Quebra de sigilo de 100 anos revela que Bolsonaro gastou menos que Lula e Dilma no cartão corporativo - Mandatário que menos gastou o dinheiro do contribuinte foi Michel Temer durante sua breve passagem pela Presidência.
A Secretaria Geral da Presidência da República divulgou, na
noite de quarta-feira (11), os gastos feitos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro
com o cartão corporativo, além das despesas de seus antecessores, desde 2003.
Os dados mostram que os maiores gastos foram feitos pelo
presidente Lula, em seus dois mandatos, seguido por Dilma Rousseff, no primeiro
mandato. Bolsonaro vem na sequência.
Com valores já corrigidos pela inflação, Lula gastou cerca de
R$ 60 milhões no primeiro mandato e aproximadamente R$ 50 milhões no segundo.
Dilma Rousseff aparece na terceira posição, um total de mais de R$ 42 milhões.
Bolsonaro gastou quase R$ 33 milhões. Michel Temer usou pouco mais de R$ 15
milhões, durante sua passagem pela Presidência.
BOLSONARO
Há registro de ao menos 21 CPFs (Certidões de Pessoas
Físicas) diferentes tendo feito gastos no cartão de Bolsonaro durante o
mandato. A 1ª despesa foi realizada em 4 de janeiro de 2019 –uma compra de R$
303,78 em uma rede de supermercados em Brasília. A última, em 4 de dezembro de
2022, curiosamente, também foi feita no mesmo estabelecimento, ao custo de R$
54,66.
No caso do ex-presidente, o uso do cartão predominou em
gastos com hospedagem, que concentraram 49,5% do total. Nove das 10 maiores
despesas do cartão de Bolsonaro foram feitas em hotéis do Guarujá, que
costumava frequentar e tirar foto com apoiadores em períodos de descanso. Em um
dos estabelecimentos, o ex-presidente gastou valores próximos a R$ 1,5 milhão.
Na sequência, gastos tipificados em gêneros de alimentação concentram quase ⅕ (19,9%) das despesas de Bolsonaro. Em uma viagem que fez a Roraima, em 26 de outubro de 2021, há registro de um pagamento de R$ 109.266,00 em um restaurante de Boa Vista especializado em marmitas e frangos assados.
Há ainda gastos de R$ 714.248,41 em postos de gasolina, R$
31.440 em excesso de bagagem e R$ 1.809,94 em um pet shop entre fevereiro e
abril de 2022. Esses valores não estão reajustados pela inflação.
HOSPEDAGEM
LIDERA
O uso do cartão para gastos com alojamento foram os mais
comuns na fatura dos cartões corporativos presidenciais de 2003 até aqui –com
exceção do 1º mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 2003 a 2006, quando
aluguéis de transporte representaram 47,8% do total.
No ranking de 10 maiores gastos do cartão nos últimos 20
anos, 6 são de Bolsonaro, 1 é de Lula (2008), 2 são da ex-presidente Dilma
Rousseff (ambas em 2014, no final de seu 1º mandato) e outra é do ex-presidente
Michel Temer, em 2016. Todos são referentes a despesas de hospedagem.
Os números foram divulgados com base na Lei de Acesso à
Informação, depois de solicitados pela “Fiquem Sabendo”, uma agência de dados
públicos. O pedido de divulgação dos dados do cartão corporativo de Bolsonaro
foi feito em dezembro. Os dados podem ser acessados no site do governo federal.
O cartão corporativo foi criado em 2001, pelo ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e serve para gastos como viagens e serviços
especiais do Executivo, além de gastos em caráter sigiloso.
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