População em situação de rua soma 308 mil pessoas no país, diz estudo - CadÚnico registrava 116,7 mil indivíduos nessa condição há seis anos
Em agosto de 2024, o número de famílias em situação de rua
inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) de todo o país era de 298.071, o que
representa 308.277 pessoas em um universo de 94.587.894 indivíduos inscritos,
pertencentes a 40.811.422 famílias. Os dados foram apresentados nesta
quarta-feira (11), no lançamento da 37ª edição da série do Caderno de Estudos
desenvolvida pelo Ministério Desenvolvimento e Assistência Social, Família e
Combate à Fome.
Segundo os pesquisadores, esses números revelam um
crescimento exponencial da população de rua, que em 2018, registrou no Cadastro
Único 116.799 pessoas nessa situação. Entre as causas apontadas no Caderno de
Estudos estão a ausência de dados padronizados e consistentes para embasar a
inclusão da população em situação de rua nas políticas públicas externas, como
as econômicas e climáticas, por exemplo.
De acordo com o ministro do Desenvolvimento e Assistência
Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, o diagnóstico trazido por
essa edição da série de estudos busca exatamente tornar as políticas públicas e
intervenções mais eficazes. “A gente hoje não só está trazendo esse importante
caderno, mas também a oportunidade de que tenhamos uma atualização, a partir de
um trabalho que se iniciou em janeiro do ano passado, e que permitiu que
pudéssemos avançar a condição de ter o Plano Ruas Visíveis”, destacou.
A produção e gestão de dados é um dos eixos da política
pública citada pelo ministro, tendo sido desenvolvido pelo Grupo de Trabalho
Interinstitucional sobre a população em situação de rua, coordenado pelo
Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania e que chegou aos dez temas
propostos. Os artigos abordam desde questões conceituais, teóricas e políticas
a respeito da situação de rua, até os desafios de se dimensionar e caracterizar
essa população. Também são abordadas políticas públicas em andamento e
transversalidade com programas habitacionais e de transferência de renda, como
o Bolsa Família.
Desigualdades
Um dos pontos destacados no estudo é a heterogeneidade da
população em situação de rua no país, com mulheres, idosos, pessoas com
deficiência, crianças, adolescentes, famílias e população LGBTQIA+ expostos a
diferentes graus de vulnerabilidade. A partir do cruzamento de dados do
Cadastro Único, feitos com um recorte sobre a comparação entre as
probabilidades dessa população dormir em albergues ou nas ruas, foram
verificadas essas diferenças.
Jovens, analfabetos, negros e indígenas têm mais chance de
ser encontrados pernoitando nas ruas do que os brancos, em comparação ao que se
encontra nos albergues, por exemplo. “A rua é mais racializada do que os
albergues, ainda que em ambos a maioria da população em situação de rua seja
negra”, destaca o estudo.
Para a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé
Evaristo, esses dados trazem ao país a oportunidade de dar efetividade às
políticas que atenderão às demandas dessa população. “População em situação de
rua não é um fenômeno só do Brasil. É um fenômeno de inúmeros países, que tem
na sua raiz também as questões raciais, as disputas e os debates éticos e
étnicos que o racismo produz”, destacou.
Embora o caderno de estudos reúna muitos dados e reflexões
sobre o tema, os pesquisadores também apontam a necessidade da ampliação desses
dados, que tiveram como base uma amostra, considerando que o Cadastro Único não
alcança toda a população brasileira. “A realização de um censo nacional da
população em situação de rua e a integração de dados administrativos são passos
essenciais para garantir que as políticas públicas sejam baseadas em evidências
concretas”, conclui o estudo.
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