Índice Firjan de Gestão Fiscal aponta que municípios investiram 34% a mais em saúde em 2020 - Em decorrência da pandemia de covid-19, os recursos destinados à saúde subiram
Fonte: Agência Brasil https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2021-10/municipios-investem-34-a-mais-em-saude-mas-quadro-fiscal-preocupa
Os dados foram divulgados hoje (21) pela Federação da
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e fazem parte do Índice Firjan
de Gestão Fiscal (IFGF), divulgado anualmente desde 2013. Segundo a entidade,
as informações são relevantes para o debate de reformas que têm impacto nos
municípios, como a administrativa e a tributária.
Para o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, o bem-estar da população e a melhoria do ambiente de negócios dependem do equilíbrio sustentável das contas públicas municipais. "Isso só será possível com a concretização de reformas estruturais que incluam as cidades”, diz.
O IFGF é composto por quatro indicadores que avaliam
autonomia, gastos com pessoal, liquidez e investimentos. A pontuação varia de 0
a 1, sendo considerada situação crítica quando o resultado é inferior a 0,4,
difícil quando fica entre 0,4 e 0,6, boa no intervalo de 0,6 a 0,8 e excelente
acima de 0,8. Considerando todos os municípios avaliados, a média foi de
0,5456. Apenas 11,7% registraram excelência fiscal.
Segundo o gerente de estudos econômicos da Firjan, Jonathas
Goulart, 2020 foi um ano marcado por fatores extraordinários. A pandemia fez
crescer o repasse da União para os municípios. As prefeituras receberam R$ 31,5
bilhões a mais do que em 2019. Consequentemente, somente os investimentos em
saúde subiram 34%, impactando o indicador de investimentos como um todo. Além
disso, houve flexibilização de regras fiscais e suspensão de dívidas.
"Houve um bom nível de liquidez e um bom nível de
investimentos", pontuou. Ele observa, no entanto, que essa não é uma
situação que se pode generalizar. Em 563 municípios, por exemplo, a prefeitura
foi entregue no vermelho para a gestão que assumiu o mandato no início deste
ano. Isso ocorreu inclusive em três capitais: Rio de Janeiro, Macapá e Cuiabá.
Apesar dos fatores extraordinários de 2020 que favorecem a
situação fiscal dos municípios, o quadro de mais da metade das cidades
brasileiras preocupa devido a dois fatores. De um lado, há uma baixa autonomia:
existe uma dificuldade para financiar a estrutura administrativa com receita
local obtida em decorrência da atividade econômica na cidade.
Os dados revelam que 1.704 municípios são completamente
insustentáveis: eles não conseguem gerar recursos para cobrir sequer os custos
administrativos mínimos, isto é, funcionamento da prefeitura e da Câmara de
Vereadores. Juntas, essas cidades demandam R$ 4,5 bilhões adicionais para
funcionar.
"As prefeituras têm uma alta dependência de recursos da
União. Majoritariamente, os gastos das cidades estão financiados com recursos
transferidos da União, via Fundo de Participação dos Municípios", observa
Jonathas Goulart.
Composto por parcelas do Imposto de Renda e do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI), o Fundo de Participação dos Municípios é
dividido entre as prefeituras considerando o número de habitantes estimado
anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Conseguimos ver, de maneira muito clara, problemas
graves de gestão, principalmente, baixa autonomia e elevado gasto com pessoal.
O orçamento das cidades ainda é muito rígido. Elas não têm margem para poder
fazer boa administração dos seus gastos porque boa parte deles está atrelado a
despesas de pessoal", avalia Jonathas Goulart.
Segundo ele, as prefeituras precisam ficar atentas porque o
fluxo de recursos observado em função da pandemia não irá ocorrer nos próximos
anos.
Desigualdade
O IFGF também registra algumas discrepâncias na realidade das
cidades brasileiras. Em 49% dos municípios, há um investimento médio de 10,9%
das receitas. Nos outros 51%, essa média é de 4,6%. Na avaliação de Jonathas
Goulart, os dados revelam dois Brasis distintos.
"Temos um país dividido. Há uma desigualdade em termos
de municípios que oferecem melhorias de bem-estar à sua população. Ou seja, a
população tem recebido atenção muito diferente dentro de cada cidade. Algumas
têm nível de investimento acima de 12% e outras em torno de 3%".
Entre as 26 capitais estaduais, a maioria encontra-se em
situação boa ou excelente. Os melhores desempenhos fiscais são de Salvador,
Manaus, Vitória, Boa Vista, Rio Branco, Goiânia, São Paulo, Curitiba e
Fortaleza. Esses nove municípios obtiveram pontuação acima de 0,8, situando-se
na faixa de excelência. De outro lado, os índices de Campo Grande, Porto Velho,
Natal e Cuiabá apontam para uma situação difícil. Já Macapá e Rio de Janeiro
tiveram resultado inferior a 0,4, estando em quadro crítico. Belém foi a única
capital que não declarou os dados no prazo legal e, por esta razão, não aparece
na avaliação.
*Agência Brasil https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2021-10/municipios-investem-34-a-mais-em-saude-mas-quadro-fiscal-preocupa
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