Após cinco dias de apagão total, desde domingo (8) cerca de 90% da população do Amapá depende de um rodízio do fornecimento de energia elétrica. Oito dias após o início da crise no sistema energético, e ainda com falhas no fornecimento por turnos previsto pelo governo, moradores tentam adaptar a rotina para enfrentar períodos de até 12 horas sem luz. O prazo definido pela Justiça para solução definitiva do problema termina nesta terça (10) sob pena de multa de R$ 15 milhões.
Dividida em dois turnos - de 0h às 6h e 12h às 18h ou de 6h às 12h e 18h às 0h - a retomada parcial do serviço, prevista para durar até o fim desta semana, impõe limitações ao trabalho dos amapaenses.
No Centro Comercial da capital, a maioria das lojas reabriu, mas o bocejar de vendedores e atendentes mostra que a alternância no fornecimento de eletricidade já prejudica o sono das pessoas. Muitos têm que acordar na madrugada para realizar tarefas que não puderam realizar durante o dia pela falta de luz.
"Passamos 5 dias sem energia, não tem luz, tenho duas crianças, e ficamos sem dormir porque tem muito mosquito", relatou o vendedor Antônio Lobato Gama, que ficou sem luz de 0h às 6h e começa a trabalhar de manhã. Por causa do calor, equipamentos como ventiladores e ar-condicionado são indispensáveis para garantir o conforto durante o sono, sem eles, a opção é abrir as janelas e enfrentar a invasão de insetos.
A microempreendedora Tainara Silva Souza também teme pela segurança dela e da família, pois sem luz, ela diz estar com a casa desprotegida.
"Fiquei com muito medo, tem cerca elétrica, mas é perigoso. As câmeras são nossa segurança. Sei de alguns lugares que teve assalto, então a gente nem consegue dormir direito", relatou.
Além dos problemas no trabalho, a falta do serviço retarda as tarefas domésticas. Na capital, além de faltar luz, também não tem água . Tomar banho e lavar louças ou roupas exigem adaptações.
"Não tem água, a torneira vazia. Aqui volta 12h [a energia], foi embora 18h, a água não sei por que não tem", lamentou a dona de casa Conceição Corrêa, moradora do Conjunto São José, na Zona Sul. O sistema de abastecimento depende de bombas que operam com energia elétrica.
Em alguns locais, moradores reclamam que além do parcelamento da luz, o serviço é suspenso fora do horário programado e retomado sem qualquer aviso.
"Com esse cai cai já não sei se deixo as minhas coisas na tomada. E se cair? E voltar de novo com 'força'. Vou perder tudo, os aparelhos vão queimar, e ninguém vai me ressarcir", reclamou a dona de casa Tereza Queiroz.
Retomada total do serviço
A Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) informou que o fornecimento pode melhorar conforme as medidas de suporte ao sistema elétrico durante a semana, como utilização de geradores e aumento de produção da Usina de Coaracy Nunes. O estado conta com cerca de 70% de distribuição após o reparo de um dos três transformadores da empresa Isolux.
O sistema de rodízio deve continuar até a chegada de outro transformador que, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), deve começou a ser desmontado para ser enviado à Macapá em até 15 dias.
Sobre a interrupção da eletricidade fora do horário previsto, a CEA explica que disse que os problemas serão corrigidos a medida que os consumidores relatarem as falhas, por meio do telefone 116.
A distribuidora de energia conta com três transformadores de energia para atender o estado: um deles foi atingido por um raio, que causou um incêndio que acabou atingindo os outros dois. Já o de backup estava parado para manutenção há quase 1 ano. O motivo da demora no reparo do aparelho de retaguarda será investigado. Depois da crise, apenas um dos três transformadores voltou a funcionar.
*Com informações de G1.
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