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Ensino híbrido, adaptações de professores e migração para a rede pública: as perspectivas para a educação em 2021



Por conta da pandemia de Covid-19, as instituições de ensino do país foram obrigadas a adotarem o modelo de ensino à distância, conhecido como EAD, uma vez que, a partir de março, todas as aulas presenciais foram suspensas no Brasil. Em São Paulo, a suspensão começou de forma gradual em 16 de março e terminou no dia 23 do mesmo mês. Com isso, escolas, professores, pais e alunos foram obrigados a se adaptarem e buscarem novas formas de aprendizagem e estudos durante esse período. Debora Gavazzi dos Santos, que é mãe de três filhos – com 5, 12 e 15 anos de idade – relatou que eles se adaptaram “rapidamente” às condições impostas, mas que “a atenção não era a mesma”. Ao mencionar o caso do filho mais novo, Debora diz que foi mais complicado e que a escola demorou a se adaptar às mudanças. “Foi complicado. Ele ficava uma hora assistindo a aula com a professora e tinham outras aulas extras em horários diversificados durante a semana. Dos três, a dificuldade maior foi com o pequeno. Acho que educação à distância para a ensino infantil é muito complicado, eles não prestam atenção e acabam contando muito com o meu auxílio”, relatou a mãe.



As dificuldades citadas por Debora também foram sentidas do lado dos professores. Para Ivana Priscilla Carvalho Badini, professora de história da rede pública, há duas dificuldades. Uma delas foi a aquisição de computadores – uma vez que Ivana precisou adquirir duas novas máquinas para que ela e suas filhas pudessem frequentar suas aulas. A segunda foi a adaptação de conhecimento relativo a tecnologias, já que ela teve que aprender a utilizar os aplicativos utilizados para ministrar aulas e dar avaliações. A professora diz ainda que, em determinado momento, tinha esperança de que as aulas pudessem retornar presencialmente no primeiro semestre. “Bateu realmente um desespero de não voltar a rotina e de saber que vamos passar por tudo isso de novo e que vamos continuar dessa maneira”, diz Ivana. O governo do estado de São Paulo anunciou no dia 17 de dezembro que definiu as regras para a retomada gradual das atividade presenciais das escolas permitindo que escolas de educação básica que estão em regiões classificadas na fase verde do Plano São Paulo possam receber 100% dos alunos matriculados. Na rede estadual, a previsão, no momento, é que as aulas sejam retomadas no dia 1º de fevereiro de 2021. O modelo em que as aulas serão retomadas ainda não foi definido pelo governo, mas especialistas dizem que o “ensino híbrido” pode ser uma solução viável.



Esgotamento do modelo EAD e ensino híbrido

Para Renato Casagrande, que é professor, pesquisador e colunista da Jovem Pan, a educação, ao menos no primeiro semestre de 2021, não deverá ser inteiramente presencial e deverá seguir um modelo de “ensino híbrido”, misturando momentos presenciais e momentos à distância. “A orientação que nós temos é uma volta parcial. Já há um esgotamento do modelo do ensino remoto, que se mostra ineficaz. Nós observamos o esgotamento deste modelo e temos que partir para o modelo híbrido, que é alunos na escola e alunos em casa”, diz Casagrande, que cita o caso do Paraná, que anunciou a retomada das aulas com este modelo híbrido, no qual o aluno teria semanas com aulas presenciais e semanas com aulas à distância.



O especialista em Educação também explica os modelos de ensino híbrido e como seria a atuação dos professores neles. “Os professores vão ter que criar um acervo de conteúdos que não vão ser só utilizados no momento agora. Quando a escola conseguir organizar esse acervo de conteúdo, ela poderá utilizar isso em outros momentos. São conteúdos clássicos que poderão ser trabalhados em qualquer momentos”, diz o professor. “Outro modelo é o método em que uma parcela vai para a escola e outra assiste em casa. Na semana seguinte, as coisas se invertem. Nós teríamos uma modalidade híbrida em que todos teriam o mesmo conteúdo. Isso funciona bem em alunos mais maduros. Para os mais novos, é um pouco mais difícil porque o professor precisa dar muita atenção, e isso vai dificultar essa atenção. Eu não vejo muita facilidade para o primeiro ciclo”, afirma.



Ao ser questionada sobre a possibilidade do ensino híbrido, Ivana diz que é uma alternativa possível que seria “menos danosa” para os alunos do que manter o ensino à distância. “O EAD, no sistema em que eu estudo, não funcionou muito bem. Então, ter o presencial e o EAD funcionaria bem melhor, porque você teria o plantão de dúvidas pessoal, um atendimento pessoal que é importante”, disse a professora. Debora, por sua vez, diz que “o ideal era voltar o presencial”, alegando que as crianças e adolescente precisam do presencial. Entretanto, ela reconhece que a possibilidade é pequena e diz que não se sentiria totalmente à vontade para mandar seus filhos para atividades presenciais.



“Assim como eu, acredito que tenham várias mães que estão nessa eterna dúvida, que ficam com o coração na mão que ao mesmo tempo não querem mandar, mas veem uma necessidade deles voltarem (ao ensino) presencial”, explica a mãe. A fala de Debora sobre um possível retorno às atividades presenciais nas escolas vai de encontro à opinião de um grupo de mães de São Paulo, que cobram que o governo do Estado siga o Plano São Paulo e retome as aulas presenciais nas cidades. Entretanto, o governo do Estado deu autonomia aos municípios para estabelecer como a retomada será feita.



Migração para a rede pública

Segundo dados da Secretaria de Educação de São Paulo, o número de transferências de alunos que deixaram a rede privada de ensino e foram para a rede pública até agosto foi 10 vezes maior do que o registrado em 2019. Foram contabilizados mais de 9 mil pedidos de transferências até agosto de 2020. Muitas destas mudanças foram provocadas pela crise econômica causada pela pandemia de Covid-19, uma vez que os pais deixaram de conseguir pagar as mensalidades e optaram por transferir seus filhos. Para Casagrande, esse movimento pode aumentar em 2021, uma vez que, segundo ele, o setor da educação tende a sentir a crise econômica um pouco depois de outros ramos. “A escola privada sempre sente um pouco mais tarde. Os pais insistem em manter seus filhos matriculados na escola, empurrando até o final do ano para não trocar a criança de escola. Então, a escola privada sempre sente a crise um pouco mais tarde. Há uma tendência de pais migrarem (seus filhos) para as escolas públicas. Se isso vai persistir ou não, vai depender muito de como a escola pública vai atuar nesse ensino híbrido, se ela vai realmente insistir nessa estrutura nova”, diz Renato, que também fala sobre uma possível incompatibilidade do número de alunos interessados para o número de vagas disponíveis na rede pública.



“O problema é que, às vezes, não existe a vaga na escola pública. Por mais que o Estado seja obrigado a ofertar, o sistema está estruturado para atender cerca de 18% das crianças nas escolas privadas e 82% nas escolas públicas. Se você muda drasticamente isso, o Estado não tem essa estrutura, não tem sala de aula e não tem professor concursado. Não tem a vaga. Ele é obrigado a ter a vaga, mas ele não tem. Não se cria uma vaga de uma hora para a outra. As vagas que foram criadas são vagas artificiais. No momento em que os alunos voltarem ao presencial, vamos verificar que essas vagas não existem”, explica o especialista.

*Com informações de Jovem Pan.










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