Copom inicia quinta reunião do ano sob expectativa de queda de juros - Taxa Selic, em 13,75% ao ano, deve ter primeiro corte em três anos
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) começa nesta terça-feira (1º), em Brasília, a quinta reunião do ano para definir a taxa básica de juros, a Selic. Por causa da forte queda da inflação nos últimos meses, o órgão deve reduzir a Selic, atualmente em 13,75% ao ano. Esse será o primeiro corte desde agosto de 2020, quando os juros tinham sido reduzidos de 2,25% para 2% ao ano.
Na última sexta-feira (28), o ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, disse que o caminho está pavimentado para a queda da Selic. Desde o
início do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também tem criticado os
juros. Em junho, ele afirmou que o atual nível da taxa Selic atrapalha os
investimentos e que não existe nenhuma justificativa para que a Selic esteja
neste momento nesse patamar.
Embora a taxa básica tenha parado de subir em agosto do ano passado, está no nível mais alto desde o início de 2017 e os efeitos de um aperto monetário são sentidos na desaceleração da economia.
Segundo a edição mais recente do boletim Focus, pesquisa
semanal com analistas de mercado, a taxa básica deverá cair 0,25 ponto
percentual, para 13,5% ao ano. A expectativa do mercado financeiro é que a
Selic encerre o ano em 12% ao ano. Nesta quarta-feira (2), ao fim do dia, o
Copom anunciará a decisão.
Inflação
Na ata da última reunião, em junho, o órgão acenou com a
possibilidade da queda dos juros em agosto. Após uma série de comunicados duros
no início do ano, em que não descartava a possibilidade de elevar a taxa Selic,
o Copom mudou de tom e admitiu a redução dos juros básicos por causa do
comportamento dos preços.
“A avaliação predominante foi de que a continuação do
processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as
expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um
processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião [em agosto]”, informou o
Copom na ata.
Com a forte desaceleração dos índices de preços nos últimos meses, as expectativas de inflação têm caído. Segundo o último boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras feita pelo BC, a estimativa de inflação para 2023 passou de 4,9% para 4,84%.
Em junho, puxado pela queda nos preços dos alimentos e dos
carros novos, o IPCA ficou negativo em 0,08%, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Essa foi a primeira deflação em nove meses. Com
o resultado, o indicador acumulou alta de 2,87% no ano e de 3,16% nos últimos
12 meses, percentual mais baixo do que os 3,94% acumulados até o mês anterior.
Taxa Selic
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos
públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e
Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia. Ela é
o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle. O
BC atua diariamente por meio de operações de mercado aberto – comprando e
vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima do
valor definido na reunião.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é
conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros
mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais
altas também podem dificultar a expansão da economia. Mas, além da Selic, os
bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos
consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.
Ao reduzir a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro,
são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das
economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No
segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as
possibilidades e definem a Selic.
Meta
Para 2023, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo
BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,25%, com intervalo de
tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite
inferior é 1,75% e o superior é 4,75%. Para 2024 e 2025, as metas são de 3%
para os dois anos, com o mesmo intervalo de tolerância. A meta para 2026 será
definida neste mês.
No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de junho
pelo Banco Central, a autoridade monetária reconhece a possibilidade de leve
estouro da meta de inflação neste ano. No documento, a estimativa é que o IPCA
atingirá 5% em 2023. O próximo relatório será divulgado no fim de setembro.
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