Dependência de redes sociais prejudica micro e pequenas empresas - Apagão reforça importância de mais canais de comunicação com clientes
Se há algo positivo que pode ser extraído do apagão que tirou
do ar, nesta segunda-feira (4) por sete horas, as redes sociais do Facebook, é
a necessidade de empresas terem um plano B para evitar – ou, pelo menos,
amenizar – transtornos como os ocorridos ontem. É o que apontam entidades que
atuam em defesa de micro e pequenos empresários, consultadas pela Agência Brasil.
Sem ainda conseguir mensurar o quanto, em termos de
prejuízos, o apagão do grupo, que abrange Facebook, Instagram e WhatsApp,
causou, tanto o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) como a Confederação Nacional das Micro e Pequenas Empresas e dos
Empreendedores Individuais (Conampe) avaliam que a falha foi bem prejudicial
para empreendedores que dependem dessas redes para se comunicar.
De acordo com a nona pesquisa O Impacto da pandemia de
coronavírus nos Pequenos Negócios, 70% dos pequenos negócios vendem online,
conforme informa o especialista em negócios digitais do Sebrae, Ivan Tonet.
Desse total, 84% se comunicam via WhatsApp; 54% via Instagram; e 51% pelo
Facebook.
“Pequenos negócios dependem dessas redes sociais para
divulgação e relacionamento com os consumidores”, explicou Tonet ao apresentar
os dados da pesquisa. Segundo ele, os negócios dos setores de varejo e
serviços, que comercializam diretamente para o consumidor final, “são mais
impactados quando canais de relacionamento direto com o público saem do ar”.
Presidente do Conampe, Ercilio Santinoni disse que “todos os
pequenos negócios sofreram com o problema de apagão”, e que as micro e pequenas
empresas “foram muito atingidas”, uma vez que, de forma geral, a imensa maioria
utiliza o WhatsApp para comunicação e Facebook e Instagram para divulgar seus
produtos e serviços.
Diante da situação, a solução, ainda que paliativa, foi a de
buscar outros canais para restabelecer a comunicação. O problema é que nem
todos tinham um “plano B” para essa situação.
A alternativa então encontrada para manter “algum contato com
fornecedores e consumidores” foi, segundo o especialista do Sebrae,
intensificar o uso de e-mail, ligações telefônicas e outras redes sociais.
“Assim como a maioria dos usuários, a constatação da pane
gerou perplexidade e, depois, a tentativa de minimizar os impactos, voltando ao
SMS, tentando Telegram, fazendo ligações telefônicas, buscando vencer a
barreira do silêncio e isolamento imposto pelo bug”, acrescentou o presidente
do Conampe.
Plano B
Ercilio Santinoni disse que, de forma geral, “não havia plano
B, o que deixou evidente a necessidade de se trabalhar nessa direção”. “Com
certeza os prejuízos foram imensos. Muitas microempresas e MEIs ficaram
isolados e até paralisados. Nos serviços, por exemplo, muitas solicitações
feitas não foram atendidas, pois se perderam, o mesmo ocorrendo com vendas de
produtos”.
Dicas
Entre as dicas sugeridas pela Conampe, está a de as empresas
se organizarem e desenvolverem planejamento visando maior número de canais de
comunicação e relacionamento com o cliente, de forma a evitar situações em que
fiquem “reféns do trio Face-Insta-Zap”.
Nesse sentido, a entidade apresenta um passo-a-passo visando
à criação de um “plano de presença online”.
“Tenha um site. Um site é algo seu, onde você tem total
domínio. Se não tiver como investir em um, existem alternativas gratuitas que
você pode colocar no ar você mesma, e depois investir em um mais profissional.
Vale também blog e loja online”, sugere a entidade.
Ainda entre as dicas da Conampe está a de as empresas se colocarem
em outras redes sociais e no Google, em especial por meio da rede social de
baixa manutenção Google Meu Negócio, que é gratuita.
“Se você já explora o formato de Reels no Instagram por
exemplo, você pode aproveitar os mesmos vídeos para o Tik Tok, Kawaii e até
Youtube, que agora tem um novo formato para vídeos curtos (YouTube Shorts)”,acrescenta.
A Conampe sugere também que o empreendedor tenha em mãos um
sistema de gestão de clientes. “Nem que seja seu próprio processo, guardando
suas informações numa planilha ou na hipótese mais simples, em um caderno para
este fim. Lista de e-mails também são muito utilizadas ainda”.
Redes
sociais concorrentes
Ivan Tonet, do Sebrae, lembra que “outras redes sociais
acabam crescendo em momentos de instabilidade das concorrentes”. “Foi assim em
situações passadas e deve ter sido assim também nesse momento. O importante é o
empreendedor não ficar refém apenas um canal de comunicação e, neste caso, até
de um grupo empresarial”, disse.
“Atuar em mais de uma rede social, bem como montar um
cadastro de clientes com telefone e e-mail são alternativas que podem ajudar em
um momento como este ou até mesmo [em casos] de sequestro da conta por algum
hacker”, acrescenta.
A exemplo da Conampe, o especialista do Sebrae sugere que os
pequenos negócios avaliem a possibilidade da criação de um site institucional,
loja virtual ou atuação em marketplaces e apps. “Essa diversificação de canais
permite ampliar acesso ao público consumidor e ficar menos exposto ao risco da
atuação concentrada em um canal de vendas”.
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