CPI aprova pedido de indiciamento da Braskem por afundamento em Maceió - Relatório do senador Rogério Carvalho foi aprovado por unanimidade
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Braskem no Senado
aprovou nesta terça-feira (21), por unanimidade, o relatório do senador Rogério
Carvalho (PT-SE), que pede o indiciamento da mineradora pelo afundamento de
cinco bairros de Maceió, o que levou 15 mil famílias a perderem seus lares.
O relatório também pede o indiciamento de 11 pessoas, sendo
oito ligadas à Braskem e três ligadas a empresas que prestaram serviços à
mineradora. A CPI ainda pede o indiciamento de quatro dessas empresas que
trabalharam para a Braskem fornecendo laudos e estudos que, de acordo com a
comissão, eram falsos ou enganosos.
“Algumas pessoas inconsequentes em busca do lucro rápido e
fácil acreditaram que poderiam escavar a terra de qualquer jeito, sem se
importar com a população que morava em cima. Mesmo diante da catástrofe do Rio
Grande do Sul, ainda há quem pense que pode agredir o meio ambiente de várias
formas sem que isso cause problemas”, enfatizou o relator na sessão desta
terça-feira.
Para Rogério Carvalho, a CPI demonstrou que a empresa cometeu
o crime de “lavra ambiciosa”, retirando mais sal-gema do que a segurança das
minas permitia. Outra conclusão da comissão foi a de que o setor da mineração
precisa de um novo modelo de governança.
“Não podemos mais aceitar que as agências reguladoras
continuem a conceder e a renovar licenças a partir de dados fornecidos pelas
mineradoras sem verificação independente. Precisamos antecipar e evitar novas
Maceios, Marianas e Brumadinhos”, alertou Rogério Carvalho, citando também as
duas cidades mineiras soterradas por barragens de mineração.
Já o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) lembrou que, durante
as investigações, a Braskem reconheceu publicamente, pela primeira vez, a culpa
pelo afundamento dos bairros em Maceió, mas acrescentou que isso não é
suficiente.
“Essas pessoas, em algum momento, poderiam ter parado,
poderiam ter observado a legislação do que se refere à segurança, não
trabalharam com transparência e tudo isso aqui ficou muito claro. Inclusive, eu
faço um apelo também para que a Polícia Federal, que há mais de cinco anos tem
um inquérito em andamento, que conclua esse inquérito”, destacou Rodrigo Cunha.
Maceió (AL) 17/12/2023 – Casas nas proximidades da mina n°18
da mineradora Braskem na lagoa de Mundaú são interditadas com os avisos
colocados pela prefeitura de Maceió e a Defesa Civil.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Casas nas proximidades da mina n°18 da mineradora Braskem na
lagoa de Mundaú são interditadas pela Defesa Civil - Foto: Joédson
Alves/Agência Brasil
Revisão dos
acordos
O relator da CPI lembrou que um dos objetivos da CPI é
contribuir para a revisão do acordo de reparação firmado entre a Braskem e os
atingidos pelos afundamentos do solo em Maceió. O relatório diz que os acordos
foram prejudiciais aos atingidos, com baixos valores de danos morais e a compra
das residências pela mineradora que, ao indenizar os moradores, ficou com a
propriedade dos imóveis.
“Creio que o Ministério Público deve reabrir e rediscutir os
termos desse acordo para ampliar a área que deve gerar o benefício, repensar o
isolamento da população da região dos Flexais, que deve repensar a questão da
indenização por danos morais. Tem coisas que precisam ser revistas e a gente
espera que isso aconteça”, destacou.
O documento de mais de 760 páginas será encaminhado para a
Polícia Federal (PF), para a Procuradoria-Geral da República (PGR), além dos
ministérios públicos e defensorias públicas federal e estadual para subsidiar
as investigações e na possível atuação das instituições no caso.
Braskem
Por meio de nota, a Braskem afirmou que sempre esteve à
disposição da CPI colaborando com todas as informações e providências
solicitadas pela comissão. "A companhia continua à disposição das
autoridades, como sempre esteve", destacou a mineradora.
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