O que é a “partícula de Deus”, descoberta pelo Nobel de física Peter Higgs? - Higgs morreu na segunda-feira (8); o cientista previu a existência do bóson de Higgs quase 50 anos de sua comprovação
O professor e físico britânico Peter Higgs morreu na
segunda-feira (8), aos 94 anos. Higgs ganhou o Prêmio Nobel de Física em 2013
pela descoberta do bóson de Higgs, uma partícula cuja existência ele havia
previsto em 1964, quase 50 anos antes.
O bóson de Higgs ganhou o apelido nada discreto de “partícula
de Deus”, pois ajudou os cientistas a chegarem mais perto de entender como foi
a formação do universo e de todas as coisas que conhecemos.
A humanidade busca entender do que é feita a matéria há muito
tempo. Civilizações antigas já teorizavam sobre o que forma nossos corpos, os
objetos que usamos e a natureza ao nosso redor.
Enquanto as primeiras explicações recorriam a elementos
místicos, há alguns séculos a questão passou ser analisada de maneira
científica.
Na física, tudo aquilo que possui massa e volume pode ser
reduzido aos átomos, e os átomos, por sua vez, podem ser reduzidos às partículas
fundamentais — os elétrons e os quarks. E ainda existem outras classes de
partículas fundamentais, como os fótons, que formam a luz.
Na década de 1960, enquanto cientistas estudavam uma das
quatro forças fundamentais da natureza, a força nuclear fraca, eles se
depararam com um problema: a teoria matemática não admitia que as partículas
fundamentais estudadas possuíssem massa.
Se fosse considerada a massa das partículas, a teoria parava
de funcionar, pois a simetria da equação seria quebrada.
O físico Peter Higgs propôs então, em 1964, a existência de
um campo quântico inteiramente novo para explicar o problema: o campo de Higgs
que, junto às suas partículas fundamentais associadas, os bósons de Higgs,
teria sido responsável por conferir massa às partículas fundamentais que formam
o universo como conhecemos hoje.
De acordo com a teoria proposta por Higgs, quando o universo
nasceu, estava preenchido com o campo de Higgs num estado instável, mas
simétrico. Uma fração de segundo depois do Big Bang, o campo de Higgs encontrou
uma configuração estável, mas que quebrou a simetria inicial e conferiu massa
para algumas partículas fundamentais — inclusive aquelas que formam nossos
átomos e os átomos de tudo o que conhecemos, desde os planetas até um grão de
areia.
“Você e tudo ao seu redor são feitos de partículas. Mas
quando o universo começou, nenhuma partícula tinha massa; todas elas aceleravam
na velocidade da luz. Estrelas, planetas e vida só puderam surgir porque as
partículas ganharam massa a partir de um campo fundamental associado ao bóson
de Higgs. A existência deste campo gerador de massa foi confirmada em 2012,
quando a partícula bóson de Higgs foi descoberta na Cern”, diz o site da
Organização Europeia para a Investigação Nuclear, conhecida pela sigla Cern.
Apenas 50 anos após a teoria proposta por Higgs, a existência
dessa partícula pôde ser confirmada com experimentos no acelerador de
partículas Grande Colisor de Hádrons (LHC) pela Organização Europeia para a
Investigação Nuclear, no maior laboratório de física de partículas do mundo,
localizado na Suíça.
A partícula levou o nome do cientista responsável por prever
sua existência: bóson de Higgs, mas também é popularmente chamada de “partícula
de Deus”.
A descoberta foi considerada tão importante pela comunidade
científica para permitir um entendimento maior da criação do universo e da
origem das coisas que o apelido parece apropriado, mesmo que tenha sido criado
quase por acaso, pela sugestão do editor de um livro que falava do assunto.
Fonte: CNNBrasil
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