chorou ao ver o filho.



"Hoje, sou a pessoa mais feliz do mundo. Vi a Justiça sendo feita."

De acordo com ela, o filho "passou por muito sofrimento e vergonha" durante o período de cárcere, mas, a partir de agora, a nova fase será de felicidade. "Deus é fiel e jamais permitiria que isso acontecesse", disse.



Indenização

O defensor público Daniel de Oliveira, que atuou no caso, diz que a defesa entrará com um pedido de indenização contra o Estado. "Foi uma condenação injusta. Trabalhamos muito nesse processo para tirar esse inocente da prisão", disse.

Por outro lado, Daniel afirma que "nenhum dinheiro vai pagar o tempo que Lucas perdeu", mas que a indenização "é o mínimo a se fazer nesse momento".



"Quando encontrei com ele, parece que toda minha carreira de defensor público valeu à pena."
Até esta publicação, a Polícia Civil não tinha se manifestado sobre o caso.

Entenda o caso

Lucas foi preso no dia 20 de dezembro de 2017, por suposto envolvimento em uma série de assaltos. Desde então, ele tentava provar a própria inocência.



No dia em que foi detido, ladrões roubaram um carro e cometeram outros delitos, em Ceilândia. Em seguida, foram para o Recanto das Emas, onde deram continuidade à sequência criminosa.

O jovem diz que, naquele dia, acordou pela manhã, tomou café e, em seguida foi para a rua, onde costumava soltar pipa. Nesse momento, foi abordado por policiais civis e apontado como um dos suspeitos dos crimes. Desde então, ficou detido no sistema carcerário da capital federal.



Por conta dos crimes, Lucas foi condenado em dois processos. A soma das penas chegava a 77 anos de prisão. Há cerca de dois anos, no entanto, um policial civil que havia atuado na investigação e acreditava na inocência do jovem procurou a Defensoria Pública do DF.

Ele conseguiu apresentar indícios de que o rapaz não estava envolvido nos crimes. Além disso, a equipe mostrou que o carro utilizado para cometer os assaltos foi utilizado em outros delitos, dez dias após a prisão de Lucas. O detalhe havia passado em branco pelos responsáveis pelas apurações.

*Com informações de G1.




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