Há três anos morando no Brasil, o refugiado sírio Mohamad
Karbouthi, que atualmente trabalha como assistente administrativo em Araras
(SP), tem vivido uma semana de tensão, desde que um terremoto de magnitude 7,8
atingiu a região onde seus pais moram na Síria. A reportagem é do G1.
“Estou tentando juntar forças porque o perigo está lá ainda”,
disse.
Os dados mais atuais apontam que mais de 28 mil pessoas
morreram, vítimas dos tremores que atingiram também a Turquia e é considerado o
mais forte na região desde 1939.
Pequenos tremores ainda assombram a região que teve 3 milhões
de pessoas atingidas nos dois países. Nações do mundo todo anunciaram ajuda
como remédios, suprimentos e médicos, mas os recursos ainda não chegaram a
todos os lugares.
Alívio e
apreensão
Apesar do alívio de ter conseguido falar com seus pais,
Karbouthi vive a apreensão sobre o futuro deles. O casal, o irmão de Karbouthi
e uma sobrinha passaram dois dias morando dentro do carro, nas ruas de Alepo,
onde vivem e uma das mais atingidas pelo terremoto. Mas, resolveram voltar para
o apartamento, mesmo com a estrutura comprometida.
“Fica na rua dormindo no carro, não tem banheiro, não tem
nada, precisa de comida, estão fora da cidade, para voltar é difícil, para eles
saírem de lá precisam ir para outro país, o mais próximo é a Turquia e a
situação lá é difícil também”, justificou o jovem.
Após a notícia do terremoto, Karbouthi viveu oito horas de
aflição até conseguir falar com a mãe. “Quando eu ouvi a voz dela no áudio, eu
parei, fiquei chorando porque eu nunca ouvi voz dela desse jeito”, contou.
Os pais e o irmão de Karbouthi estavam em casa quando o
terremoto aconteceu. Eles contaram que quando saíram do apartamento que fica no
quinto andar, o cenário era de caos, dor e tristeza.
As imagens enviadas por um amigo de Karbouthi impressionam. As construções imponentes de Alepo viraram o pó (veja vídeo).
“As pessoas estão nas ruas, os parques ecológicos estão cheio
de gente dormindo no chão, sem comida, sem cobertor, está chovendo, está frio,
tem neve”, contou o refugiado.
Pelo telefone, o pai de Karbouthi, Samir, diz estar vivendo o
tempo mais difícil da vida deles, pior até que todo o período de conflitos.
A mãe, quando questionada sobre como é estar longe do filho
neste momento, oferece um silêncio emocionado como resposta.
“Ela me disse que estava com medo de morrer antes de me ver.
É o medo dela”, responde Karbouthi em nome dela.
Para o jovem sírio que há três anos fez do Brasil o seu lar,
as lágrimas que inundam os olhos representam um coração apertado de saudades da
família. Ainda assim, a força e esperança fazem parte do DNA dos Karbouthi e e
o sonho de estar junto não é abalado.
"Eu vim para o Brasil refugiado da Síria, é uma história
muito longa, passei fronteiras, fui torturado, depois me soltaram nas
florestas. Estamos pensando e nos planejando para que eles venham para o
Brasil, mas não é fácil. Fora a situação do conflito que está acontecendo que
vai complicar muitas coisas pra nós, mas vamos torcer para boas notícias e para
que boas coisas aconteçam."
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