O ministro
Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para 1º de agosto uma
audiência de conciliação com o objetivo de garantir o cumprimento da decisão
que proibiu o chamado orçamento secreto no Congresso.
Pela
decisão, devem participar da reunião membros do governo, do Congresso e do
Tribunal de Contas da União (TCU), além de representante do Psol, partido que
questionou no Supremo o orçamento secreto.
A expressão "orçamento secreto" foi a alcunha pela qual ficaram conhecidas as emendas parlamentares do tipo RP9 que, entre 2020 e 2022, permitiram aos congressistas direcionar a aplicação de recursos públicos de forma anônima.
A decisão de
Dino se deu após manifestação da Associação Contas Abertas, Transparência
Brasil e Transparência Internacional. As entidades apontaram o descumprimento
da decisão do Supremo que considerou o modelo do orçamento secreto
inconstitucional.
Em dezembro
de 2022, a partir de ação protocolada pelo PSOL, o STF entendeu que as emendas
do orçamento secreto são inconstitucionais. Após a decisão, o Congresso
Nacional aprovou uma resolução que mudou as regras de distribuição de recursos
por emendas de relator para cumprir a determinação da Corte.
Dino indicou a gravidade de suposto descumprimento da decisão e escreveu que, até o presente momento, “não houve a comprovação cabal nos autos do pleno cumprimento dessa ordem judicial”.
Entre novas
formas de esconder os padrinhos de emendas parlamentares e de o Congresso
voltar a práticas típicas do orçamento secreto, as organizações
não-governamentais (ONGs) citaram mudanças em regras de emendas como RP2
(verbas ministeriais) e RP6 (individuais), também chamadas de “emendas PIX”.
Diante das
acusações, Dino afirmou que, como relator do tema no Supremo, tem o dever de
fazer cumprir a decisão do STF. Ele frisou que “todas as práticas
viabilizadoras do orçamento secreto devem ser definitivamente afastadas, à
vista do claro comando deste Supremo Tribunal declarando a
inconstitucionalidade do atípico instituto”.
O ministro
acrescentou que “não importa a embalagem ou o rótulo (RP 2, RP 8, “emendas
pizza” etc.). A mera mudança de nomenclatura não constitucionaliza uma prática
classificada como inconstitucional pelo STF, qual seja, a do orçamento
secreto”.
Pela decisão
do Supremo, por exemplo, qualquer destinação de recursos do Orçamento deve ser
acompanhada da publicação de “dados referentes aos serviços, obras e compras
realizadas com tais verbas públicas, assim como a identificação dos respectivos
solicitadores e beneficiários, de modo acessível, claro e fidedigno”.
Dino
determinou ainda que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Tribunal de
Contas da União (TCU) se manifestem a respeito de distorções nas chamadas
“emendas PIX”, que na visão do ministro devem ser alvo de questionamento em
nova ação no Supremo, se for o caso.
Antes da
decisão desta segunda-feira (17), Dino havia dado prazo para manifestação da
Câmara e do Senado sobre o assunto. As casas legislativas negaram
irregularidades e defenderam as atribuições do Congresso no direcionamento de
recursos públicos.
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