A disparada recorde dos gastos públicos para conter os efeitos da pandemia do novo coronavírus foi indispensável para evitar queda ainda mais vertiginosa do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, afirmou o Ministério da Economia nesta sexta-feira, 29. Dados divulgados pela equipe econômica nesta semana revelaram o rombo inédito de R$ 743 bilhões nas contas do governo no ano passado, enquanto a dívida pública bateu o patamar histórico de R$ 5 trilhões. A economia brasileira deve registrar recuo de 4,5% em 2020, segundo as últimas afirmações do ministro da economia, Paulo Guedes. O valor está de acordo com o estimado pelo mercado financeiro, que projeta tombo de 4,6%, de acordo com o Boletim Focus. “As medidas econômicas implementadas pelo governo brasileiro tinham como objetivo principal salvar vidas e atenuar os impactos negativos sobre a economia, buscando a preservação dos empregos e a sobrevivência das empresas. Outro propósito das ações foi o de limitar o efeito da pandemia para os informais e para as famílias mais pobres, mantendo a renda de muitas famílias brasileiras no momento de maior dificuldade, criando assim um escudo de proteção para os mais vulneráveis”, diz o relatório publicado pela Secretaria de Política Econômica.
Os técnicos da pastam afirmam que as medidas adotadas diante da urgência da Covid-19 não podem se tornar gastos fixos. O recado reforça o posicionamento do Ministério da Economia contra a volta do auxílio emergencial, a despeito das pressões que o governo está sofrendo desde a última semana após o recrudescimento da pandemia e retorno de medidas de isolamento social mais rígidas. Membros do governo já afirmaram que o benefício, que consumiu cerca de R$ 320 bilhões no ano passado, não será reeditado. No lugar, a equipe econômica prepara a reformulação do Bolsa Família, que deve ser apresentada após a definição do comando do Congresso, nesta segunda-feira, 1. O relatório da SPE ressalta a importância da agenda de reformas para a sustentação do crescimento neste ano. “Cabe destacar que um dos principais problemas do nosso baixo crescimento se refere a nossa baixa produtividade. Por sua vez, a baixa produtividade da economia brasileira deve-se a vários fatores estruturais que precisam ser corrigidos: má alocação de recursos, baixa abertura comercial, complexidade tributária, burocracia elevada, ambiente de negócios ineficiente, insegurança jurídica, marcos legais que precisam ser aprimorados, entre outros fatores.”
O relatório da equipe econômica também cita a recuperação da atividade econômica antes do previsto inicialmente. Em julho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) chegou a prever queda de 9,1% do PIB brasileiro neste ano. Nova versão da análise divulgada neste mês mostra que a expectativa encolheu para tombo de 4,5%. “Embora o PIB brasileiro apresente uma retração expressiva para 2020, se compararmos a diferença entre as projeções do final do ano passado e produzidas em meados de 2020 veremos que a economia brasileira se saiu melhor do que vários de seus pares internacionais. Resta evidente que as projeções mais pessimistas para o desempenho da economia não se confirmaram. As ações e medidas econômicas permitiram a reversão desse maior pessimismo relativo ao país.”
*Com informações de Jovem Pan.
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