Índice reúne dados sobre a inclusão de brasileiros com deficiência - Índice Nacional de Inclusão será resposta à falta de dados na área
Passados 11 anos desde a realização do último censo nacional,
o Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural, uma associação sem fins econômicos,
com sede em São Paulo, que trabalha pela inserção social de pessoas com
deficiência intelectual ou em situação de vulnerabilidade, vai produzir
instrumento para medir o quanto as cidades brasileiras são inclusivas e
permitem que as pessoas com alguma deficiência desenvolvam suas aptidões e
exerçam sua cidadania.
Segundo a coordenadora do Departamento de Pesquisa do
instituto, Natália Mônaco, o chamado Índice Nacional de Inclusão Olga Kos da
Pessoa com Deficiência (Iniok) será uma resposta à “grande lacuna” nacional, ou
seja, “à falta de informações” abrangentes sobre o contexto das pessoas com
deficiência no Brasil.
“O índice é
uma junção de várias pesquisas já realizadas, como a Pesquisa Nacional de Saúde
[realizada em 2019], dados do Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada],
do IDH [Índice de Desenvolvimento Humano, criado pelo Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da Organização das Nações Unidas [ONU] e outros. Com isso, teremos um
indicador capaz de avaliar, de fato, a inclusão das pessoas com deficiência”, disse
Natália à Agência Brasil.
“Ele vai
unificar dados sobre saúde, educação, reabilitação, renda familiar, benefícios
assistenciais, trabalho, sustentabilidade e outros aspectos que os demais
instrumentos avaliam de forma individualizada. Com isso, poderemos mensurar o
grau de inclusão e criar políticas públicas”, acrescentou Natália.
Incertezas
As incertezas quanto ao tema afetam até mesmo as informações
sobre quantos brasileiros convivem com alguma forma de deficiência física ou
mental. Em 2010, o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) apontou que, na ocasião, havia, no país, cerca
de 46 milhões de pessoas com alguma dificuldade para enxergar, ouvir, caminhar,
subir degraus ou realizar atividades habituais.
Um número próximo às 17,3 milhões de pessoas identificadas
pela Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019, pelo IBGE e pelo Ministério
da Saúde.
Webinário
A necessidade de mais informações sobre a inclusão das
pessoas com algum tipo de deficiência foi um dos aspectos destacados pela
ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, durante a
abertura do webinário (vídeoconferência) que o Instituto Olga Kos realizou
nesta semana para apresentar a validação do índice e debater aspectos como o
conceito de deficiência e os dados já disponíveis no país.
“Chega de
fazermos políticas públicas sem dados, sem números, sem registros. Chega de
fazermos políticas públicas usando apenas o achismo ou a vontade do gestor. Precisamos
ter indicadores. E vamos entregar isto juntos”, afirmou
Damares, em vídeo gravado para o evento.
“Para nós,
é importante superarmos este momento de fazer políticas públicas sem levar em
conta indicadores. O indicador de inclusão é de suma importância para entendermos
em que momento estamos, para onde vamos e como vamos percorrer este caminho.”
Além de apoio institucional do ministério, o Instituto Olga
Kos vai contar com o suporte financeiro de patrocinadores e de emendas
parlamentares. Durante o processo de validação do Índice Nacional de Inclusão,
que deve durar cerca de 18 meses, equipes de entrevistadores aplicarão
questionários e acompanharão o dia a dia de pessoas com deficiência em vários
municípios brasileiros.
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