O DeepSeek, um aplicativo chinês de chatbot de inteligência artificial (IA) que foi lançado na semana passada, provocou caos nos mercados dos EUA por ser mais competitivo do que as tecnologias criadas pelas grandes empresas de tecnologia americanas e levantou questões sobre o futuro do domínio da IA nos Estados Unidos.
A BBC
analisou como o aplicativo funciona.
O DeepSeek
parece e se comporta como qualquer outro chatbot, embora tenda a ser
excessivamente tagarela.
Assim como o
ChatGPT da OpenAI ou o Gemini do Google, você abre o aplicativo (ou site) e faz
perguntas sobre qualquer coisa, e ele faz o possível para fornecer uma
resposta.
As respostas
são longas e o chatbot não expressa opiniões, por mais que se solicite uma.
O chatbot
geralmente começa sua resposta dizendo que o assunto em questão é
"altamente subjetivo" — seja política ("Donald Trump é um bom
presidente dos EUA?") ou refrigerantes ("o que é mais saboroso, Pepsi
ou Coca-Cola?").
O DeepSeek
não se compromete nem mesmo a dizer se é melhor do que o assistente de IA da
rival OpenAI, o ChatGPT, mas pesou os prós e os contras de ambos. O ChatGPT fez
exatamente o mesmo e até usou uma linguagem muito semelhante.
O DeepSeek
diz que foi treinado com dados até outubro de 2023 e, embora o aplicativo
pareça ter acesso a informações atuais, como a data de hoje, a versão do site
não faz isso.
Isso não é
diferente das versões anteriores do ChatGPT e provavelmente é uma tentativa
semelhante de proteção, para impedir que o chatbot espalhe informações
incorretas na web em tempo real.
O DeepSeek é
bem rápido em suas respostas, mas tem sofrido com excesso de perguntas de
usuários desde que viralizou esta semana.
Mas existe
uma área específica em que o aplicativo não se parece em nada com seus rivais
americanos: o DeepSeek se censura quando recebe perguntas sobre assuntos
proibidos na China.
Às vezes,
ele começa a dar uma resposta, que então desaparece da tela e é substituída por
"vamos falar sobre outra coisa".
Um assunto
tabu são os protestos de 1989 na Praça da Paz Celestial, que terminaram com 200
civis sendo mortos pelos militares, de acordo com o governo chinês — outras
estimativas variam de centenas a muitos milhares.
Mas o
DeepSeek não responde a nenhuma pergunta sobre isso, ou mesmo mais amplamente
sobre o que aconteceu na China naquele dia.
O ChatGPT
desenvolvido nos EUA, em comparação, não se censura em suas respostas sobre a
Praça da Paz Celestial.
Kayla
Blomquist, pesquisadora do Oxford Internet Institute e diretora do Oxford China
Policy Lab, diz que o governo chinês está "relativamente pouco
envolvido" com o aplicativo.
"Eu
diria que há uma mudança, pois vimos um anúncio de grande investimento do
governo central apenas na semana passada — então isso provavelmente sinalizará
uma mudança no futuro."
O DeepSeek
vem com as mesmas ressalvas de qualquer outro chatbot em relação à precisão e
tem a aparência e a sensação de assistentes de IA dos EUA mais estabelecidos,
já usados por milhões.
Muitos —
especialmente aqueles que não assinam serviços de primeira linha —
provavelmente notarão poucas diferenças.
Imagine um
problema matemático, no qual a resposta verdadeira tem 32 casas decimais, mas a
versão abreviada tem oito.
Não é tão
bom — mas para a maioria das pessoas, isso não importa.
Pode ser que
o aplicativo tenha conseguido cortar custos, mas sabemos que ele foi construído
pelo menos em parte sobre os ombros dos gigantes: ele usa chips Nvidia — embora
versões mais antigas e baratas — e utiliza a arquitetura Llama de código aberto
da Meta, bem como o equivalente Qwen da AliBaba.
"Acho
que isso desafia totalmente a ideia de estratégias de monetização que muitas
das principais empresas de IA dos EUA tiveram", diz Blomquist.
"Ele
está apontando para métodos potenciais de desenvolvimento de modelos que são
muito menos intensivos em computação e recursos, o que potencialmente
sinalizaria uma mudança de paradigma, embora isso não esteja confirmado e ainda
esteja para ser visto. Veremos o que acontecerá nos próximos meses."
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