Gestores municipais e entidades médicas relataram recentemente
ao Ministério da Saúde dificuldades na aquisição de dipirona injetável para
tratamento hospitalar. De acordo com as informações prestadas ao governo, a
produção do analgésico é afetada pela falta de interesse econômico das
farmacêuticas.
No dia 03/04, a informação sobre os alertas foi publicada
pela “Folha de S. Paulo” e confirmada pelo GLOBO. Os avisos foram feitos pelo
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e por médicos.
Segundo os gestores, o insumo é importante para o atendimento
de pacientes, pois não há outra substância “100% substituível”. A demanda pelo
produto é alta e há décadas é prescrito pelos profissionais de medicina no país
para alívio de dor, febre, além de outros sintomas.
Secretário-executivo do Conasems, Mauro Junqueira diz que um
levantamento feito com cinco laboratórios brasileiros, fabricantes da dipirona,
foi enviada ao governo e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Três grandes fabricantes pararam a produção. Nos demais havia
uma alta demanda. O cenário aponta, portanto, para um risco de escassez.
"É um alerta que fizemos à Anvisa e ao Ministério da
Saúde. Não são medicamentos de compra centralizada, cuja responsabilidade seja
do governo federal. Mas seria (o caso) de regular o mercado, para que não falte
na ponta o medicamento importante, injetável. Não está faltando, mas há uma
dificuldade de produção e entrega . Então fica o alerta" disse Junqueira ao GLOBO.
Para Junqueira, seria importante Anvisa e Saúde participarem
de forma pró-ativa do processo. Além disso, seria necessário chamar a indústria
para dialogar sobre o assunto. Uma das alternativas para lidar com o problema
seria o governo incentivar a produção.
"Já tivemos o mesmo problema com a penicilina. Por não
haver interesse (econômico) pelo baixo custo. Então, é preciso que o governo
faça a sua gestão. Neste caso da penicilina, o problema foi resolvido e não
tivemos mais problema. É preciso que o governo faça a intervenção"
acrescentou.
Procurado pelo GLOBO, o Ministério da Saúde disse em nota
que, “em apoio aos gestores locais, a pasta estuda, junto à Anvisa e
representantes das indústrias, a melhor estratégia para solucionar o
desabastecimento”.
Acrescentou ainda que o financiamento do Componente Básico da
Assistência Farmacêutica (CBAF), programa para aquisição de medicamentos, como
a dipirona injetável, “é de responsabilidade da União, dos estados, municípios
e Distrito Federal”. A pasta informou ainda que “o repasse federal encontra-se
regular, cabendo aos estados e municípios a aquisição e a disponibilização dos
medicamentos à população”.
Em nota enviada à “Folha de S. Paulo”, a Anvisa reforçou a
necessidade de uma política pública específica.
“Muitas vezes, as empresas alegam desinteresse econômico em
virtude da política de preço praticado no Brasil. Assim, apontamos que é
urgente discutir o aprimoramento do atual modelo da regulação, buscando
promover o equilíbrio entre os lucros e os preços acessíveis para a sociedade”,
registrou a agência.
Comentários
Postar um comentário
Olá, agradecemos a sua mensagem. Acaso você não receba nenhuma resposta nos próximos 5 minutos, pedimos para que entre em contato conosco através do WhatsApp (19) 99153 0445. Gean Mendes...