A bronca pública de Lula nos ministros do governo - O pronunciamento de aproximadamente sete minutos foi transmitido ao vivo pela TV Brasil
O presidente Lula comanda na manhã desta terça-feira, no
Palácio do Planalto, uma reunião com 19 dos seus 37 ministros sobre a área
social do governo, que tem como objetivo fazer um balanço dos 100 dias do
governo e do que será anunciado neste marco, em 10 de abril. Na fala de
abertura do encontro, no entanto, ele deu uma bronca pública nos auxiliares e
proibiu, sem citar nenhum exemplo específico, que eles anunciem publicamente
qualquer política pública que não tenha sido acordada previamente com a Casa
Civil.
O pronunciamento de aproximadamente sete minutos foi
transmitido ao vivo pela TV Brasil. O petista disse que iria citar “alguns
casos que já aconteceram e que não podem se repetir” durante a reunião — já sem
a presença das câmeras e de jornalistas.
Lula começou sua intervenção de forma mais tranquila, dizendo
ter certeza de que mesmo “aquilo que a gente não conseguiu anunciar, a gente
vai anunciar em breve porque tá todo mundo trabalhando para criar as condições
dos anúncios que nós queremos fazer para a sociedade brasileira”. E então deu
um recado aos ministros que eventualmente serão candidatos nas próximas
eleições, tanto de 2024 e como de 2026, incluindo a sua sucessão:
“Nós não temos muito tempo para ficar pensando o que fazer,
nós temos que começar a fazer, porque um ano… um mandato é muito curto, é só
quatro anos. Eu digo sempre pra todo mundo que o mandato de quatro anos para
quem está no governo passa muito rápido. Ele demora muito pra quem tá na
oposição, mas pra quem tá no governo, o mandato é rapidíssimo. Quando menos
esperar, vocês já estão pensando em ser candidato a prefeito, a deputado, a
governador, a presidente. Vocês vão ver como passa rápido”, declarou.
O pito nos
ministros que têm “falado demais” veio nesse momento.
“Mas uma coisa que eu queria dizer pra vocês é o seguinte,
depois nós vamos discutir isso: é importante que nenhum ministro e nenhuma
ministra anuncie publicamente qualquer política pública sem ter sido acordado
com a Casa Civil, que é quem consegue fazer que a proposta seja do governo. Nós
não queremos propostas de ministros. Todas as propostas de ministros deverão
ser transformadas em propostas de governo, e só será transformada em proposta
de governo quando todo mundo souber o que é que vai ser decidido”, afirmou Lula.
Abusando da ironia, ele justificou que “toda e qualquer
posição, qualquer genialidade que alguém possa ter, é importante que antes de
anunciar faça uma reunião com a Casa Civil”.
“Para que a Casa Civil discuta com a Presidência da
República, para que a gente possa chamar o autor da genialidade, e a gente
então anunciar publicamente como se fosse uma coisa do governo, que estejam de
acordo os outros ministros, a Fazenda, o Planejamento, porque assim é que a
gente cria as condições motivadoras de todo mundo concordar com a política que
foi anunciada. Então isso é muito importante pra manter a unidade e a coesão do
governo, e nós temos muita, muita coisa para anunciar, coisa que nós já
fizemos, coisa que nós vamos fazer nova…”, complementou, citando o Bolsa
Família e suas novidades na versão lançada no início do mês.
Já ao final da fala, ele prometeu “todo o apoio” da
Presidência e da Casa Civil aos ministros, desde que combinando com os
ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento e Orçamento, Simone
Tebet, “que são as pessoas que cuidam do caixa do governo”.
“Ou seja, para que a gente não erre, para que a gente não
prometa aquilo que não pode cumprir, para que a gente faça apenas aquilo que
está dentro da nossa possibilidade. E se tiver que arriscar alguma coisa, a
gente arriscar com viés de acerto acima de uns 80%. Porque a gente também não
pode correr risco de anunciar alguma coisa que não vai acontecer. Então a minha
sugestão para que as coisas fiquem bastante corretas, coesas e harmônicas é que
ninguém anuncie nada, absolutamente nada novo sem passar pela Casa Civil”,
concluiu.
Em tempo: estão presentes na reunião os ministros Geraldo
Alckmin, Rui Costa, Fernando Haddad, Camilo Santana, Margareth Menezes, Luiz
Marinho, Carlos Lupi, Wellington Dias, Nísia Trindade, Simone Tebet, Esther
Dweck, Ana Moser, Cida Gonçalves, Anielle Franco, Silvio Almeida, Sônia
Guajajara, Márcio Macêdo, Alexandre Padilha e Paulo Pimenta.
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