A invasão da Ucrânia pela Rússia completa um mês nesta quinta-feira (24) e a operação que alguns anteviam que poderia ser rápida, pela superioridade militar de Moscou, se mostra mais complicada e demorada, além de muito destrutiva onde os ucranianos apresentam maior resistência. https://g1.globo.com/mundo/ucrania-russia/noticia/2022/03/24/guerra-na-ucrania-completa-um-mes-veja-o-estado-atual-da-invasao-russa-e-cenarios-para-o-futuro.ghtml
Após a "blitz" inicial com bombardeios de alvos por todo o país, os russos parecem ter dificuldades em impor seu poderio aos ucranianos, embora afirmem que tudo esteja transcorrendo como previsto. Nesta reportagem você vai ver:
- O que se pode esperar nos próximos dias e nos próximos meses do conflito;
O estado atual da invasão da Ucrânia
- O que a Rússia chamou de operação especial na Ucrânia virou a maior crise militar da Europa desde a Segunda Guerra Mundial
- No primeiro dia, 24 de fevereiro, diversas cidades ucranianas foram bombardeadas
- A Rússia começou a invadir o país por diversas frentes pelo norte, leste e sul ucranianos
- Mas o contra-ataque da Ucrânia foi forte e, depois dos primeiros avanços, a Rússia teve dificuldade em ampliar seu domínio
- Segundo a ONU, mais de 3,6 milhões de pessoas deixaram a Ucrânia, a maioria em direção à vizinha Polônia
- Oficialmente há uma estimativa de mais de 900 mortes de civis, mas a ONU alerta que o número deve ser bem maior
Após a primeira semana, os ataques estão concentrados em três frentes:
Kiev: milhares de tropas russas se aproximaram da capital, mas não conseguiram invadir
Kharkiv: a segunda maior cidade da Ucrânia foi fortemente bombardeada e cercada
Litoral do mar Negro: onde a Rússia teve maior domínio e onde ocorreu o cerco a Mariupol, cidade que está muito destruída e sem água e energia por vários dias
Os países do ocidente responderam principalmente com sanções comerciais, estrangulando a economia da Rússia. (Veja mais abaixo)
Quais os prováveis passos da guerra nos próximos dias?
Segundo análise do Institute for the Study of War, um instituto americano especializado em estudar guerras, esses são os possíveis próximos ataques da Rússia:
- Forças russas devem tomar Mariupol em breve. Essa conquista pode liberar tropas para reforçar outras frentes de batalha
- Existem grandes chances de que alcancem Kryvyi Rih e consigam isolar Zaporizhiya, também ao sul de Kiev
- Em Kharkiv, os ataques devem continuar, principalmente focados em Izyum, mas há pouca probabilidade de as tropas avançarem sobre a cidade
- Kherson deve continuar ocupada, mas Mykolayiv e Odessa não devem enfrentar tropas russas por terra nos próximos dias
- Em Kiev, se as tropas russas conseguirem avançar mais, a artilharia terá alcance para atacar diretamente o centro da cidade
- A Rússia poderia tentar trazer Belarus para guerra, criando um possível novo eixo de avanço no oeste, mas o instituto diz que é improvável que isso aconteça
Segundo avaliação das autoridades da Ucrânia, os equipamentos da Rússia precisam de manutenção e a perda soldados é grande, com aparente dificuldade de logística do exército. Conforme as tropas não conseguem avançar, as perdas da Rússia aumentam, pois a Ucrânia mantém um forte contra-ataque.
Quais os cenários de médio e longo prazo para o conflito?
Veja abaixo três possibilidades, entre mais e menos prováveis, de desfecho para a invasão:
- Saída rápida por um acordo nas negociações diplomáticas
É uma possibilidade que parece distante, afirmam Carlos Frederico e o coronel Alexandre Moreira, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército do Brasil. “Não parece haver o ânimo necessário para um acordo diplomático nesse momento”, afirmam os dois.
- Vitória russa em algumas semanas
O cenário mais provável é que nas próximas semanas os russos conquistem seus dois principais objetivos: tomar Kiev e a costa litorânea do Mar Negro, de acordo com Ronaldo Carmona, professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra e pesquisador sênior do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
A longo prazo, a principal mudança de uma vitória russa seria um reequilíbrio mundial de forças, ele afirma.
“A recomposição da Rússia como um grande poder seria uma novidade. O bloco da Eurásia, com Rússia e China, busca um mundo mais multipolar, e o conflito na Ucrânia deve ser interpretado nesse sentido”, diz ele.
- Vitória russa mais demorada
Um outro cenário também plausível, diz ele, é de retardamento do ritmo russo em função de uma resistência dos ucranianos, que têm auxílio com armas e consultoria dos EUA e da Otan. Isso não iria alterar fundamentalmente o resultado final em relação ao cenário anterior.
Os dois consideram que mesmo com a Rússia vitoriosa no campo de batalha, as perdas do país serão significativas: "A Rússia teve mais de uma centena de bilhões de dólares congelados de contas do seu Banco Central no exterior, além de enfrentar sanções econômicas e políticas sem precedentes para um país de sua estatura".
- Envolvimento direto da Otan
Para Carmona, a chance de um erro por parte da Rússia que faça com que a Otan se envolva é muito baixa, mas, caso isso aconteça, o cenário é o de uma guerra termonuclear e “destruição mútua assegurada”, ou seja, uma guerra global que iria implicar destruições difíceis até mesmo de serem imaginadas.
Após quatro encontros entre delegações da Rússia e da Ucrânia, além de outras conversas e mediações por líderes internacionais, os termos que a Rússia pôs em pauta como exigências para o fim da guerra foram:
- A Ucrânia tem que desistir de entrar na Otan
- Desmilitarização da Ucrânia
- Reconhecimento, pela Ucrânia, da anexação da Crimeia pelos russos
- Reconhecimento da independência de Donetsk e Luhansk
Nas últimas conversas, líderes dos dois países levantaram a possibilidade de se chegar a um acordo caso a Ucrânia adote o status neutro. Em contrapartida, a Ucrânia receberia garantias internacionais de segurança.
Essa possibilidade abrange os dois primeiros pontos mencionados acima. Sobre os reconhecimentos de territórios, o assunto não foi mais comentado pelos envolvidos nas negociações.
Estrangulamento econômico
Estados Unidos, União Europeia e outros países bloquearam a Rússia de partes importantes do mercado financeiro, provocando a pior crise econômica desde a queda da União Soviética, em 1991. Entre as principais decisões estão:
- Retirada da Rússia do Swift, um sistema de operações bancárias fundamental para importações e exportações (entenda o que é o Swift)
- Bloqueio de bens de bilionários russos que apoiam Putin
- Encerramento das atividades de diversas empresas estrangeiras na Rússia como McDonald´s, Apple, Disney, Shell, Adidas, entre outras.
Segundo o FMI, os preços da energia e das matérias-primas dispararam e, quanto mais durar a guerra, mais as exportações ficarão comprometidas.
*Com informações de G1.
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