"Conhecer demência é conhecer Alzheimer" é tema de campanha - Dia Mundial do Alzheimer é lembrado hoje
A iniciativa global “Setembro: Mês Mundial da Doença de
Alzheimer” completa, este ano, o décimo aniversário da campanha que busca
desmistificar o preconceito e a desinformação que cercam a doença. O tema da
campanha em 2021 é “Conhecer Demência, Conhecer Alzheimer”.
Hoje (21), quando se comemora o Dia Mundial do Alzheimer, o
mestre em psiquiatria e psicologia médica pela Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp) e pesquisador do Instituto de Psiquiatria da Universidade de
São Paulo (USP), Adiel Rios, explicou à Agência Brasil que o Alzheimer é uma
doença degenerativa do cérebro. Ela acomete algumas funções cerebrais, entre
elas a memória, o cálculo, a linguagem e o comportamento.
“Todas essas funções são comprometidas de forma progressiva e
lentamente, de maneira que isso interfere na vida diária do paciente”,
explicou. Os primeiros sinais podem surgir de alterações comportamentais. Nem
sempre são alterações de memória.
O psiquiatra esclareceu que o Alzheimer, contudo, não envolve
qualquer perda de memória. “A gente deve ficar atento porque, todos nós temos
esquecimento, o que é natural. Mas a perda de memória no Alzheimer é uma perda
de memória que se repete e compromete o dia a dia, interferindo, muitas vezes,
nas funções e no funcionamento das atividades pessoais”.
Sem cura
Como exemplo, ele citou o caso da pessoa que esquece que está
no shopping e não lembra como voltar para casa, repetidas vezes. Trata-se de um
esquecimento mais grave, que passa a ser também recorrente. A pessoa começa a
ter dificuldade para se orientar no tempo e espaço. Segundo Adiel Rios, com o
evoluir da doença, esse esquecimento passa a ser maior. As memórias do paciente
acabam sendo deterioradas, principalmente as memórias da vida, autobiográficas.
“O paciente começa a esquecer nome de filhos, de netos e, por fim, até dele
mesmo, nos estágios finais”.
Rios informou que a medicina vem pesquisando várias
alternativas, mas ainda não existe nada milagroso, nem um procedimento
definitivo que faça com que a doença possa ser interrompida. Atualmente,
existem áreas em que o médico pode atuar para intervir precocemente e, talvez,
adiar o início da doença ou, até mesmo, evitar. Para isso, a pessoa deve
realizar atividade física; ter uma alimentação balanceada (dieta do
Mediterrâneo), com alimentos ricos em ômega 3; controlar fatores de risco
cardiovasculares, como diabetes, pressão alta, colesterol; evitar o tabagismo e
o consumo de álcool em excesso; realizar atividades intelectuais, como testes,
exercícios; manter atividade profissional; habilitação cognitiva.
Diagnóstico
Nesta terça-feira (21), a Associação Internacional da Doença
de Alzheimer (ADI, a sigla em inglês) lançará o Relatório Mundial de Alzheimer
que, neste ano, se concentrará no aspecto do diagnóstico, levantando questões
importantes para sistemas de saúde, governos, gestores e pesquisadores.
Adiel Rios afirmou que quanto mais precoce é feito o
diagnóstico, mais fácil é, para o médico, intervir e controlar os fatores de
risco, o declínio cognitivo, que podem piorar o curso da doença, oferecendo ao
paciente atividades de terapia ocupacional, entre outras, utilizando mais
precocemente medicações anticolinesterásicas; “É uma maneira de a gente ofertar
maior qualidade de vida a essas pessoas que terão, inexoravelmente, a doença”.
Envolvimento
O Alzheimer é doença que envolve a família inteira, porque o
paciente vai perdendo a autonomia e precisa de ajuda para fazer pequenas
coisas.À medida que a doença progride, o indivíduo vai perdendo a autonomia e
ficando cada vez mais difícil ele fazer as atividades sozinho. “É preciso
envolver toda a família”. Segundo Jerusa Smid, a principal contribuição dos
médicos é cuidar do paciente e tratar os sintomas comportamentais que são
frequentes, causando muito estresse nas fases moderada e grave, “e orientar o
cuidador, dizer como as coisas vão evoluir, o que esperar da evolução dessa
doença”.
As medicações mais comumente usadas e que estão no rol do
Sistema Único de Saúde (SUS), disponíveis gratuitamente inclusive, são os
inibidores da acetilcolinesterase (Donepezila, Rivastigmina e galantamina, não
usados em associação) e Memantina, nas fases moderada e grave da doença, para
tratar os sintomas cognitivos (perda de memória, confusão mental, lentidão do raciocínio
e julgamento). Esses medicamentos devem ser usados até o fim da vida.
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 1,2 milhão de
brasileiros sofrem com a doença e 100 mil novos casos são diagnosticados a cada
ano. Em todo o mundo, o número chega a 50 milhões de pessoas. Segundo
estimativas da ADl, os números poderão evoluir para 74,7 milhões em 2030 e para
131,5 milhões em 2050, devido ao envelhecimento da população. O psiquiatra
Adiel Rios disse que a doença tende a aumentar no pós-pandemia.
Alguns estudos mostram que pode ocorrer uma associação com o
novo coronavírus em pacientes que tiveram a doença ou que sofreram com o
isolamento. “Mas não é nada definitivo. Isso está ainda em pesquisa. Alguns
estudos indicaram, porém, uma relação entre ansiedade, depressão, insônia e
também o Alzheimer”, concluiu Rios. Jerusa Smid avaliou, por outro lado, que o
isolamento social pode acelerar na população idosa o início da doença. “Não no
sentido de causar [a doença], mas de acelerar, trazer os sintomas mais para
perto do momento atual do que poderia ser mais para a frente”.
A doença de Alzheimer foi descrita pela primeira vez em 1906,
pelo psiquiatra e neuropatologista alemão Alois Alzheimer. *Agência Brasil.
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