Desoneração traz risco de nova reforma da Previdência, diz Haddad - Ministro disse continuar a ver Pacheco como aliado
A manutenção da desoneração da folha de pagamento para 17
setores da economia e da desoneração para pequenos municípios traz o risco de
uma nova reforma da Previdência em três anos, disse nesta noite o ministro da
Fazenda, Fernando Haddad. Ele disse que o placar de 5 a 0 no Supremo Tribunal
Federal (STF) no julgamento da liminar que suspendeu a desoneração mostra a
necessidade de acordos para evitar mais prejuízos à Previdência Social.
“Estamos desde outubro tentando conversar com os [17] setores
e os municípios. O placar do Supremo deixa claro que temos de encontrar um
caminho para não prejudicar a Previdência. Ou daqui a três anos vai ter de
fazer outra reforma da Previdência, se não tiver receita. A receita da
Previdência é sagrada, para pagar os aposentados. Não dá para brincar com essa
coisa”, disse o ministro ao retornar de reunião com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
Apesar da advertência, o ministro se disse confiante em um
acordo para resolver o impasse entre os Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário. Apesar das recentes críticas do presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), ao governo por ter recorrido ao Supremo, Haddad afirmou que o
diálogo trará resultados. “Tem dado muito resultado o nosso diálogo com o
Congresso e com o Judiciário. O Pacheco segue sendo um aliado”, destacou o
ministro.
O ministro esclareceu entrevista publicada neste fim de
semana pelo jornal Folha de S.Paulo, em que cobrou o Congresso pela busca do
equilíbrio nas contas públicas. Na entrevista, Haddad disse que o Congresso
quer governar numa espécie de parlamentarismo, sem assumir as responsabilidades
pelo aumento de gastos provocados pelas pautas-bomba.
“O que eu estava dizendo na entrevista é que, como o
Congresso ganhou prerrogativas, era importante que as mesmas práticas de
respeito à lei fiscal deveriam ser de todos: Executivo, Legislativo e
Judiciário, que é o pacto que eu venho falando desde o começo do ano. Vamos
fazer um pacto para a gente acertar as contas e continuar evoluindo”, concluiu
Haddad.
Impacto
No fim do ano passado, o Congresso aprovou o projeto de lei
da desoneração que prorrogava, até 2027, a troca da contribuição previdenciária
– correspondente a 20% da folha de pagamento – por uma alíquota entre 1% e 4,5%
sobre a receita bruta de empresas de 17 setores da economia. O projeto também
cortou de 20% para 8% a alíquota das contribuições ao INSS por parte dos
municípios com até 156 mil habitantes.
A desoneração da folha de pagamento tem impacto de cerca de
R$ 9 bilhões por ano à Previdência Social. A ajuda aos pequenos municípios fará
o governo deixar de arrecadar R$ 10 bilhões por ano. O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva vetou o projeto, mas o Congresso derrubou o veto ainda em
dezembro do ano passado.
Na semana passada, com base em uma ação da Advocacia-Geral da
União), o ministro do STF Cristiano Zanin concedeu liminar suspendendo a
desoneração da folha e submeteu sua decisão ao plenário. Cinco dos 11 ministros
votaram por confirmar a suspensão, mas Luiz Fux pediu vista e interrompeu a
análise. Ele tem até 90 dias para liberar o processo.
Mais cedo, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre
Padilha, reuniu-se com Haddad no Ministério da Fazenda. Ao sair do encontro,
Padilha disse a decisão do STF cria um ambiente mais propício para um novo
meio-termo entre o governo, o Congresso e os representantes dos 17 setores e
das prefeituras.
“Combinamos com Haddad para darmos continuidade na mesa de
negociação dos municípios sobre a questão da dívida previdenciária. Já
iniciamos diálogo com as três entidades e vamos manter essa mesa de
negociação”, destacou Padilha.
Comentários
Postar um comentário
Olá, agradecemos a sua mensagem. Acaso você não receba nenhuma resposta nos próximos 5 minutos, pedimos para que entre em contato conosco através do WhatsApp (19) 99153 0445. Gean Mendes...