Mata Atlântica tem maior número de espécies ameaçadas, diz pesquisa - IBGE avaliou 21.456 espécies de animais e plantas em todos os biomas
A Mata Atlântica é o bioma brasileiro com maior número de espécies de plantas e animais ameaçados de extinção no país. A constatação é da pesquisa Contas de Ecossistemas - Espécies Ameaçadas de Extinção no Brasil 2022, divulgada nesta quarta-feira (24), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento tem como base as listas de fauna - elaboradas
pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) - e da
flora, produzida pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), ambas
divulgadas no ano passado.
Segundo o estudo, as duas instituições avaliaram 21.456 espécies de animais e plantas em todos os biomas do país, ou seja, cerca de 12% de toda a biodiversidade brasileira. A partir daí, técnicos classificaram as espécies em situação de ameaça, que pode ser, em ordem crescente de preocupação: vulnerável (VU), em perigo (EM) e criticamente em perigo (CR).
As consideradas “com dados insuficientes (DD)”, “menos
preocupante (LC)” e “quase ameaçada (NT)” não são ameaçadas. A categoria NT é o
último passo antes de a espécie entrar na classificação VU: vulnerável.
Avaliação
A Mata Atlântica foi o bioma com maior número de espécies
avaliadas: 11.811. E também é a área com maior total de espécies ameaçadas:
2.845, ou seja, quase um quarto (24,1%). Segundo o IBGE, 43% das espécies
ameaçadas vivem na Mata Atlântica. É também o bioma com mais espécies
declaradas extintas: oito, segundo o IBGE, sendo a mais recente a
perereca-gladiadora-de-sino (Boana cymbalum).
Leonardo Bergamini, pesquisador do IBGE, explica que “isso
está relacionado com características intrínsecas ao próprio bioma, com muitas
espécies endêmicas, espécies com distribuição restrita, mas também existe um
fator que é o histórico de ocupação da Mata Atlântica, o bioma com maior
histórico de ocupação e maior perda de área nativa. E há um terceiro fator: a
maioria das instituições e centros de pesquisa está localizada nesse bioma,
então existe uma maior disponibilidade de informações sobre sua biodiversidade,
o que permite avaliar melhor o risco de extinção das espécies”.
Em seguida, aparece o cerrado que, com 7.385 espécies
avaliadas, teve 1.199 consideradas em risco (16,2% do total). Outros biomas com
mais de 10% da vida selvagem ameaçada entre aquelas espécies avaliadas são a
caatinga (3.220 ou 14,9%) e os pampas (229 ou 13,7%).
Os biomas com menor número de espécies ameaçadas entre as
avaliadas são a Amazônia (503 ou 6%) e o Pantanal (1.825 ou 4,1%).
Espécies avaliadas
O IBGE também informou que o total de espécies avaliadas em
2022 aumentou em relação à lista elaborada em 2014. As plantas passaram de 9%
do total (4.304) para 15% (7.517), enquanto os animais subiram de 10% (12.009)
para 11% (13.939).
“Isso é um bom avanço no sentido de ter um quadro mais
completo de como está a situação das espécies do Brasil e, consequentemente,
como está a condição dos ecossistemas onde elas ocorrem”, disse Bergamini.
As espécies ameaçadas recuaram tanto na flora quanto na
fauna. As espécies de planta com risco de extinção passaram de 47,4% em 2014
para 42,7% em 2022. Já os animais ameaçados caíram de 9,8% para 9% no período.
A queda, segundo o IBGE, pode ser explicada pelo aumento do
número de espécies avaliadas.
Ambientes
Em relação aos ambientes, a maior parte das espécies
analisadas tanto para fauna quanto para flora é de ambiente terrestre, indo de
65% em 2014 para 70% em 2022. As espécies de água doce passaram de 39% para 37%
e as de ambiente marinho, de 16% para 15%.
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