PF cumpre mandado de busca apreensão em casa de empresários bolsonaristas - Decisão foi do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF)
A Polícia Federal cumpre oito mandados de busca e apreensão
nesta segunda-feira, 23, contra oito empresários acusados de defender, em um
grupo de Whatsapp, um golpe de Estado, em caso de vitória do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), em outubro.
A operação cumpre decisão do ministro Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal (STF) e atual presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), que também determinou bloqueio das contas bancárias dos
empresários, assim como dos perfis nas redes sociais, tomada de depoimentos e
quebra de sigilo bancário dos investigados.
As ações correm em cinco Estados: Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. E os alvos da operação incluem
oito empresários ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL), representantes de
conglomerados de empresas como Multiplan, Grupo Coco Bambu, Tecnisa, Mormaii,
Sierra e do shopping Barra World. Conheça abaixo quem são os empresários e
quais suas relações com as mensagens investigadas:
Luciano
Hang
Luciano Hang é proprietário do grupo de lojas de departamento
Havan, sendo um dos principais apoiadores do atual presidente. Catarinense, de
59 anos, e nascido em Brusque, o empresário está na lista da Forbes entre os 10
brasileiros mais ricos, com fortuna estimada em US$ 4,8 bilhões.
No grupo de mensagens, o empresário afirma jamais ter feito
declarações favoráveis ao golpe de Estado, afirmando apenas que defendeu mais
quatro anos do governo Bolsonaro.
Nas redes sociais nesta segunda, ele disse que “foi tratado
como um bandido” pelos agentes federais. “Eu nunca falei sobre golpe, minha
fala em determinado grupo de Whatsapp foi a seguinte: ‘Mais 4 anos de
Bolsonaro, mais 8 de Tarcísio e aí não terá mais espaço para esses
vagabundos'”, escreveu no Twitter, reforçando que sempre defendeu a democracia
e a liberdade de expressão. “Estou tranquilo porque não tenho nada a temer”,
acrescentou.
Ivan Wrobel
Ivan Wrobel é proprietário da W3 Engenharia, fundada em 1997,
no Rio de Janeiro. A empresa se classifica como uma construtora que “entrega
empreendimentos que proporcionam uma melhor qualidade de vida, com
sustentabilidade”.
No grupo de mensagens, ele defendeu que queria ver se o
Supremo Tribunal Federal “tem coragem de fraudar as eleições após um desfile
militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público”, em referência
aos eventos estão marcados para acontecer na capital fluminense, em 7 de
setembro.
A defesa do empresário disse a Jovem Pan, que o cenário não
mudou após atuação da Polícia Federal. “Ivan tem um histórico de vida
completamente ligado à liberdade. Em 1968 foi convidado a se retirar do IME
(Instituto Militar de Engenharia) por ser contrário ao AI5. Nada na vida dele
pode fazer crer que o posicionamento daquele momento tenha mudado”, reforçou.
José Isaac
Peres
José Isaac Peres é economista e fundador da Rede Multiplan de
shoppings centers, onde é presidente e principal acionista. O primeiro
empreendimento do empresário foi a promotora de vendas de imóveis Veplan
Imobiliária Ltda, em 1963, seguido pelo lançamento do edifício Cidade do Rio de
Janeiro, na capital fluminense, três anos depois. Outros feitos de José Isaac
incluem a construção do shopping center Ibirapuera, lançado em 1973, sendo a
primeira experiência no ramo de shoppings e que deu início à Multiplan.
A rede também é responsável pela criação do BH Shopping e do
DiamondMall, na capital mineira; BarraShopping e New York City Center, no Rio
de Janeiro; Shopping Morumbi e Shopping
Anália Franco, em São Paulo, e ParkShopping, em Brasília, respectivamente.
Outros empreendimentos incluem o RibeirãoShopping, em
Ribeirão Preto; o CascaiShopping, em Portugal; o ParkShoppingBarigüi, em
Curitiba, e o Barra Golden Green, condomínio no Rio de Janeiro. Em 2021, o
grupo Multiplan lançou o 20º shopping, o ParkJacarepaguá.
A assessoria de José Isaac Peres afirmou estar apurando o
caso.
José Koury
Também no ramo de shoppings, o empresário José Koury é
proprietário do Barra World, localizado no Rio de Janeiro. O empreendimento é
classificado como “muito além de um shopping, é o ponto de encontro da alegria,
lugar para estimular a inocência e o sorriso de adultos e crianças”.
No grupo de mensagens, José Koury disse que preferia “golpe
do que a volta do PT [Partido dos Trabalhadores]”, iniciando as conversas sobre
um golpe de Estado no Brasil, em caso de vitória de Lula nas eleições. “Um
milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o
Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, afirmou nas mensagens.
Afrânio Barreira
Filho
Engenheiro e natural do Ceará, o Afrânio Barreira Filho está
à frente do Grupo Coco Bambu, um dos maiores conglomerados de restaurantes do
Brasil. Com 64 restaurantes espalhados pelo país, o empreendimento teve início
em Fortaleza, no Ceará, com o Dom Pastel, fundado por Afrânio e Daniela
Barreira.
Em 2019, o faturamento da rede era estimado em R$ 780
milhões. Em seu site, o restaurante destaca ser o “maior e melhor” do segmento
no Brasil, com especialidade em frutos do mar. Em 2017, Afrânio Barreira Filho
foi acusado de plagiar o restaurante Camarões, ícone gastronômico de Natal, no
Rio Grande do Norte, e o empresário foi condenado a pagar uma indenização de R$
50 mil aos donos do concorrente, por copiar o cardápio, layouts de menu,
receitas e até contratar funcionários do Camarões. Na campanha do presidente
Jair Bolsonaro, em 2018, Afrânio fez uma
doação de R$ 40 mil, também sendo um apoiador do presidente quanto ao
tratamento precoce contra a Covid-19. A defesa de Barreira Filho afirma que a
operação policial é “fruto de perseguição política e denúncias falsas”, sem
qualquer fundamental.
“A operação de hoje é fruto de perseguição política e
denúncias falsas, as quais não tem nenhum fundamento. E que seu cliente,
Afrânio Barreira, está absolutamente tranquilo e colaborando com a busca da
verdade, a qual resultará rapidamente no arquivamento da investigação”, disse
Daniel Maia, advogado de Afrânio Barreira.
Marco
Aurélio Raymundo
Marco Aurélio Raymundo é médico e proprietário da Mormaii,
uma das principais rede de lojas de roupas e acessórios de surf do Brasil. A
empresa é avaliada em 1 bilhão de dólares.
No grupo de empresários, Marco Aurélio, também conhecido como
Morongo, disse que o”7 de setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército
e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está. Estratégia top e o
palco será o Rio. A cidade ícone brasileira no exterior.
Vai deixar muito claro”. A fala aconteceu após Ivan Wrobel,
da W3 Engenharia, questionar se a Suprema Corte teria “coragem de fraudar as
eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo
público”.
Em outro momento, após declarações sobre possível golpe de
Estado, Marco Aurélio disse que “golpe foi soltar o presidiário”, em referência
ao ex-presidente Lula, que golpe é o STF “agir fora da Constituição, golpe é a
velha mídia só fala merda”.
Meyer
Joseph Nigri
Meyer Joseph Nigri é empresário e fundador da Tecnisa
Engenharia, uma construtora fundada em 1977 em São Paulo, pelo então estudante
de engenharia civil da Universidade de São Paulo. “Desde sua fundação, a
Tecnisa sempre esteve à frente com inovações que marcaram época na construção
civil brasileira”, informa o site da empresa, que entrou na Bolsa de Valores do
Brasil em 2007, sendo uma empresa de capital aberto. Atualmente, Joseph Nigri é
vice-presidente do Conselho de Administração da companhia, presidida pelo seu
filho, Joseph Meyer Nigri. Em seu site, a Tecnisa Engenharia diz ser
responsável por mais de 7,3 milhões de metros quadrados de empreendimentos, com
mais de 46,5 mil unidades lançadas em todo o Brasil.
Luiz André
Tissot
O empresário Luiz André Tissot defendeu na conversa com
outros empreendedores, que um golpe de Estado no Brasil deveria ter acontecido
nos primeiros dias de 2019, início do governo Bolsonaro. “Teríamos outros 10
anos a mais”, declarou em mensagem encaminhada ao grupo de Whatsapp.
Proprietário da Sierra Móveis, André Tissot atua no ramo de
mobiliário de luxo. Fundada em 1990, em Gramado, no Rio Grande do Sul, a
empresa afirma ser “referência mundial no mercado de móveis e artigos de luxo”,
estando presente em oito países, além do Brasil, atendendo públicos exigentes
com madeira maciça extraída de forma renovável, a partir do reflorestamento.
Em 2018, Tissot foi acusado de coação eleitoral com seus funcionários,
por induzi-los a votar no então candidato à presidência da República, Jair
Bolsonaro, após enviar uma carta aos trabalhadores do grupo afirmando sua
intenção de voto e os motivos para eleger o atual presidente.
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