Aproximadamente um em cada dez adolescentes (13,2%) já se
sentiu ameaçado, ofendido e humilhado em redes sociais ou aplicativos.
Consideradas apenas as meninas, esse percentual é ainda maior, 16,2%. Entre os
meninos é 10,2%. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar
(PeNSE) 2019, divulgada hoje (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Ao todo, foram entrevistados quase 188 mil estudantes, com
idade entre 13 e 17 anos, em 4.361 escolas de 1.288 municípios de todo o país.
O grupo representa 11,8 milhões de estudantes brasileiros. A coleta dos dados
foi feita antes da pandemia, entre abril e setembro de 2019. A partir de 2020,
com a suspensão das aulas presenciais, o uso das redes sociais, até mesmo como
ferramenta de estudos, foi intensificado.
As agressões existem também fora da internet, nas escolas,
onde 23% dos estudantes afirmaram ter sido vítimas de bullying, ou seja,
sentiram-se humilhados por provocações feitas por colegas nos 30 dias
anteriores à pesquisa. Quando perguntados sobre o motivo de sofrerem bullying,
os três maiores percentuais foram para aparência do corpo (16,5%), aparência do
rosto (11,6%) e cor ou raça (4,6%).
Em relação à saúde mental dos estudantes, metade (50,6%)
disse se sentir muito preocupado com as coisas comuns do dia a dia. Um em cada
cinco estudantes (21,4%) afirmou que a vida não valia a pena ser vivida. Entre
as meninas, esse percentual é 29,6% e, entre os meninos, 13%.
Os resultados mostram ainda insatisfação com o próprio corpo.
Menos da metade (49,8%) achava o corpo normal, 28,9% se achavam magros ou muito
magros e 20,6%, gordos ou muito gordos.
Violências
Em 2019, de acordo com a PeNSE, cerca 14,6% dos adolescentes,
alguma vez na vida e contra a sua vontade, foram tocados, manipulados, beijados
ou passaram por situações de exposição de partes do corpo. No caso das meninas,
o percentual (20,1%) é mais que o dobro do observado entre os meninos (9%).
Além disso, 6,3% dos estudantes informaram que foram obrigados a manter relação
sexual contra a vontade alguma vez na vida, sendo 3,6% dos meninos e 8,8% das
meninas.
A pesquisa mostra também que quase um em cada dez
adolescentes (10,6%) envolveu-se em lutas físicas e 2,9%, em briga com arma de
fogo. Dentro de casa, também há relatos de violência - 21% afirmaram ter sido
agredidos pelo pai, mãe ou responsável alguma vez nos 12 meses anteriores ao
estudo.
Infraestrutura
A PeNSE traz também dados sobre a infraestrutura disponível
para os estudantes, tanto nas escolas quanto em casa. Os resultados mostram que
menos da metade (49,7%) dos alunos das escolas públicas tem computador em casa,
enquanto entre os alunos das escolas privadas esse percentual é de 89,6%. Quase
a totalidade (95,7%) dos alunos de escolas privadas tem aparelhos celulares.
Entre os alunos de escolas públicas, esse percentual é 82,2%. Entre os
estudantes de escolas particulares, 98,6% têm internet em casa. Entre os alunos
de escolas públicas, 84,9%.
A PeNSE mostra ainda que 61,5% dos estudantes de 13 a 17 anos
estudam em escolas com pia ou lavatório em condições de uso e que oferecem
sabão para lavagem das mãos. Nas escolas privadas esse percentual chega a 97,5%
e, nas públicas, a 55,4%.
A pesquisa ressalta que a lavagem das mãos é reconhecida como
importante medida de saúde pública, por sua eficácia em reduzir a incidência de
doenças infectocontagiosas. Nas escolas, a importância da disponibilização da
estrutura necessária à lavagem é dupla: por ser um ambiente de aprendizagem de
hábitos saudáveis e pela própria prevenção de transmissão de doenças entre os
alunos.
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