Polícia Federal abre inquéritos para investigar suposta ação criminosa em incêndios no interior paulista - Assunto foi discutido em reunião deste domingo (25), entre o presidente Lula, o diretor-geral da PF, Andrei Passos, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, entre outros
A Polícia Federal decidiu abrir dois inquéritos para apurar
supostas ações criminosas nos incêndios que ocorrem no interior de São Paulo. O
assunto foi discutido em reunião na tarde deste domingo (25), entre o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o diretor-geral da PF, Andrei Passos, os
ministros Marina Silva (Meio Ambiente) e Alexandre Padilha (Relações
Institucionais) e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho.
Já haviam sido abertos 29 inquéritos no Brasil para
investigar queimadas no Pantanal e na Amazônia. “As investigações são para
saber se tem uma ação intencional, no caso de São Paulo. Nos outros casos, têm
fortes suspeitas, sim, de ação intencional. São Paulo também, por isso está
sendo investigado”, disse Marina, em entrevista coletiva após a reunião, que
ocorreu no Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais
(PrevFogo) do Ibama, em Brasília.
A ministra ressaltou que a abertura dos inquéritos pela PF
tem relação também com o impacto no transporte aéreo, com a suspensão de
atividades em aeroportos por causa da fumaça. “É uma verdadeira guerra contra o
fogo e contra a criminalidade”, declarou Marina. “Em São Paulo, não é natural,
em hipótese alguma, que em poucos dias tenha tantas frentes de incêndio envolvendo
concomitantemente vários municípios”, emendou, ao classificar a situação como
“atípica”.
Segundo Marina, há suspeitas de que possa estar acontecendo
um novo “Dia do Fogo”, como ficou conhecido o episódio em que produtores rurais
da Região Norte fizeram uma ação conjunta para incendiar áreas da Amazônia, em
2019. De acordo com a ministra, a orientação de Lula na reunião extraordinária
sobre os incêndios foi para que as autoridades federais trabalhem em conjunto
com os governadores e prefeitos no combate às queimadas.
“Especificamente com relação a São Paulo, mobilizamos as
nossas 15 delegacias espalhadas no interior, a nossa superintendência regional,
coordenado pela diretoria de Amazônia Meio Ambiente em Brasília, para que a
gente possa identificar as questões que envolvem as queimadas”, disse Andrei
Passos. O diretor da PF afirmou que são necessários dois inquéritos em SP
porque há competências territoriais distintas.
Para Padilha, deve haver crime nos incêndios. “Minha avó fala
que ‘se há fumaça, há fogo’. Se ela estivesse viva, ela iria dizer ‘se tem fogo
coordenado ao mesmo tempo, de forma atípica, deve ter crime'”, afirmou o
ministro. O governo disponibilizou aeronaves das Forças Armadas para ajudar no
combate aos incêndios, mas, segundo Marina, uma delas não conseguiu decolar em
Brasília por causa da fumaça no céu. A ministra disse que a fumaça na capital
federal é resultado de queimadas no entorno da cidade e em outras regiões.
Marina também defendeu as ações do governo contra incêndios e
disse que, se o desmatamento não tivesse sido reduzido ano passado, a situação
hoje estaria pior. “O governo federal tem responsabilidade pelas áreas
federais, unidades de conservação, mas atuamos em todas as áreas, inclusive em
propriedades privadas. Diferentemente do desmatamento, você não fica com um
agente dentro da sua fazenda ou casa verificando se vai colocar fogo. Portanto,
não tem como dizer que é uma falha, porque as campanhas de conscientização,
todos os processos vêm sendo feitos”, declarou.
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