Pix com nova funcionalidade de devolução - Mecanismo será usado em casos de fraude ou de erro operacional
No aniversário de um ano, o Pix, sistema de pagamento
instantâneo do Banco Central (BC), ganha nova funcionalidade. Entra em vigor
hoje (16) o Mecanismo Especial de Devolução, que agilizará o ressarcimento ao
usuário vítima de fraude ou de falha operacional das instituições financeiras.
O mecanismo está regulamentado por uma resolução editada pelo
BC em junho. Desde então, as instituições financeiras estavam se adaptando aos
procedimentos.
Até agora, em uma eventual fraude ou falha operacional, as
instituições envolvidas precisavam estabelecer procedimentos operacionais
bilaterais para devolver o dinheiro. Segundo o BC, isso dificultava o processo
e aumentava o tempo necessário para que o caso fosse analisado e finalizado.
Com o Mecanismo Especial de Devolução, as regras e os procedimentos serão
padronizados.
Pix Saque e
Troco
Outras novidades para o Pix virão em breve. A partir do dia
29 estarão disponíveis o Pix Saque e o Pix Troco, que permitem o saque em
espécie e a obtenção de troco em estabelecimentos comerciais e outros lugares
de circulação pública.
No Pix Saque, o cliente poderá fazer saques em qualquer ponto
que ofertar o serviço, como comércios e caixas eletrônicos, tanto em terminais
compartilhados quanto da própria instituição financeira. Nessa modalidade, o
correntista apontará a câmera do celular para um código QR (versão avançada do
código de barras), fará um Pix para o estabelecimento ou para a instituição
financeira e retirará o dinheiro na boca do caixa.
Open
banking
Ainda neste trimestre, o BC pretende estender o iniciador de
pagamentos ao Pix. Por meio dessa ferramenta, existente para pagamentos por
redes sociais e por aplicativos de compras e de mensagens, o cliente recebe um
link com os dados da transação e confirma o pagamento.
Atualmente, o iniciador de pagamentos existe para compras com
cartões de crédito e de débito. O BC pretende ampliar a ferramenta para o Pix,
o que só será possível por causa da terceira fase do open banking
(compartilhamento de dados entre instituições financeiras), que entrou em vigor
no fim de outubro.
Com a troca de informações, o cliente poderá fazer transações
Pix sem abrir o aplicativo da instituição financeira, como ocorre hoje. O
usuário apenas clicará no link e informa a senha ou a biometria da conta
corrente para concluir a transação. Tudo sem sair do site de compras, do
aplicativo de entregas ou da rede social.
Estatísticas
Até o fim de outubro, segundo os dados mais recentes do BC, o
Pix tinha 348,1 milhões de chaves cadastradas por 112,65 milhões de usuários.
Desse total, 105,24 milhões são pessoas físicas e 7,41, pessoas jurídicas. Cada
pessoa física pode cadastrar até cinco chaves Pix e cada pessoa jurídica, até
20. As chaves podem ser distribuídas em um ou mais bancos.
Empresas e
governo
O aumento nos pagamentos a empresas decorre de
funcionalidades adicionadas ao longo deste ano para estimular o recebimento de
Pix por empresas e prestadores de serviço. Em maio, começou a funcionar o Pix
Cobrança, que substitui o boleto bancário e permite o pagamento instantâneo por
meio de um código QR (versão avançada do código de barras) fotografado com a
câmera do celular.
Em julho, começou a ser ofertado o Pix Agendado, que permite
o agendamento de cobranças, com a definição de uma data futura para a
transação. Em setembro, o oferecimento da funcionalidade por todas as
instituições financeiras passou a ser obrigatório.
As transações entre pessoas físicas e o governo aumentaram de
R$ 2,25 milhões em novembro de 2020 para R$ 409,83 milhões em outubro deste
ano. Apesar de pequenas em relação ao total movimentado, essas operações estão
subindo graças a medidas como o pagamento de alguns tributos por grandes, micro
e pequenas empresas e à quitação de taxas federais por meio do Pix.
Segurança
O Pix completa um ano em meio a preocupações com a segurança
do sistema. Por causa do aumento de sequestros-relâmpago e de fraudes relacionadas
ao Pix, o BC limitou, em outubro, as transferências a R$ 1 mil entre as 20h e
as 6h. Medidas adicionais de segurança foram adotadas, como o bloqueio, por até
72 horas, do recebimento de recursos por pessoas físicas em caso de suspeita de
fraude.
Em setembro, ocorreu o incidente mais sério com o Pix
registrado até agora. Uma brecha de segurança no Banco Estadual de Sergipe
permitiu o vazamento de 395 mil chaves Pix do tipo telefone. Na ocasião, não
foram expostos dados sensíveis, como senhas, valores movimentados e saldos nas
contas, mas os números de telefone de clientes capturados por pessoas de fora
da instituição, que foi punida pelo BC.
Se casos semelhantes ocorrerem, as próximas punições poderão
ser mais duras. No fim da semana passada, o BC acelerou as notificações às
instituições financeiras que violarem os regulamentos do Pix e diminuiu as
situações em que as multas serão isentas.
*Agência Brasil
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