Com o início do ano letivo e a volta gradual das atividades em instituições de ensino públicas e privadas, as escolas ainda aguardam o detalhamento da Lei 15.100/2025, que proibiu o uso dos celulares durante as aulas, recreio ou intervalos de todo o ensino básico, desde o dia 13 de janeiro de 2025. O Ministério da Educação (MEC) informou que vai regulamentar a lei com instruções mais detalhadas, mas, até esta segunda-feira (27), as normas não foram divulgadas.
No Distrito
Federal, por exemplo, a rede pública de ensino proíbe o uso dos equipamentos
eletrônicos apenas dentro da sala de aula, conforme a Lei Distrital 4.131/2008.
Para ampliar a proibição, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito
Federal informou que aguarda a regulamentação do MEC. “Somente após essa etapa
será possível analisar detalhadamente a nova legislação e implementar as novas
diretrizes estabelecidas pelo governo federal”, informou por meio de nota.
A volta às
aulas na rede pública de todo o país, nesta segunda-feira, tem motivado
iniciativas pelas próprias secretarias estaduais, como é caso do estado do
Pará. “A gente está fazendo uma discussão agora, neste início de ano letivo,
dos procedimentos, de como fazer para regulamentar. Para a gente também é
importante, porque a gente sabe que o Ministério da Educação está trabalhando
numa regulação, um apoio em relação à aplicabilidade, às formas, e a gente
também estará acompanhando esse trabalhando junto com o MEC”, afirmou o
secretário de Educação do Pará, Rossieli Soares.
Segundo o
secretário, esta semana, os esforços estão concentrados no acolhimento dos
estudantes da rede pública, mas, nas próximas semanas, o tema deverá ser
debatido com a comunidade escolar, para que haja uma orientação. “Não vamos ter
um informe de uma orientação única dentro do estado do Pará. Haverá uma regra
geral de não poder ter o telefone, mas a forma de funcionamento a gente vai
deixar as escolas determinarem junto com a comunidade, o formato, como por
exemplo, vai guardar na mochila, vai guardar em cima da mesa, em um lugar
exposto são eles que vão ditar”, explicou.
Na rede
particular, a aplicação das novas regras ainda gera dúvidas. Para o estudante
do ensino médio Théo Teixeira, 16 anos, as aulas este ano iniciaram-se em 13 de
janeiro, na mesma data em que a nova lei foi sancionada e, por enquanto, ele
entende que o uso do aparelho nos intervalos ainda é permitido. “Os professores
já nos avisaram que vão implantar a lei aqui na escola, mas ainda não
divulgaram como vai ser. Por enquanto a gente pode assistir à aula com o
celular guardado, sem desligar. Se usar, eles chamam a atenção, mas não tiram a
gente de sala de aula”, disse.
A gestora de
laboratório de análises clínicas Larissa Lima, mãe do estudante, avalia que a
mudança gerada pela nova lei permitirá que crianças e adolescentes estejam
totalmente dedicados ao aprendizado no ambiente escolar e, consequentemente,
tenham um melhor desempenho. “Sempre fui a favor da proibição, mas as escolas
alegavam serem impedidas de determinar a mudança sem um consenso entre os
responsáveis pelos estudantes”, lembrou.
De acordo
com Socorro Silva, secretária-geral da escola particular, em Belém, no Pará,
desde a volta às aulas, a unidade de ensino determinou que os celulares são
permitidos, mas devem permanecer desligados dentro da mochila. Esse foi o
procedimento adotado, porque parte do material didático adotado pela
instituição é eletrônico, sendo necessário, muitas vezes, o uso pedagógico da
ferramenta. “Tanto os estudantes, quanto familiares têm sido orientados dessa
forma”, disse.
A lei,
aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, muda isso, mas flexibiliza o uso de equipamentos eletrônicos para
fins pedagógicos ou didáticos, com orientação dos profissionais de educação. E
também considera exceções casos em que os aparelhos garantam acessibilidade,
inclusão, direitos fundamentais ou atendam às condições de saúde dos
estudantes.
Assim como
no DF, estados como o Ceará possuem lei estadual regulando o tema. Também há
cidades como o Rio de Janeiro, onde um decreto municipal proibiu o celular em
sala de aula desde 2023. Mas estados e municípios possuem especificidades
diferentes da lei federal.
O MEC foi
consultado sobre a data em que a regulamentação do tema deverá ser divulgada e
até o momento da publicação da matéria não houve resposta.
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