As donas de redes sociais não podem ser consideradas apenas
empresas de tecnologia. Elas devem ser equiparadas, pelo menos em parte, a
companhias de comunicação ou publicidade. Foi o que afirmou nesta segunda-feira
(13/3) o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Ele participou, no Rio de Janeiro, do seminário
"Liberdade de expressão, redes sociais e democracia", organizado pelo
Centro de Inovação, Administração e Pesquisa do Judiciário da FGV Conhecimento,
em parceria com a Rede Globo e com apoio do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento
e Pesquisa (IDP).
"Não é possível que sejam consideradas empresas de
tecnologia. No mínimo são empresas mistas, de comunicação ou publicidade. Quem
mais lucrou no mundo em publicidade no ano passado foi o Google. Se a principal
atividade monetária é essa, deve se equiparar na responsabilidade a empresas de
comunicação e publicidade, ainda que com suas peculiaridades", disse
Alexandre, que também professor da Universidade de São Paulo e da Universidade
Presbiteriana Mackenzie.
O ministro apontou que as plataformas digitais devem replicar
o modelo que têm para barrar publicações sobre pedofilia, pornografia infantil
e violações de direitos autorais para posts com discurso de ódio — como
afirmações nazistas, homofóbicas e racistas — e ataques às instituições
democráticas.
Atualmente, disse Alexandre, plataformas como Google e Meta
(dona de Facebook, Instagram e WhatsApp) usam inteligência artificial para
impedir a veiculação de conteúdos ofensivos em mais de 90% dos casos. Quando há
dúvida, a publicação é submetida a uma equipe, que decide se ela deve ficar no
ar.
Para o magistrado, tal sistema deve ser estendido para casos
de discursos de ódio e antidemocráticos, pelo menos quanto ao impulsionamento,
monetização e uso de algoritmos. Esses instrumentos, conforme Alexandre,
aumentam o alcance de publicações ilegais e incentivam sua produção de propagação.
Liberdade
de expressão
Alexandre de Moraes também destacou que não é preciso mitigar
o direito à liberdade de expressão para combater fake news. Basta fazer
alterações procedimentais.
"Alguém acha que é possível a publicação de anúncios de
pedofilia no jornal O Globo? Ou de anúncio dizendo 'vamos tomar Brasília' na
Rede Globo? Não. Então por que nas redes sociais é possível? Vamos aplicar o
que é possível no Direito", declarou o ministro.
"Há uma premissa simples: o que você não pode fazer na
vida real, não pode fazer escondido, covardemente, nas redes sociais",
argumentou o magistrado.
Ele ainda afirmou que a extrema-direita mundial articulou um
plano para desacreditar a imprensa e, em seguida, o sistema eleitoral. Em
última instância, o objetivo era atacar a democracia. Isso gerou ataques a
Poderes, como nos EUA e no Brasil. E as redes sociais têm responsabilidade por
isso, avaliou.
"Notícias sem controle algum acabam convencendo parte da
população, até pela ação dos algoritmos. Se as redes sociais não sabiam que
estavam sendo instrumentalizadas, não podem mais dizer isso depois de 8 de
janeiro", ressaltou Alexandre, fazendo menção aos ataques terroristas em
Brasília.
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