Corpo do Rei Pelé começa a ser velado na Vila Belmiro - Cerimônia é aberta ao público e segue até as 10h de terça-feira
O velório de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, começou às
10h (horário de Brasília) desta segunda-feira (2), em Santos (SP), no Estádio
Urbano Caldeira, a Vila Belmiro, do Santos Futebol Clube, onde o Rei do Futebol
brilhou como jogador, entre 1956 a 1974. A cerimônia segue até 10h de terça-feira
(3) e é aberta ao público.
Presente ao velório, Gabriel Arantes do Nascimento, neto de
Pelé, relembrou emocionado a visita que fez ao avô no hospital, um dia antes do
falecimento.
“Falei do amor e da admiração que sentia por ele. Muita
tristeza: é uma mistura de emoções pelo fato de um dia ter ido ver meu avô e,
logo em seguida, Deus tê-lo recolhido. É muito sentimento para administrar, mas
acredito que Deus tem um tempo determinado para tudo”, disse Gabriel.
Antes mesmo do início do funeral, centenas de pessoas já
aguardavam a abertura dos portões nas imediações da Vila Belmiro. Em varais nos
arredores do estádio, ambulantes vendiam camisas do Santos e da seleção
brasileira, com o nome "Pelé" e o número 10 às costas. A ocasião
reuniu fãs de diferentes lugares do país. O servidor público federal Ênio
Rochembach Júnior, de Porto Alegre, trouxe o filho Daniel, ambos torcedores do
Internacional, para prestarem uma última homenagem ao Rei do Futebol.
"É um momento que ele [Daniel] terá como eterno, que
para sempre se lembrará que esteve aqui com o pai. O Pelé nos deu tantos anos
de alegria, que passar um dia na estrada e mais quatro, cinco horas na fila,
não é nada. Hoje não se fala em clube. A homenagem é ao maior de todos", afirmou
Ênio, à Agência Brasil.
"Meu pai fala que o Pelé é o maior de todos e que sempre
será assim. Vi alguns lances gravados, filme, documentário sobre ele. O Pelé
foi genial, um Deus, que está acima de nós", completou Daniel, que é
estudante.
Também no velório, o presidente do Comitê Olímpico do Brasil
(COB), Paulo Wanderley Teixeira, classificou como “divisor de águas” a atuação
de Pelé à frente do Ministério do Esporte, durante o governo do presidente
Fernando Henrique Cardoso.
“Entre 1995 a 1998 [período em que Pelé foi ministro] foi
criada a Lei Pelé que abriu as portas para o esporte estar como está hoje: com
verbas oriundas das apostas da Loteria Federal, isso realmente é um divisor de
águas para o esporte olímpico brasileiro”, afirmou Teixeira.
O corpo de Pelé, falecido na última quinta-feira (29), foi
transportado do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, à Vila
Belmiro durante a madrugada, escoltado pela Polícia Militar e pelo Corpo de
Bombeiros, chegando por volta das 3h40. O caixão está no centro do gramado do
estádio onde o Atleta do Século atuou em 210 jogos e anotou 288 dos 1.091 gols
que fez com a camisa do Peixe. O acesso do público ocorre pelos portões 2 e 3
(Rua Dom Pedro), enquanto o de autoridades se dá elo portão 10 (Rua Princesa
Isabel).
A urna do caixão está aberta. Para que isso fosse possível, o
corpo foi submetido, na própria quinta (29), a um procedimento chamado
tanatopraxia, para conservá-lo com a melhor aparência possível para o funeral.
A técnica de embalsamento adotada pelo Cerimonial Mandu foi a mesma utilizada
para viabilizar o velório de Augusto Liberato, o Gugu, realizado seis dias após
o falecimento do apresentador, em novembro de 2019.
Foram erguidas duas tendas no gramado. Uma delas, onde está o
caixão de Pelé, é destinada a familiares e ídolos históricos do Santos. A outra
é voltada a autoridades e convidados. A estrutura começou a ser montada pouco
antes do Natal, após o boletim médico de 21 de dezembro informar a piora no
estado de saúde do Rei do Futebol, que teve um câncer de cólon diagnosticado em
setembro do ano passado.
Após o velório, será realizado um cortejo pelas ruas de
Santos, que passará pela Avenida Coronel Joaquim Montenegro (conhecida como
Canal 6), onde vive a mãe de Pelé, Celeste Arantes, que completou 100 anos no
último dia 20 de novembro. De lá, o corpo do camisa 10 será levado à Memorial
Necrópole Ecumênica, para sepultamento às 12h, em cerimônia restrita aos familiares.
*Agência Brasil
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