O governador afastado do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB)
afirmou em depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira (13) que o Exército
impediu que as forças de segurança do DF desmontassem o acampamento em frente
ao quartel-general de Brasília.
Segundo apurou a reportagem do jornal Estado de Minas,
Ibaneis disse que enviou equipes para o local, mas elas foram impedidas de
realizar o trabalho pelo Comando Militar do Planalto.
Ele contou à PF que havia o objetivo de desmobilizar o
acampamento até o dia 29 de dezembro, mas os bolsonaristas permaneceram no
local com o veto da operação policial para o desmonte do acampamento.
Segundo relatos de pessoas com conhecimento do depoimento,
Ibaneis soube da viagem de Anderson Torres, ex-ministro de Jair Bolsonaro e
ex-secretário de Segurança do DF, apenas no sábado (7).
O governador afastado relatou ter sido informado pelo próprio
Torres quando ligou para cobrar explicações sobre o planejamento da segurança
para os atos golpistas que ocorreriam no domingo (8).
Torres atendeu o telefone momentos após desembarcar nos
Estados Unidos, conforme os relatos. Com a ausência do secretário, Ibaneis
passou a tratar das ações de segurança com o então número 2 da pasta, o delegado
Fernando de Sousa Oliveira.
Sobre a ação no domingo, Ibaneis repetiu o que já havia dito
sobre ter sido informado de que tudo transcorria dentro da mais absoluta
normalidade.
Ibaneis afirmou ao delegado responsável pelo caso ter sido
pego de surpresa pela inação da PM e pelas imagens de policiais confraternizando
com golpistas.
De acordo com pessoas que acompanharam o relato, Ibaneis
aproveitou para rebater a tese de que a PM teria escoltado os golpistas até a
praça dos Três Poderes.
No depoimento, ele disse que a escolta é uma tática utilizada
pelos policiais para conter os manifestantes.
Ibaneis foi afastado por 90 dias do cargo por decisão do
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Na decisão, o ministro lista os motivos do afastamento. Entre
eles, a "omissão e conivência" do governador com os atos golpistas
que resultou na "ausência do necessário policiamento" da Polícia
Militar do DF, a autorização para a entrada de ônibus de manifestantes em
Brasília e a "total inércia no encerramento do acampamento criminoso na
frente do QG do Exército".
Ainda no domingo, Ibaneis gravou um vídeo para pedir
desculpas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelos atos golpistas,
disse estar monitorando a situação e que os manifestantes são "verdadeiros
vândalos, verdadeiros terroristas".
"Quero me dirigir primeiramente ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva para pedir desculpas pelo que aconteceu hoje na nossa
cidade, à presidente do STF [Rosa Weber], a meu querido amigo Arthur Lira
[presidente da Câmara], meu amigo Rodrigo Pacheco [presidente do Senado]",
disse.
Na quarta (11), a defesa de Ibaneis encaminhou um memorial ao
ministro Alexandre de Moraes e se colocou à disposição do ministro.
No documento, os advogados do governador afastado afirmam que
o plano de ações de segurança pública para o domingo (8) foi sabotado, e que
isso permitiu a invasão de golpistas às sedes dos três Poderes.
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