A região das
cenas abertas de uso, que contempla os bairros Santa Cecília e Campos Elíseos,
no centro de São Paulo, teve queda de 50% nos roubos nos primeiros cinco meses
deste ano em comparação com mesmo período de 2023. O número de boletins de
ocorrências caiu de 4,1 mil para 2,1 mil.
Desde então,
só o ano de 2021 contabilizou menos casos (1,8 mil), o que pode estar
relacionado à pandemia de Covid-19 que restringiu a circulação de pessoas.
Furtos
também tiveram queda de 32,6% entre janeiro e maio deste ano, chegando a 4,7
mil ocorrências. Em 2023, no mesmo período, foram registradas 7 mil
ocorrências.
As
estratégias adotadas pelas forças de segurança têm mostrado aos infratores que
o “centro está menos atrativo para o crime”, afirma o delegado Jair Ortiz, da
1ª Delegacia Seccional, responsável pela área.
Por muitos
anos, o centro da capital manteve altos índices de criminalidade,
principalmente nas modalidades de roubo e furto, além do tráfico. Para combater
esses delitos, foi necessário um diagnóstico detalhado sobre os problemas na
região.
O delegado
faz uma analogia da situação com a Medicina: “Chegamos em um ambiente onde não
havia uma radiografia. Não tínhamos exames para entender qual era exatamente a
doença que afligia o centro. A partir do momento em que entendemos isso,
passamos a agir de forma diferente”, explica.
Durante as
investigações, a Polícia Civil passou a monitorar os criminosos que agiam na
região para identificar suas conexões. Desse modo, foi possível demonstrar e
tipificar os envolvidos em outros crimes. Se antes o suspeito era solto
rapidamente por cometer determinado furto considerado “leve” perante a lei,
agora, passa a responder, também, por associação criminosa — nos casos onde há
indícios. O delegado conta que essa mesma estratégia foi feita para combater a
“gangue da bicicleta”.
“Querendo ou
não, os criminosos que viram seus comparsas presos por mais tempo ficaram com
um certo receio. Isso serviu como um recado a eles”, afirma.
Monitoramento
detalhado
No início da
gestão, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) passou a fazer um monitoramento
detalhado dos índices criminais nos bairros que concentram as cenas abertas de
uso. O acompanhamento, aliado às estratégias e planejamento operacional das
Polícias Civil e Militar, também auxiliou na redução dos índices criminais,
aumentando a sensação de segurança da população.
Dentre as
medidas implementadas para devolver o centro à população estão o investimento
em tecnologia e sistema de inteligência, além do reforço de efetivo com mais
400 policiais militares alocados na região central. Há, ainda, 1,3 mil vagas
disponibilizadas para PMs pela Atividade Delegada.
Uso de
hospedarias na mira
Ainda
conforme o delegado, os criminosos perceberam as ações das forças de segurança
e também passaram a adotar novas formas de se manter na vida ilícita. Entre
elas está o uso de pensões e hotéis que funcionam como um depósito de drogas
para o tráfico.
“Eles vão
trazendo e levando drogas em poucas quantidades para passarem despercebidos.
Com certeza sabem que para entrarmos lá precisamos de mandados judiciais, mas
também já estamos agindo contra isso”, menciona. O delegado citou como exemplo
a Operação Downtown, deflagrada pelo Departamento Estadual de Investigações
sobre Entorpecentes contra integrantes de uma facção criminosa que usa os
estabelecimentos para lavagem de dinheiro do tráfico. Cerca de 400 policiais
civis cumpriram 140 mandados de busca e apreensão.
Segundo o
delegado, combater o tráfico também significa ir contra os casos de roubos e
furto, já que na maioria das vezes os crimes podem estar correlacionados. “É um
ciclo, infelizmente. O importante é mostrar que estamos agindo e que não vamos
deixá-los impunes.”, diz.
Nos
primeiros cinco meses do ano, mais de uma tonelada de drogas foi apreendida na
região central.
Resultados a
médio e longo prazo
Para além
das estratégias adotadas contra a criminalidade na região, a integração das
Polícias Civil e Militar com a Guarda Civil colaborou para esses resultados.
Ortiz afirma que nunca havia visto tanta união entre as forças de segurança
para um objetivo.
“Queremos que as pessoas não sintam mais receio ao vir ao centro e vamos trabalhar mais para isso. A médio e longo prazo, significa que novos pontos comerciais vão se abrir e, além do empreendedorismo, teremos vagas de emprego. O centro vai voltar a ser um ponto turístico requisitado e, como resultado, haverá um aumento da receita do estado”, conclui Ortiz
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